FACULDADE ANTONIO MENEGHETTI

TAILANA TAIS FENNER
 O BULLYING SOB A ÓTICA DO DIREITO
RESTINGA SÊCA
2024
TAILANA TAIS FENNER
O BULLYING SOB A ÓTICA DO DIREITO
Restinga Sêca
2024
RESUMO
Este trabalho abordou o tema do bullying na atualidade, destacando suas percepções, abordagens e desafios. O problema de pesquisa consistiu em compreender como o bullying é percebido, tratado e quais são os avanços na compreensão desse fenômeno. O objetivo geral foi analisar a situação atual do bullying e suas manifestações, enquanto os objetivos específicos incluíram a investigação das estratégias de prevenção e intervenção, bem como a importância da colaboração entre escola, família e comunidade. A justificativa para este estudo reside na crescente conscientização sobre os danos causados pelo bullying na saúde mental e bem-estar das vítimas, destacando a necessidade de uma abordagem mais abrangente e proativa. A metodologia consistiu em uma revisão de literatura, que revelou uma mudança na percepção pública do bullying, reconhecendo-o como um problema sério de saúde pública. Além disso, foram identificadas estratégias de prevenção, como a implantação de equipes de ajuda nas escolas e programas de conscientização. Os principais resultados indicaram que o bullying evoluiu para incluir manifestações online, como o cyberbullying, e que os danos psicológicos nas vítimas são significativos. A colaboração entre escola, família e comunidade é fundamental para criar um ambiente escolar seguro e acolhedor. No entanto, ainda existem desafios, como a complexidade do cyberbullying e a necessidade de envolver todos os atores sociais na prevenção. Em considerações finais, destaca-se a importância de um compromisso contínuo com a educação, conscientização e ação para prevenir o bullying na atualidade. A colaboração de todos os envolvidos é essencial para garantir que todas as crianças e adolescentes possam estudar em um ambiente onde se sintam seguros, respeitados e capazes de alcançar seu pleno potencial.
Palavras-chave: bullying, atualidade, percepções, prevenção, colaboração.
This study looked at the current issue of bullying, highlighting its perceptions, approaches and challenges. The research problem was to understand how bullying is perceived, dealt with and what progress has been made in understanding this phenomenon. The general objective was to analyze the current situation of bullying and its manifestations, while the specific objectives included investigating prevention and intervention strategies, as well as the importance of collaboration between school, family and community. The justification for this study lies in the growing awareness of the damage caused by bullying to the mental health and well-being of victims, highlighting the need for a more comprehensive and proactive approach. The methodology consisted of a literature review, which revealed a change in the public perception of bullying, recognizing it as a serious public health problem. In addition, prevention strategies were identified, such as the implementation of help teams in schools and awareness programs. The main results indicated that bullying has evolved to include online manifestations, such as cyberbullying, and that the psychological damage to victims is significant. Collaboration between school, family and community is fundamental to creating a safe and welcoming school environment. However, there are still challenges, such as the complexity of cyberbullying and the need to involve all social actors in prevention. In conclusion, the importance of an ongoing commitment to education, awareness and action to prevent bullying today is highlighted. The collaboration of all those involved is essential to ensure that all children and adolescents can study in an environment where they feel safe, respected and able to reach their full potential.
Keywords: bullying, current situation, perceptions, prevention, collaboration.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Enquadramentos legais da prática do Bullying e Cyberbullying 18
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 9
2.1. Histórico e Contextualização do Bullying 9
2.2. O Bullying na Atualidade 11
2.3. O dever legal e moral do gestor escolar em relação ao bullying e as consequências de sua omissão 13
3. MÉTODO 15
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 17
CONSIDERAÇÕES FINAIS 20
REFERÊNCIAS 21
INTRODUÇÃO
O bullying é um fenômeno social que permeia diversas sociedades e culturas ao longo da história, deixando cicatrizes profundas naqueles que são afetados por suas manifestações. Esta pesquisa visa analisar o fenômeno do bullying, com foco nas suas implicações contemporâneas, o papel do gestor escolar na prevenção e combate a esse problema e as consequências de sua omissão. Para compreender plenamente o alcance e a complexidade desse fenômeno, é fundamental contextualizar sua evolução histórica e compreender seu status na atualidade.
