Stephanie Correa Serejo[1]                                                                                         Viviane Vitória Santos Zeitouni[2]

Sumário: Introdução; 2 Processo de massificação; 3 Relação professor-aluno; 4 Necessidades e objetivos dos estudantes na Universidade; 5 Estratégias de mudança; Considerações finais.

RESUMO

Realiza-se um estudo sobre os estudantes no ensino superior analisando seus interesses em suas áreas de conhecimento, suas expectativas na instituição e suas necessidades. Citando a sua participação na renovação do ensino superior e busca de um equilíbrio entre formação e educação diante da crise na universidade. Ressalva-se, por fim, estratégias de mudanças para melhor engajamento do estudante no meio acadêmico.

PALAVRAS-CHAVE

Estudante. Ensino Superior. Educação. Qualidade

 

 

"O importante da educação não é apenas formar um mercado                    de trabalho, mas formar uma nação, com gente capaz de pensar.” ³
                                                                      José Arthur Giannotti

 

INTRODUÇÃO

           

A abordagem que pretende enquadrar este paper parte da ideia que o ensino superior esteja vivendo uma crise, buscando o ponto de vista dos estudantes sobre a mudança do ensino superior no Brasil. Exatamente porque os estudantes são os protagonistas do desenvolvimento futuro da sociedade no seu conjunto.

Segundo a UNESCO os debates estudantis centraram-se em três simples questões: por que os jovens entram no ensino superior, o que eles aprendem e como esse saber é adquirido. Surge, então, uma necessidade de encontrar um equilíbrio correto entre educação e formação (UNESCO, 1999).

Os estudantes estão conscientes dos problemas que afligem a comunidade acadêmica. Com isso, compreendem a defasagem existente e a dificuldade de encontrar soluções. Mas, consideram a necessidade de que seja elaborada uma nova visão de ensino, que deveria estabelecer novos conteúdos e métodos para produzir os recursos humanos qualificados.

    

 

2 PROCESSO DE MASSIFICAÇÃO

O Ensino Superior contemporâneo se encontra numa profunda crise e este problema se deixa refletir na sociedade. São diversos fatores que levaram à essa crise, entre os principais estão: a má qualidade, a busca por cursos que tem um vasto espaço no mercado de trabalho, a falta de estrutura física nas universidades e a concentração cada vez maior de estudantes em determinados cursos.

O processo de massificação refere-se não apenas ao número de estudantes, já que outros segmentos da universidade são modificados pela elevada quantidade de alunos em sala de aula. O exemplo disso está: a universidade que acaba necessitando de mais professores e contratando-os de modo precipitado ou até contratar professores que não tenham condições ideais (estagiários, monitores, professores contratados sem experiência docente nem preparação pedagógica) e a dificuldade de atender às necessidades específicas de cada aluno (ZABALZA, 2004).

É nesse contexto que se verifica um grande problema nas universidades públicas, na qual as autoridades pensam nesta em termos de massificação e não analisando a alteração do ensino atualmente (GARCIA, 2009).

Portanto, a massificação torna-se um empecilho para se produzir inovações. Em caso de universidades que possuem um grande número de alunos, os professores e a instituição acabam por renunciar ao ensino de qualidade.

Em consequência os estudantes, os mais atingidos com essa situação, perdem a motivação pessoal para estudar e os professores não se esforçam para passar um ensino de qualidade. Assim, havendo um grande desinteresse na universidade, logo gerando profissionais más qualificados.

 

 

3 RELAÇÃO DE PROFESSOR-ALUNO

 

Temos uma Universidade onde a relação “professor-aluno” se pauta pela distância. Toda a vida em sala de aula é constituída por relações interpessoais. O professor explica, pergunta, responde, informa, repreende, elogia e critica. Da mesma forma, os estudantes comunicam-se com o professor e com os colegas em muitos momentos; perguntam, respondem e reclamam (GIL, 2007).

Aqui, as queixas vêm de diferentes direções: alunos insatisfeitos com o ensino que lhes é ministrado – de má qualidade, desintegrado, distante da realidade etc. – e professores desestimulados em atuar junto à clientela que lhe aparece cada vez pior em termos de aptidão para a aprendizagem – “não sabem pensar”, “não têm informações básicas”, “massificados pelos Cursinhos” etc. (GIL, 2007).

Os professores queixam-se da imaturidade psicológica intelectual do aluno que chega à universidade, a insegurança emotiva e o comportamento esquivo ou desmedidamente agressivo (MACHADO, 1980). E reconhecem que tudo isso é fator decisivo na explicação das elevadas taxas de abandono, de baixa frequência às aulas e do insucesso acadêmico dos estudantes (ALMEIDA, 2002).

