A CURA

 

Imagine a escola assolada por um vírus e que todos os adolescentes e crianças foram infectados e ficaram doentes.

 Tudo bem, a escola representa o nosso planeta, mas e o vírus? O que o vírus representa?

Representa a ignorância, a falta de vontade de aprender ou um sistema educacional que falha em diminuir as quantidades de aulas e horas das disciplinas mais importantes para o desenvolvimento de um cidadão que são os casos de Língua Portuguesa e Matemática.

Sabemos que os infectados simbolizam a civilização, (os adolescentes e crianças), mas o que isso significa dentro de nossa sociedade?

A apatia e o desprezo pelo conhecimento, ou, talvez, o “populacho” sem vontade de criticar, pensar e lutar por um futuro melhor...

Pois é mais fácil seguir um “mundaréu” de gente que caminha lentamente e, ao mesmo tempo, inerte à procura da sobrevivência.

Alguns ainda estão lutando para deter, ou, curar os infectados, mas, mesmo assim, há baixas neste grupo que ainda luta.

 

Com certeza estes simbolizam nós, os professores que estão cansados, mas não desistem... mesmo muito cansados dos ataques...  muitos acabam morrendo, ou, pior, viram mortos-vivos que trabalham sem expectativas, ou, perspectivas de melhoras tanto no sistema quanto em relação às condições de trabalho.

E a cura para este vírus qual seria?

As escolas integrais? Projetos de vida?

Eletivas? Itinerários formativos?

Ou seria mais aulas de matemática, língua portuguesa, história, química, física, filosofia, entre outras tantas disciplinas que formam um cidadão crítico e ativo em nossa sociedade?

Pensem um pouco e respondam a si mesmos... para tirarmos nossos jovens da inércia qual seria a cura?

TCMA

 

AS CONOTAÇÕES QUE A VIDA DÁ...

 

Uma professora muito paciente ensinava aos seus alunos os conceitos de denotação e conotação, pois precisava aprofundar os estudos dos alunos do 9º ano em relação aos conteúdos de figuras de linguagem.

Sem muito êxito começou a indagar os alunos sobre as questões da vida e como “traduziria- as” para a forma conotativa ou figurativa.

_ João! __ chamou a professora__ O que mais gosta de fazer?

__ Eu, professora? Nada. Só gosto de ficar em casa o dia inteiro fazendo nada.

__ Bem, mas já é algo. Tente mudar esta oração, ou, esta sua resposta, ou seja, tudo o que me disse de forma conotativa.

__ Ichi! Espere um pouco, deixe eu pensar, professora...

__ Tudo bem, eu espero.

__ Boiando. Sentado vendo a vida passar como paisagens na TV.

__ Olha! Muito bom! Boiando é gíria e, também, uma metáfora “fazer nada”, pois tirou o sentido original de “boiar” para colocar um novo significado. A vida não é uma pessoa para “passar por aí”, então, você acabou usando uma personificação, ou seja, a vida ganhou uma característica humana e, por último, com a preposição “como” fez uma comparação entre a vida e as paisagens na TV.

A professora olhou com admiração para Joãozinho, pois ele anotava tudo o que ela ensinava e via no aluno o semblante dos sábios que captam os segredos.... os mistérios da vida.

 

__ Muito bom mesmo! Nota dez! __ contemplou a sala procurando o seu próximo interlocutor __ Daniel, diga-me, o que gosta de fazer e em seguida tente mudar sua oração para a forma conotativa (figurativa).

Um olhar frio e insolente. Parecia que não iria responder à professora, mas para a surpresa da profissional da educação, ele respondeu:

__ Esta aula é ridícula, nunca usarei isso na vida e não perca seu tempo tentando ensinar algo que não faz sentido.

__ Nossa! Você está inspirado! Agora sim que duvido de sua competência para organizar sua oração, ou seja, a sua fala para a forma conotativa.

__ Deusa da sabedoria! Este é um circo de horrores, pois morrerei se não mirar no rato e acertar no gato? Não vou gastar o meu tempo e nem o seu para fazer uma transfusão de conhecimentos. Não há fio da meada em tudo isso.

Horrorizada, sem palavras, a professora constatou que o aluno rebelde entendera o sentido conotativo: ironia e perífrase (deusa da sabedoria= professora); metáforas (circo de horrores; mirar no rato e acertar no gato; fio da meada; gastar tempo); personificação (transfusão de conhecimentos); hipérbole (morrerei se...). Sem contar que existe uma elipse de termo (não vou gastar o meu tempo __ e nem o seu (tempo) )

Ouvindo a explicação da professora, sobre os termos, o aluno sentiu- se desarmado em sua indiferença e arrogância, já percebendo que mesmo não conhecendo termos técnicos, ou, no caso, as classes gramaticais das palavras... uma hora ou outra, em determinadas circunstâncias, sempre, usaremos aquilo que alguém nos ensinou.

TCMA