UMA ESCOLHA MAIS QUE SENSATA E NÃO MERAMENTE DEMOCRÁTICA: um olhar sobre a insensatez dos indivíduos

Texto produzido e divulgado em Santa Maria do Uruará, Prainha Pará em 2022.

Por: Sydney Pinto dos Santos[1]

Às vezes pensamos qual dos valores mais expressam a vontade do ser humano, aquele ser único e atemporal. Bem, devemos pensar em duas qualidades: a sensatez, onde o bom senso é preponderante, e, a democracia, onde esta deve estar na livre escolha, imparcial e sem muitas objeções.

Pois bem, no ano de 2020, devido a pandemia do COVID – 19, tive a felicidade, como funcionário público, de bater em minha “porta” cinco pessoas, de famílias diferentes e moradoras do mesmo lugar; porém, atingida pelo processo do “fica em casa”, sem comida, sem salário, e sem fontes para pagar suas pequenas despesas.

Assim, neste contexto, se encontravam: uma dona de casa, a qual por muitas vezes já atinha ajudado. Porém, as coisas tinham piorado por causa de ter sido mandada ir embora do seu trabalho, devido o período pandêmico e consequentemente ao isolamento social. Ela com o mesmo discurso, sempre dizendo que “passava por grandes dificuldades, pois sem marido, além de cuidar de alguns marmanjos que por lá estavam (filhos), tinha que ajudar na cria de netos.

Outro personagem da vida, uma cidadã, muito gentil, estudada, precisava de um “emprego, para suprir seus caprichos, e também para compra de materiais de higiene e outras coisas como: cabelo, unha, limpeza dos cabelos e outras. E que poderia trabalhar na casa fazendo faxina por meio período.

O próximo ator, se tratava de um capinador de terrenos, que com sua diária de 60 reais, ou mesmo por limpeza que variava de 100 a 120 reais, dava para comprar seu gás no mês, já que o mesmo não prestava serviços somente para mim.

Tinha, no conjunto, um mototáxi, o qual prestava serviços fazendo compras para a casa, levando algum recando pessoalmente ao destinatário ou pagando contas e outros serviços. Sendo que não era serviço exclusivo prestado, já que tinha plena liberdade de atender seus outros clientes.

E por fim a lavadora de roupa, que todos os finais de semana vinha buscar as roupas ou peças que tinham para ser levadas, já que não se tratava apenas de roupa de uso diário ou aquelas usadas para alguma ocasião, já que neste meio estavam as roupas de cama.

No entanto, com a paralisação das aulas, e assim ficando no isolamento em casa, e raras vezes saindo, procurei fazer algo útil e construtivo, enquanto o trabalho não me “chamava” presencialmente. Então, procurei fazer uma pós-graduação de 24 meses ou 2 anos, em determinada área afim, e que fosse fomentada de forma EAD. Assim, gastava meu tempo com algo que iria acrescentar aos meus conhecimentos e assim, somar ao meu trabalho. Ainda, valorizando os investidores desta forma de ensino, já que as mensalidades minhas, assim como de outros acadêmicos, não iriam permitir o esgotamento de recursos financeiros desta empresa de serviços educacionais. E sobreviver a este período tão obscuro e atípico.

Então, passou-se o ano de 2020 e lá se foi também o ano de 2021, onde empresas tiveram que fechar suas portas, pelo fato que muitas não ofereciam “serviços essenciais”, mas tinham que manter os funcionários na folha de pagamento: uma afronta a qualquer empreendedor; não ter vendas, ter contas a pagar, e suprir seus funcionários, ainda pagar impostos caríssimos.

Eu claro, precisava, então, no início de 2022, saber realmente para onde estava indo meus “recursos”, e isto eu teria que saber, através de uma maneira sensível, habilidosa e ardilosa de descobrir. Foi quando fiz uma simples pergunta: “E então em nossas preferencias, qual dos candidatos preenche os requisitos para que continuemos como um país forte e no sentido de construirmos uma pátria fortalecida pós-pandemia?”. Eis que me surgem as respostas das pessoas as quais a mim “estavam vinculadas”. A senhora, a qual recebia todo mês uma sexta básica, sem nada dar em troca, respondeu-me que o candidato da esquerda era o melhor para o país; e assim também, foi a resposta da secretária, que em uma do dia  fazia todo o serviço e as outras que sobravam, ficava no celular (nas mídias sociais); foi também a do capinador de terrenos e da lavadora de roupas; diferentemente das respostas anteriores, veio a do mototáxi, que num curto e sem rodeios palavreados, afirmou: “vou com o qual o senhor escolher ou escolheu, pois sei que nada devo a eles, mas de uma certa forma, você não me deixou neste período tão difícil, nem eu e nem minha família passar fome”.

Desta forma, e finalizando o episódio que meio hipotético e outra parte extremamente realista, definiu o futuro dos meus “considerados”: a senhora, deixou de ser ajudada, pois eu argumentei que na vida sem esforços, os mais fracos saem perdendo. A secretária que mais se “badalava” na internet e dormia, ficou sem estas regalias e o próprio trabalho; o capinador, deve ter integrado, depois de dispensado seus serviços, a Via Campesina ou o MST; a lavadora de roupas, está procurando pessoas que comunguem com suas ideias e assim prestar serviços à sua forma; e o mototáxi, continua firme e forte, no sol e na chuva, acordando cedo e dormindo tarde; porque ele sabe que nem tudo Deus deve nos dar, e sim, que Ele nos permite dar condições favoráveis e construtivas, para que possamos alcançar com nossa própria força, atitude e determinação os objetivos traçados e almejados nesta vida.

 

“O bom senso em situações complicadas vale muito mais, do que abraçar uma causa pela democracia e sem resultados palpáveis”. (Prof. Sydney Pinto dos Santos) 

[1] Professor da Rede Pública de Ensino de Prainha Pará desde 1998. Mestrando em Educação com Especialização em Educação Superior pela UNINI/FUNIBER