Por sua vez, professores encorajadores que apresentam relevância das matérias, que as procuram tornarem interessantes ou que fazem apelo aos interesses dos alunos, conseguem no final ter alunos mais implicados e com melhores aprendizados (ALMEIDA, 2002). Embora aconteça:

[...] um conflito claro quando a formação de professores esbarra na realidade concreta de sala de aula. Fala-se em formar alunos com visão crítica, mas a muitos professores falta uma visão ampliada da realidade. Fala-se em formar alunos pensantes, quando há docentes que não conseguem desenvolver habilidades de raciocínio ou flexibilidade de pensamento. (HARTT, 2008, p.25)

Os estudantes não trazem para a sala de aula apenas a motivação para aprender. O ensino universitário também oferece oportunidades para satisfazer às necessidades de domínio e para enfrentar e superar com sucesso os desafios. Para muitos estudantes, o que mais interessa é ser melhor que seus colegas na competição; por isso, lutam para obtenção de notas altas e honrarias acadêmicas (GIL, 2007).

Mais do que qualquer outra coisa, a boa educação se traduz por meio de docentes cujo conhecimento possa servir como elemento de sedução dos estudantes (CALLIGARIS, 2008)

Logo, necessita-se da educação para responder às novas necessidades que vêm sendo criadas. Se há pouco tempo era relativamente fácil delinearem-se os objetivos da educação para um futuro não tão imediato; hoje estamos às voltas com o problema de termos que formar pessoas para um mundo que não sabemos como será.

4 NECESSIDADES E OBJETIVOS DOS ESTUDANTES NA UNIVERSIDADE

 

O estudante, ao ingressar na universidade e ao longo de todo o seu período na vida acadêmica possui expectativas quanto as suas necessidades e ao que está empenhado em realizar.

Nesse contexto, podem-se explicitar diversos fatores quanto ao que o estudante espera alcançar na universidade. Um ensino de boa de qualidade; professores capacitados e com boa didática de ensino; o aluno ter a capacidade em não estar somente preso às aulas e sim, que ele possa aplicar seus conhecimentos em situações concretas; o engajamento no processo de desenvolvimento social; é preciso que haja o debate social e a crítica, buscar o saber e principalmente ter espaço para questionar e levantar dúvidas sobre o conhecimento dado, possuir um ensino para que os jovens possam compreender melhor o mundo e graças a essa educação ter meios para contribuir para a vida da sociedade; e vale enfatizar a questão da democratização do ensino, o estudante necessita ser tratado com igualdade e todos devem ter espaço para participar nas decisões na universidade (UNESCO, 199).

Ainda, conforma a UNESCO:

É importante que haja o ponto de vista dos estudantes sobre as futuras orientações do ensino superior e seu potencial enquanto força positiva de mudança. Esse deve ser um objetivo prioritário, que permitirá, por meio de estratégias eficazes, reforçar a participação dos estudantes no processo de renovação do ensino. (UNESCO, 1999, P.471).

                   Portanto, fica claro que os jovens estudantes esperam que a universidade ofereça um espaço que propicie a evolução do estudante como um ser autônomo e responsável por seus atos. E nesse sentido, criar órgãos de assistência estudantil que seja assim, um espaço de discussão e orientação acerca das relações educacionais, as quais abarcam, principalmente, a relação do estudante com o seu desenvolvimento profissional.

Vale ressaltar que a relação entre as Instituições de Ensino Superior (IES) e os estudantes tem mudado. Ir ao encontro das necessidades dos estudantes tornou-se tarefa mais complexa e que cai dentro do âmbito gestão institucional e planejamento estratégico. A população estudantil dos nossos dias quer convivência e um bom retorno do dinheiro investido, isto no caso do ensino privado. Por outro lado, os estudantes tornaram-se clientes pelos quais as IES têm de competir. A massificação e marketização do ensino superior criaram um ambiente competitivo que merece uma atenção nunca antes dada pelas IES. As instituições precisam ter uma compreensão clara de sua “clientela”, o que ela quer, quais são as expectativas e como ela vê o que obteve (MACHADO; SÁ; MAGALHÃES, 2008).

Precisa-se de uma mobilização no sistema no sentido de serem feitos esforços proativos que melhorem a satisfação dos estudantes e muito mais importantes o sucesso dos estudantes (MACHADO; SÁ; MAGALHÃES, 2008).

5 ESTRATÉGIAS DE MUDANÇA

           

Para que haja um reforço na participação dos estudantes na renovação do ensino superior é necessário estratégias de mudança em relação a uma busca de maior qualidade e perseverança.

