Ao chegar em casa tenho o hábito de verificar os e-mails, nos deparamos com um volume assustador, dúzias de e-mails indesejáveis, desconhecidos, até de "amigos", descobrimos que o tempo é o senhor da verdade, e refletimos sobre considerações do tempo em nossa trajetória existencial. Pensamos no que fomos ou deixamos de ser para muitas pessoas, achávamos que éramos importante em suas vidas, acreditávamos na sinceridade, no companheirismo, talvez uma atitude até piegas, mas sincera em sua essência.Um incauto, achar que haverá isenção de interesses na convivência.Vivemos no tempo do verbo TER, as cifras do seu bolso, a sua conta bancária, o patrimônio considerável e relevante, para ser aceito em determinadas confrarias, não esqueçamos o modelo e a marca do automóvel, sem dúvida será um quesito indispensável ao seu ingresso na confraria. Sem esses dotes e atributos, você será um zé ninguém, um excluído, você será reduzido a nada e sem dúvida terá o seu merecido egresso.
Ocorre que a lucidez leva tempo para se manifestar, decorre às vezes muito tempo, para acordarmos do sonho, porque achávamos que vivíamos numa convivência fraterna e solidária, acreditávamos nos princípios e valores da amizade, mas a realidade mostrou, que vivíamos uma lenda, ficção de uma realidade notável: gestos, atitudes, uma narrativa quase sincera, personagens quase sensíveis, quase humanos, numa estrutura quase romanesca.
Durante a verificação dos e-mails me deparei com um e-mail inacreditável, ao verificá-lo, tratava-se de um convite de confraternização da turma de ex-formandos.
Um convite para confraternizar!, para muitos os melhores momentos de suas jornadas acadêmicas, sociais de alguns e laços de amizades de outros.Confesso que esse e-mail me deixou intrigado, espantado pelo fato de ser convidado, logo eu? Que não faço parte da confraria. Por que?
Refleti sobre o convite durante alguns dias , sobre a possibilidade ou não em participar na confraternização, refleti sobre minha condição social, o meu não "status quo" de momento. Haja vista que os relatos mencionados neste texto, foram todos considerados, cheguei a uma conclusão: não deveria participar da confraternização, talvez caracterize uma atitude de mágoa ou indiferença, não absolutamente, minha decisão foi motivada simplesmente por achar que uma pessoa deve estar convicta naquilo que acredita, ao longo do tempo você procura se aproximar das pessoas, muitas delas simpáticas outras não, devemos respeitar a individualidade, o sectarismo de cada uma, o direito de conviver ou não com determinada pessoa. Sem falso moralismo ou apologia do bom samaritano, mesmo com resignação devemos aceitar o fato de você não atingir às preferências e interesses de determinada pessoa ou grupo.
Não devemos desconsiderar a inverossimilhança na vida.
Chega de reminiscências...