O bullying é um problema global que afeta indivíduos de todas as idades, principalmente crianças e adolescentes, em contextos diversos, incluindo escolas, locais de trabalho e agora, cada vez mais, o mundo virtual. Este estudo busca responder a questões fundamentais relacionadas ao bullying, tais como: Como o bullying evoluiu ao longo do tempo, desde suas origens históricas até a sua manifestação contemporânea? Como a sociedade atual percebe, trata e reage ao bullying? Qual é o papel e as responsabilidades legais e morais dos gestores escolares na prevenção e combate ao bullying? E quais são as consequências de sua omissão nesse contexto?
O objetivo geral desta pesquisa é analisar a problemática do bullying, com enfoque no contexto escolar, investigando sua história, sua realidade atual e as implicações da atuação dos gestores escolares. Os objetivos específicos que norteiam este estudo são: realizar uma revisão histórica do bullying, destacando suas raízes, evolução e manifestações ao longo do tempo; investigar como o bullying é percebido e tratado na sociedade contemporânea, considerando fatores como as redes sociais e a tecnologia; analisar o papel do gestor escolar na prevenção e combate ao bullying, abordando tanto as obrigações legais quanto as responsabilidades morais; avaliar as consequências da omissão dos gestores escolares no que diz respeito ao bullying.
A relevância desta pesquisa reside na importância crítica do tema do bullying e sua influência nas vidas de muitos indivíduos. O bullying não é apenas um problema comportamental, mas também um desafio social, emocional e educacional que afeta não apenas as vítimas, mas também os agressores e o ambiente escolar como um todo. Além disso, o bullying tem implicações significativas na saúde mental e no bem-estar das pessoas, com potencial para impactar negativamente o desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Do ponto de vista teórico, esta pesquisa contribuirá para uma compreensão mais aprofundada das raízes históricas e das manifestações contemporâneas do bullying, bem como para a análise das responsabilidades dos gestores escolares. Do ponto de vista prático, ela fornecerá insights valiosos para educadores, gestores escolares, pais e formuladores de políticas públicas, contribuindo para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e combate ao bullying.
Este estudo utilizará uma abordagem de revisão de literatura, analisando artigos acadêmicos, livros, relatórios governamentais e outras fontes confiáveis para obter uma visão abrangente do fenômeno do bullying. Serão adotados métodos qualitativos e quantitativos para analisar e interpretar os dados coletados. Além disso, serão realizadas entrevistas com gestores escolares para compreender suas perspectivas e práticas em relação ao bullying.
Este trabalho está estruturado: a história e contextualização do bullying, sua manifestação na atualidade, o dever legal e moral dos gestores escolares, abordagens de prevenção e intervenção, a colaboração com pais e responsáveis, as consequências para vítimas e agressores, bem como os desafios na prevenção e combate ao bullying. Cada seção contribuirá para uma compreensão abrangente desse fenômeno complexo e seu impacto nas escolas e na sociedade em geral.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Histórico e Contextualização do Bullying
A história do bullying é marcada por uma série de eventos e transformações ao longo do tempo. Desde suas raízes antigas, onde formas de intimidação eram vistas em sociedades diversas, até sua definição contemporânea, o bullying tem evoluído significativamente. Uma revisão de literatura revela que, historicamente, o bullying era frequentemente ignorado ou considerado como parte natural do crescimento. No entanto, a obra de pesquisadores como Dan Olweus, a partir da década de 1970, trouxe à tona a importância de entender e combater o bullying de forma mais sistêmica e científica (MEZZALIRA et al., 2021).
O bullying tem consequências profundas tanto para as vítimas quanto para os agressores. Para as vítimas, as consequências podem incluir danos psicológicos, baixo desempenho escolar, isolamento social e até mesmo problemas de saúde mental. Já para os agressores, as consequências podem envolver sanções disciplinares, intervenções terapêuticas e o desenvolvimento de atitudes negativas que afetarão sua vida adulta. É importante abordar o bullying não apenas como uma questão disciplinar, mas também como uma oportunidade de educação e crescimento para os agressores (RUSSO, 2020).
O bullying é um fenômeno social complexo que tem raízes profundas na história da humanidade. Para entendermos adequadamente o bullying na sociedade contemporânea, é crucial mergulhar nas origens históricas desse comportamento agressivo e identificar como ele evoluiu ao longo do tempo. Neste contexto, esta seção examinará a história e a contextualização do bullying, explorando como ele se manifestou em diferentes épocas e contextos culturais. As referências relevantes serão incorporadas ao longo da discussão para embasar nossas análises.
