Não quero parecer um filósofo ou algum tipo de influenciador desses chamados digitais, porém, o que eu vou escrever agora, refere-se a diversas observações cotidianas que eu tenho feito nesses últimos tempos.

Tenho plena consciência que o mundo ao meu redor mudou e com ele eu também mudei, com toda certeza. A expectativa minha, e talvez, de todo o mundo, é que seja uma mudança para melhor em todos os aspectos da vida do ser humano. A Ciência, a Tecnologia a Educação, a Comunicação e a Informação, mudaram, cresceram, aumentaram exponencialmente e se aprimoraram e continuam se aprimorando cada vez mais.

                    Lembro de um fato corriqueiro acontecido em minha infância e juventude. Morávamos em Belém. Minha mãe para se comunicar com algum parente dela que morava no Rio de Janeiro ou em Manaus, ou em Maués, Amazonas, precisava sair de casa - íamos todos - até a agência da Companhia Telefônica da época. Dava o número destino e aguardava a sua vez de se comunicar. Isso durou muito tempo aqui em Belém. Nós morávamos no bairro da Cidade Velha e íamos até a Avenida Presidente Vargas, Centro de Belém, alguns quilômetros de distância, à pé, tranquilos e alegres.

                     Em tempos recentes, a tecnologia do telefone celular invadiu o mundo. Quase que em todos os lugares que estejamos, podemos com alguns suaves toques das pontas dos dedos, nos conectamos, conversamos "ao vivo e à cores" - como se dizia, vendo, ouvindo e até gravando… A tecnologia da rede se espalhou. Foram criadas diversas “redes sociais”. Parece que o universo todo, de repente, cabia na palma da mão.

                      Porém, observo desgraçadamente, que alguns – ou muitos – esqueceram da essência humana. Tenho visto vídeos pessoais que tornam-se alvo de matérias de telejornais e são difundidos para o mundo inteiro. Um deles, que me chamou a atenção, é de um ser humano filmando uma briga de outros dois seres humanos, que se engalfinham, caem e um deles aplica um golpe de “mata leão” e o outro apaga… O filmador continua até que outros seres humanos chegam, mas o que recebeu o golpe decisivo de MMA já era… Este é apenas um exemplo por mim visto. Certamente existirão muitos outros.

                        No reino animal indivíduos de uma mesma espécie, defendem do predador e até de situações ambientais desfavoráveis seus semelhantes que estão em apuros. Entre os Homo sapiens – que tem o significado de homem sábio – parece que esta característica comportamental está se perdendo. Mais vale um minuto de fama do que tentar salvar o seu semelhante.

                          A praça estava cheia de pessoas. Era início de noite, sem chuva e ambiente muito agradável e bucólico. Ao redor do coreto, um monte de cadeiras dispostas em círculo. Sentadas sobre elas, crianças, jovens, adultos e idosos, a maioria delas, com a cara virada para um objeto que seguravam em uma das mãos, um celular, quase hipnotizadas pela sua tela brilhante. Raramente levantavam o rosto para ver a paisagem ou para falar com o ser humano ao lado sentado ou que caminhavam pelas calçadas públicas ao seu redor.

                           Reconheço a estupenda importância dessa tecnologia para a evolução humana e para o mundo todo. Contudo, resumo nessas situações corriqueiras acima descritas, uma triste sensação e constatação pessoal: Eu não pertenço à este mundo. Ou mudando apenas a forma da expressão: Este mundo não me pertence!