Bombas sendo disparadas pelos russos contra hospitais, escolas, residências e infraestruturas da Ucrânia continuam gerando em todo o mundo um sentimento de repulsa contra o ditador Vlademir Putin, um sanguinário ex-membro da KGB, que deve se contorcer de prazer quando mais uma criança, uma mãe ou qualquer civil são mortos pelas suas armas. Não satisfeito, ainda manda sepultar em vala comum os cadáveres para fugir de eventuais acusações de crimes de guerra.

Chamar a guerra da Rússia contra a Ucrânia de desumana, não a qualifica, porque todas as guerras o são, mas ela tem um conteúdo imoral, pois desrespeita todos os tratados políticos multilaterais do mundo civilizado. Invadir um país soberano, reconhecido pela ONU e por todas as demais nações, inclusive a própria Rússia, fere mortalmente os princípios de soberania e autodeterminação dos povos.

O Brasil, sob o governo Bolsonaro, esteve em Moscou em visita oficial, mostrando sua face reacionária, desejando sucesso na empreitada de Putin sob o pretexto de preservar o fornecimento de fertilizantes para o Brasil. Mas nada, nada, justifica a sanha conquistadora de um governante fascista e totalitário, que tem como meta recompor o antigo Império Tzarista. O próprio pai da revolução russa, Vlademir Lenin, que reconheceu a independência da Ucrânia e que foi mantida durante e após o cruel regime stalinista. A pretexto de apoiar governos autoritários considerados de esquerda, o governo brasileiro faz ouvidos de mercador, tolerando seus absurdos. Entretanto, longe disso, Putin está mais perto de Bolsonaro do que qualquer outro líder.

Na visita que o chancelar da Alemanha Olaf Scholz que aqui esteve para demonstrar a solidariedade ao novo presidente eleito contra as ameaças golpistas, deixou claro que toda a Europa considerava a invasão da Ucrânia pela Rússia, como uma séria ameaça ao mundo democrático. Apesar das reticências do novo governo brasileiro em relação ao confronto entre um país invadido se defendendo contra um invasor, ainda foi generoso ao destinar 100 milhões de dólares a fundo perdido para a causa amazônica.

Lula em resposta, que me pareceu cínica, disse condenar a invasão, mas ao mesmo tempo declarou que quando um não quer dois não brigam. Como cara pálida? O nosso dito popular não se aplica quando um poderoso agressor se impõe sobre um mais fraco que não faz outra coisa a não se defender. Qual seria a alternativa de Zelensky para as ameaças de invasão? Se submeter, abrindo mão de sua soberania e esquecer o seu compromisso como chefe de estado de uma nação livre ou resistir até o último homem ou a última mulher?

Os países europeus além de apoiar politicamente a Ucrânia, juntamente com os Estados Unidos, ainda enviam armas defensivas, pois temem o “grande e poderoso urso das estepes”, detentor de poderosas armas nucleares, que só não as utiliza contra a frágil nação invadida por receio de desencadear uma guerra de grandes proporções. E assim, vamos completar quase um ano de uma guerra insana, absurda que está destruindo um país e seu povo. E todas as pessoas de bom senso se perguntam: “O que fará a Rússia com os destroços de uma bela nação com uma longa história, uma cultura formidável e que de fato, deu origem à própria Rússia? °

Lula se encontrará com Biden na próxima semana, que tentará mais uma vez, convencê-lo da importância do mundo ocidental de unir contra os propósitos autoritários de Putin, que se insere num contexto mundial de ataques contra as democracia, da qual também foi vítima sob o governo de Donald Trump. Biden pedirá a solidariedade a Lula, pois ele como outros chefes de estado, se colocaram ao seu lado contra os movimentos golpistas de extrema direita brasileira. Sempre é bom lembrar que em 1964, os EUA estavam em lado oposto e apoiaram imediatamente o golpe de estado engendrado pelos militares no Brasil, mas o mundo hoje é outro. A história não para.

Espera-se que o PT e Lula, rompam com essa concepção geopolítica do século XIX, dos tempos da Guerra Fria, que contraria todos os princípios estabelecidos em nossa constituição sobre a autodeterminação dos povos e assuma uma postura moral pela paz, mas condenando abertamente Putin e projeto de hegemonia ditatorial e fascista. Quando visitar a China, deve fazer o mesmo, considerando que somos grandes parceiros comerciais e sua voz poderá encontrar algum eco no gigante asiático.