O bullying é um termo que ganhou destaque nas últimas décadas, mas suas raízes remontam a períodos históricos antigos. A pesquisa de Mezzalira, Fernandes e Santos (2021) destaca que a palavra "bullying" tem origem na língua norueguesa, derivada da palavra "buller," que significa "gritar." No entanto, o comportamento que agora chamamos de bullying existia muito antes de termos um nome específico para ele.
Ao longo da história, observa-se exemplos de comportamentos agressivos e de intimidação em várias sociedades e culturas. Isso inclui a prática de ridicularizar, discriminar ou agredir outros indivíduos com base em características como aparência, origem étnica, religião ou classe social. É importante ressaltar que o bullying nem sempre foi reconhecido como um problema sério; em muitos casos, era aceito como parte da vida cotidiana.
O bullying não se limita a contextos escolares; ele também era prevalente em ambientes de trabalho, comunidades e mesmo em contextos militares. A pesquisa de Carapello (2020) destaca que hierarquias rígidas de poder frequentemente perpetuavam o comportamento agressivo, e os agressores muitas vezes não enfrentavam consequências significativas por suas ações. A compreensão do bullying como um fenômeno prejudicial começou a se desenvolver no século XX. O trabalho pioneiro do pesquisador norueguês Dan Olweus, na década de 1970, foi fundamental para lançar luz sobre o problema. Olweus conduziu uma pesquisa abrangente sobre o bullying nas escolas norueguesas e desenvolveu estratégias eficazes para preveni-lo. Seus estudos pioneiros ajudaram a definir o bullying como um comportamento agressivo, intencional e repetitivo, com consequências negativas para as vítimas.
A contextualização histórica do bullying nos mostra que, ao longo do tempo, ele passou por transformações significativas em sua percepção e compreensão. As sociedades modernas reconhecem cada vez mais a importância de combater o bullying e proteger os direitos e o bem-estar de seus membros. Isso resultou em mudanças significativas na abordagem do bullying em contextos educacionais e sociais.
A pesquisa de Mezzalira, Fernandes e Santos (2021) também destaca que, na história recente, a definição do bullying evoluiu para incluir formas variadas de agressão, incluindo agressão verbal, exclusão social, assédio online e outras manifestações. Essa ampliação da compreensão do bullying reflete sua adaptabilidade às mudanças tecnológicas e sociais da sociedade contemporânea.
Nesse contexto, torna-se evidente que a história do bullying é um testemunho da evolução das normas sociais e da conscientização sobre a importância de promover ambientes seguros e acolhedores. A conscientização pública sobre os danos causados pelo bullying aumentou, levando a uma mudança significativa na forma como ele é percebido e abordado. A compreensão histórica do bullying ressalta a necessidade de continuar a pesquisa e o debate sobre o tema. Embora tenhamos feito progressos significativos na compreensão e prevenção do bullying, ele ainda persiste em muitas formas e contextos. Conhecer as origens históricas do bullying nos ajuda a contextualizar os desafios atuais e a desenvolver estratégias mais eficazes para combatê-lo.
O bullying é um fenômeno que tem raízes profundas na história da humanidade e que evoluiu ao longo do tempo. A compreensão do bullying como um comportamento prejudicial e a conscientização de sua importância na sociedade contemporânea são resultados de décadas de pesquisa e evolução nas normas sociais. Ao reconhecer sua história, podemos continuar trabalhando para criar um ambiente onde o bullying não seja tolerado, promovendo o bem-estar e a saúde mental de todos os membros da sociedade.
2.2. O Bullying na Atualidade
Na sociedade contemporânea, o bullying assumiu novas formas e se infiltrou em novos territórios, como as redes sociais e a internet. Se, no passado, as agressões frequentemente ocorriam pessoalmente, hoje o cyberbullying se tornou uma ameaça crescente, tornando o espaço virtual uma extensão do ambiente escolar e social. Tais mudanças são refletidas na maneira como o bullying é percebido e tratado atualmente. A pesquisa de Tognetta, Souza e Lapa (2019) destaca a implantação de equipes de ajuda como uma estratégia para superar o bullying escolar, mostrando a preocupação em abordar a questão de forma eficaz.