Questões devem ser debatidas e examinadas pelos próprios interessados: os profissionais aptos e os estudantes que serão os profissionais do amanhã. Com esse debate e uma ação conjunta a renovação do ensino superior estará unida à qualidade e à perseverança.

De acordo com a UNESCO entre as estratégias indispensáveis à renovação de certas ferramentas educativas essenciais constituem: a oferta permanente de programas de estudo, o ensino interativo, os conselhos de orientação profissional, o diálogo com os empregadores e as possibilidades de vincular estudos e experiências de trabalho, os contatos com diferentes culturas em outras instituições, a formação inicial e a oferta apropriada da educação ao longo de toda vida (UNESCO, 1999).

Devem ser tomadas providências adequadas para pesquisar, atualizar e melhorar as habilidades pedagógicas, por meio de programas apropriados de desenvolvimento pessoal, estimulando a inovação constante dos currículos e dos métodos de ensino e aprendizagem, que assegurem as condições profissionais e financeiras apropriadas ao futuro profissional (UNESCO, 1999).

Assim, a universidade irá gerar um perfil de um profissional com responsabilidades que irão dar apoio para que utilize o seu conhecimento no contexto social. E além do mais gerar profissionais criativos, com capacidade de estabelecer relacionamentos, com persuasão, com aptidão para direção e coordenação e com senso de negócio em um grau suficiente.

           

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A universidade deve ter como objetivo procurar desenvolver um ambiente formativo centrado mais na aprendizagem do que no ensino e mais no desenvolvimento de talentos individuais do que em uma educação de massas. A realização dessa estratégia exigirá um envolvimento ativo dos estudantes no processo de aprendizagem, assim como o desenvolvimento de novos métodos de ensino baseado em projetos.

A comunidade estudantil deve ter uma sólida parceria com membros de outros setores no ensino superior. Assim, será garantido o respeito aos interesses de todos os parceiros envolvidos. Dessa forma, o desejo dos estudantes de partilhar conhecimentos, recursos e valores poderão ser claramente expressos e também terão a possibilidade de ser encontrado meios eficazes para sua concretização. (UNESCO)

Constata-se que com a implementação simultânea das estratégias citadas neste paper, o ensino superior estaria verdadeiramente apto a responder os desafios sócio-culturais e econômicos.

 

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Leandro. Ensino dos professores e a aprendizagem dos alunos: permeabilidade de posturas e métodos. In: TAVARES, José. Pedagogia universitária e sucesso acadêmico: contributos das jornadas realizadas na Universidade de Aveiro. Aveiro: Universidade, 2002. cap.5, p.59-62.

BALZAN, C. Newton e SOBRINHO, D. José. Avaliação Institucional: teoria e experiências. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2005.

CALLIGARIS, Contardo. O professor faz a diferença. Revista educação. São Paulo, Ano11, n.132, p.6-8, abr. 2008.

GARCIA, S. Laymert. O conflito das universidades. Revista Cult. São Paulo, n.138, pag.46-47, ago. 2009.

GIANNOTTI, J. Arthur. A universidade em ritmo de barbárie. São Paulo: Brasiliense, 1996.

GIL, C. Antônio. Didática do ensino superior. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2007.

HARTT, Valéria. O que ensinar, a quem ensina. Revista Educação. São Paulo, Ano 11, n.124, p.24-28, set. 2008.

MACHADO, M. Lourdes; SÁ, M. José e MAGALHÃES, Antônio. Importância e satisfação das expectativas dos estudantes do ensino superior. Revista Rede 2020. São Paulo, v.2, n.3, p. 10-11, maio-junho, 2008. Disponível em: <http://www1.eeg.uminho.pt/gestao/veiriz/Red

e2020v4n3.pdf >. Acesso em: 01 nov. de 2009.

SOUSA, M. Edson. Crises & Desafios no ensino superior do Brasil. Fortaleza: UFC, 1980.

UNESCO. O ensino superior para uma nova sociedade: a visão dos estudantes. In: UNESCO e Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Tendências da Educação Superior para o século XXI. Trad. Maria Beatriz Ribeiro de Oliveira Gonçalves. Brasília: UNESCO/CRUB, 1999. p.459-477.

ZABALZA, A. Miguel. Os alunos universitários. O ensino universitário: seu cenário e seus protagonistas. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2004.



[1] Acadêmica do 1º período vespertino do Curso de Direito da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB e acadêmica do 5º período do curso de Design de Produto da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, [email protected].

[2] Acadêmica do 1º período vespertino do Curso de Direito da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco ­– UNDB, [email protected].

³ GIANNOTTI, J. Arthur. A universidade em ritmo de barbárie. São Paulo: Brasiliense, 1996. p.80.