A colaboração com os pais e responsáveis é fundamental na prevenção e combate ao bullying. Os gestores escolares devem comunicar-se abertamente com as famílias, envolvendo-as no processo de prevenção e intervenção. Os pais podem desempenhar um papel ativo ao ensinar valores de respeito e empatia em casa e ao apoiar seus filhos em casos de bullying. A parceria entre escola e família é uma parte fundamental da abordagem integral ao problema (PANÚNCIO-PINTO et al., 2020).
O bullying é um problema social que persiste ao longo das décadas, adaptando-se às mudanças sociais, tecnológicas e culturais. Na atualidade, esse fenômeno adquire novas dimensões e desafios, exigindo uma compreensão aprofundada e estratégias de combate eficazes. Neste artigo, discutiremos o bullying na atualidade, explorando como ele é percebido, tratado e os avanços na compreensão desse fenômeno. Além disso, abordaremos a importância da prevenção e a colaboração de diversos atores sociais, destacando os estudos relevantes para cada aspecto abordado.
A percepção pública do bullying evoluiu consideravelmente nas últimas décadas. O que antes poderia ser visto como brincadeiras inofensivas é agora reconhecido como um sério problema de saúde pública que afeta a vida de crianças e adolescentes. De acordo com Tognetta, Souza e Lapa (2019), essa mudança na percepção é resultado da crescente conscientização sobre os efeitos prejudiciais do bullying no bem-estar das vítimas.
Hoje, o bullying é entendido como um comportamento intencional, repetitivo e prejudicial que envolve desequilíbrio de poder entre o agressor e a vítima. O poder das redes sociais e da internet ampliou a disseminação do bullying, dando origem ao cyberbullying. O uso de plataformas digitais para hostilizar e difamar indivíduos é uma manifestação contemporânea do problema. Isso levou a uma nova compreensão do bullying, que não se limita mais ao espaço físico da escola, mas permeia a vida digital dos jovens (Silva et al., 2019).
A percepção atual do bullying também reconhece que as vítimas podem sofrer danos psicológicos significativos. Estudos, como o de Vieira et al. (2020), destacam os impactos do bullying na saúde mental dos adolescentes, incluindo sintomas de ansiedade, depressão e estresse. A compreensão dessas consequências ressalta a importância de uma abordagem mais abrangente e proativa para combater o bullying.
Para combater o bullying na atualidade, é essencial adotar estratégias eficazes de prevenção e intervenção. A pesquisa de Tognetta, Souza e Lapa (2019) enfatiza a importância da implantação de equipes de ajuda nas escolas como uma estratégia para superar o bullying escolar. Essas equipes são compostas por alunos treinados para identificar e intervir em situações de bullying, promovendo um ambiente mais seguro e solidário. Além disso, muitos países têm implementado programas de conscientização nas escolas, visando educar os alunos sobre os efeitos do bullying e a importância da empatia e do respeito. A pesquisa de Zequinão et al. (2019) destaca a associação entre bullying escolar e o país de origem, ressaltando a necessidade de abordagens transculturais na prevenção do bullying.
No entanto, é essencial reconhecer que o bullying é um problema complexo que requer uma abordagem multifacetada e contínua. A compreensão das diferentes manifestações do bullying, como o cyberbullying, é fundamental para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção.
A colaboração de todos os atores sociais, desde educadores até pais e alunos, desempenha um papel fundamental na criação de um ambiente escolar onde o bullying não seja tolerado. Promover valores de empatia, respeito e solidariedade é essencial para garantir o bem-estar de toda a comunidade escolar. A prevenção do bullying na atualidade é uma responsabilidade compartilhada que exige um compromisso contínuo com a educação, conscientização e ação. Somente por meio desses esforços conjuntos podemos criar um ambiente onde todas as crianças e adolescentes se sintam seguros, respeitados e capazes de alcançar seu pleno potencial.
2.3. O dever legal e moral do gestor escolar em relação ao bullying e as consequências de sua omissão
O gestor escolar desempenha um papel crucial na prevenção e combate ao bullying, tanto do ponto de vista legal quanto moral. A legislação em muitos países estabelece claramente a responsabilidade das escolas em criar um ambiente seguro e acolhedor para os alunos, bem como a obrigação de agir contra o bullying. A pesquisa de Carapello (2020) destaca que, além das obrigações legais, os gestores escolares têm uma responsabilidade moral de proteger o bem-estar emocional e psicológico dos alunos. A omissão por parte dos gestores pode resultar em consequências graves, incluindo ações legais contra a instituição e impactos profundos na vida das vítimas (DE PAIVA SIQUEIRA et al., 2023).
Para cumprir seu dever legal e moral, os gestores escolares devem adotar abordagens eficazes de prevenção e intervenção no bullying. Essas estratégias incluem a implementação de programas de conscientização, treinamento de professores e funcionários, bem como políticas claras de combate ao bullying. A pesquisa de Silva et al. (2019) destaca a importância de criar uma cultura de respeito e empatia nas escolas, ensinando aos alunos a importância do tratamento justo e da não tolerância ao bullying. Além disso, a intervenção rápida e eficaz em casos de bullying é crucial para proteger as vítimas e promover um ambiente seguro (VIEIRA et al., 2020).
 Embora tenha havido avanços significativos na prevenção e combate ao bullying, ainda existem desafios a serem enfrentados. A dinâmica do bullying está em constante evolução, com o surgimento de novas formas, como o cyberbullying. Além disso, a subnotificação continua sendo um problema, com muitas vítimas relutantes em denunciar o abuso. Os gestores escolares também enfrentam desafios logísticos na implementação de programas de prevenção eficazes, como a falta de recursos e treinamento adequado. Superar esses desafios requer um compromisso contínuo de todas as partes envolvidas (MALTA et al., 2019).
Atos de bullying ou cyberbullying podem resultar em punições significativas, dependendo das circunstâncias. No caso de adolescentes, haverá de suspensão ou expulsão da escola ou outras sanções administrativas (a LEI 8069/90, prevê aplicação de medidas disciplinares para prática de atitudes criminosas ou contravenções), e no caso de adultos sob acusação de conduta criminosa pode sofrer penalidades criminais. Esta conduta criminosa, apesar de receber pouca atenção, é crime.
Figura 1 Enquadramentos legais da prática do Bullying e Cyberbullying
Figura 1
                                Fonte: Juliana Marangoni (2015).
Há também os apeladores que chamam atenção denegrindo e ridicularizando a vítima para ganhar notoriedade, os pedófilos que se escondem em perfis falsos a fim de explorar sexualmente crianças. Talvez o maior dano causado pelo perseguidor menor em relação ao outro colega de classe seja a manipulação psicológica deste último, através do desprezo, humilhação e ataque à dignidade da vítima. Essa alteração que o perseguidor incentiva cria o subconsciente da vítima, uma "situação virtual" que altera seu estado normal, o que o faz acreditar que tudo é verdadeiro e uniforme. O dano que é procurado para fazer o meio ambiente acreditar que esse ataque ou resposta ofensiva é merecida.
3. MÉTODO
A metodologia adotada para esta revisão de literatura sistemática envolveu uma abordagem cuidadosa na seleção dos estudos, a análise crítica dos artigos selecionados e a síntese das informações relevantes. Para garantir a qualidade e a validade do processo, foram seguidos os seguintes passos:
Foram estabelecidos critérios claros para a seleção dos estudos a serem incluídos nesta revisão. Os critérios de inclusão foram os seguintes:
I. Estudos que abordam o tema do bullying, incluindo suas diferentes formas e manifestações.
II. Estudos que investigam a história e a evolução do bullying.
III. Pesquisas que analisam o bullying na atualidade, incluindo sua percepção, tratamento e avanços na compreensão do fenômeno.
IV. Estudos que abordam o papel do gestor escolar em relação ao bullying, incluindo seu dever legal e moral.
V. Pesquisas que investigam as consequências do bullying para vítimas e agressores.
Os critérios de exclusão foram os seguintes:
I. Estudos que não se relacionam diretamente com o tema do bullying.
II. Trabalhos que não estão disponíveis em idioma acessível para análise (por exemplo, estudos em idiomas não compreendidos pela equipe).
III. Pesquisas com amostras insuficientes ou metodologia questionável que comprometam a confiabilidade dos resultados.
A busca por estudos foi realizada em bases de dados acadêmicas confiáveis, como PubMed, Scopus e Google Scholar, utilizando os seguintes termos de busca: "bullying history", "bullying contemporary", "school principal role in bullying", "consequences of bullying", entre outros. A busca abrangeu artigos publicados até setembro de 2023. Os estudos encontrados foram avaliados quanto à sua relevância de acordo com os critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos. A seleção dos estudos foi realizada em duas etapas: na primeira, foram analisados os títulos e resumos; na segunda, os textos completos dos artigos foram examinados detalhadamente.
Os estudos selecionados foram submetidos a uma extração de dados sistemática, na qual informações relevantes foram registradas em um banco de dados, incluindo autor(es), título, ano de publicação, método, resultados e conclusões. Cada estudo incluído nesta revisão foi submetido a uma análise crítica de sua qualidade metodológica, considerando a validade dos resultados, a representatividade da amostra, a clareza na apresentação dos dados e a relevância para os objetivos desta revisão. Os resultados dos estudos foram sintetizados em relação aos três tópicos principais desta revisão: história e contextualização do bullying, situação atual do bullying e dever do gestor escolar, e consequências do bullying. Cada tópico foi abordado de acordo com a literatura relevante selecionada.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1 Quadro sistemático resumido
Tópico Autores Ano Publicação
Histórico e Contextualização do Bullying Mezzalira, Adinete Sousa da Costa; Fernandes, Thatyanny Gomes; Santos, Cyntia Maria Loiola dos 2021 Psicologia Escolar e Educacional
Bullying na Atualidade Tognetta, Luciene Regina Paulino; Souza, Raul Alves de; Lapa, Luciana Zobel 2019 Revista de Educação PUC-Campinas
Dever Legal e Moral do Gestor Escolar Carapello, Raquel 2020 Revista Educação-UNG-Ser
Consequências do Bullying De Paiva Siqueira, Elimar; Modesto, João Gabriel; Bessa, Sônia 2023 Boletim de Conjuntura (BOCA)
Abordagens de Prevenção e Intervenção Silva, Jorge Luiz da et al. 2019 Epidemiologia e Serviços de Saúde
Colaboração com Pais e Responsáveis Russo, Letícia Xander 2020 Cadernos de Saúde Pública
Desafios na Prevenção e Combate ao Bullying Vieira, Flávio Henrique Marçal et al. 2020 Ciência ET Praxis
Impactos do Bullying na Saúde Mental Monteiro, Renan Pereira et al. 2020 Psico
Valores Sociais na Atenuação de Sintomas Depressivos Panúncio-Pinto, Maria Paula; Alpes, Matheus Francoy; Colares, Maria de Fátima Aveiro 2020 Revista Brasileira de Educação Médica
Associação entre Bullying Escolar e País de Origem Zequinão, Marcela Almeida et al. 2019 Revista Brasileira de Educação
Prevalência de Bullying e Fatores Associados Malta, Deborah Carvalho et al. 2019 Ciência & Saúde Coletiva
Preconceito e Bullying Crochick, José Leon 2019 Psicologia USP
Bullying e Sintomas Depressivos em Adolescentes Pimentel, Fernanda de Oliveira; Della Méa, Cristina Pilla; Dapieve Patias, Naiana 2020 Acta Colombiana de Psicología
Revisão de Literatura sobre Bullying Da Silva, Gilson Pequeno et al. 2019 Revista Eletrônica Acervo Saúde
Fonte: o autor(2023).
A análise dos estudos revelou que o bullying é um fenômeno antigo, com raízes que remontam a diferentes épocas e culturas. A pesquisa de Mezzalira, Fernandes e Santos (2021) destaca que, historicamente, o bullying era frequentemente ignorado ou considerado como parte natural do crescimento. No entanto, a obra de pesquisadores como Dan Olweus, a partir da década de 1970, trouxe à tona a importância de entender e combater o bullying de forma mais sistêmica e científica.
A história do bullying é marcada por manifestações de agressão física, verbal e social em diferentes contextos, desde a escola até o ambiente de trabalho. O bullying era frequentemente percebido como uma forma de estabelecer hierarquias de poder e controle social. No entanto, as pesquisas pioneiras na área revelaram que o bullying não é apenas uma brincadeira inofensiva, mas uma forma de violência que pode causar danos significativos às vítimas.
A discussão sobre o histórico do bullying ressalta a importância de compreender sua evolução ao longo do tempo. Isso contribui para uma compreensão mais profunda das raízes desse fenômeno e como ele se transformou ao longo das gerações. Além disso, essa compreensão histórica ajuda a contextualizar as atuais abordagens de prevenção e intervenção, destacando a necessidade de uma abordagem mais holística e baseada em evidências.
No cenário contemporâneo, o bullying assumiu novas formas e se infiltrou em novos territórios, como as redes sociais e a internet. A pesquisa de Tognetta, Souza e Lapa (2019) destaca a implantação de equipes de ajuda como uma estratégia para superar o bullying escolar, mostrando a preocupação em abordar a questão de forma eficaz.O advento da tecnologia e das redes sociais trouxe um novo desafio na compreensão do bullying. O cyberbullying, que envolve a utilização da internet para hostilizar e difamar indivíduos, ampliou o alcance e a complexidade do problema. O bullying não se limita mais ao espaço físico da escola; ele pode ocorrer 24 horas por dia, sete dias por semana, tornando-se um desafio constante para crianças e adolescentes.
Além disso, a percepção pública do bullying evoluiu. Ele não é mais visto apenas como um comportamento escolar problemático, mas como uma questão de saúde pública. A sociedade contemporânea está mais consciente dos impactos do bullying na saúde mental e bem-estar das vítimas, o que levou a um aumento nas medidas de prevenção e conscientização.Os gestores escolares desempenham um papel crucial na prevenção e combate ao bullying, tanto do ponto de vista legal quanto moral. A legislação em muitos países estabelece claramente a responsabilidade das escolas em criar um ambiente seguro e acolhedor para os alunos, bem como a obrigação de agir contra o bullying. A pesquisa de Carapello (2020) destaca que, além das obrigações legais, os gestores escolares têm uma responsabilidade moral de proteger o bem-estar emocional e psicológico dos alunos.
A omissão por parte dos gestores pode resultar em consequências graves, incluindo ações legais contra a instituição e impactos profundos na vida das vítimas. A pesquisa de De Paiva Siqueira, Modesto e Bessa (2023) ressalta que o bullying vivenciado por professores também é uma preocupação, e os gestores escolares têm a responsabilidade de criar um ambiente de trabalho seguro para toda a comunidade escolar.A discussão sobre o dever dos gestores escolares em relação ao bullying destaca a necessidade de uma abordagem proativa na prevenção e intervenção. Os gestores não podem simplesmente reagir aos casos de bullying; eles devem implementar políticas claras, programas de conscientização e treinamento para toda a equipe escolar. Além disso, a colaboração com os pais e responsáveis desempenha um papel fundamental na criação de um ambiente escolar seguro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta revisão de literatura sistemática proporcionou uma visão abrangente do bullying, desde suas raízes históricas até sua manifestação na sociedade contemporânea. Os estudos selecionados destacam a importância de compreender o bullying em sua complexidade, reconhecendo sua evolução ao longo do tempo.A compreensão do bullying na atualidade envolve o reconhecimento do impacto das tecnologias digitais e das redes sociais, que ampliaram o alcance do problema. Além disso, a percepção pública do bullying mudou, e a sociedade está mais consciente dos danos que ele pode causar, promovendo esforços para prevenção e intervenção.O dever legal e moral dos gestores escolares em relação ao bullying é fundamental na criação de um ambiente escolar seguro e acolhedor. A omissão não é uma opção; os gestores devem adotar medidas eficazes de prevenção, colaboração com pais e responsáveis, e intervenção adequada.
Em última análise, a revisão destaca a importância de continuar pesquisando e abordando o bullying de forma holística e baseada em evidências. A colaboração de todos os envolvidos - educadores, gestores, pais e alunos - é essencial para criar um ambiente onde o bullying não seja tolerado, promovendo o bem-estar e a saúde mental de todos os membros da comunidade escolar.
REFERÊNCIAS
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DE PAIVA SIQUEIRA, Elimar; MODESTO, João Gabriel; BESSA, Sônia. “PROFESSOR COMO VÍTIMA?”: UM ESTUDO SOBRE O BULLYING VIVENCIADO PELO PROFESSOR. Boletim de Conjuntura (BOCA), v. 15, n. 43, p. 177-193, 2023.
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