O Céu nada pode fazer
Publicado em 30 de julho de 2013 por Osorio de Vasconcellos
Resumo: Idosos. Da exclusão ninguém escapa. A missão dramática do Papa Francisco.
O Céu nada pode fazer
Não deixem que o mundo os exclua – disse o Papa Francisco, dirigindo-se aos jovens. E acrescentou: neste momento vocês e os idosos estão condenados ao mesmo destino – a exclusão.
Eu considero este pronunciamento um brado revolucionário de rica e incisiva densidade ética.
Sobre ser, naturalmente, um depoimento dramático de rara e comovente profundidade.
O drama vivido pelo Papa desenrola-se no cenário atual dos acontecimentos, aqui e agora. O Papa sabe das coisas. Ele sabe que “no momento”, como ele próprio diz, os idosos sofrem os horrores da exclusão. O Papa conhece a aridez do sofrimento causado pela discriminação, sua frieza, seus requintes, sua virulência.
O drama cresce com a constatação de que do mal ninguém escapa.
“No momento” todos estamos condenados ao sopapo da exclusão. Todos: jovens, idosos e a turma da meia idade (por que não?).
A angústia do Papa era visível. Ele argumentava, gesticulava, repreendia.
- Não deixem que o mundo os exclua. Não criem encrenca com os idosos.
Nas entrelinhas do seu discurso eu li: o Céu por si só nada pode fazer. O Céu precisa de alguém que aja em Seu nome.
Mas como? Se o mundo nada mais é que a sociedade da qual fazem parte os jovens, os idosos e a turma da meia-idade. Situação deveras paradoxal.
Por isso interpreto a fala papal como um brado revolucionário em prol da conscientização. Um drama que traduzo deste jeito:
- Vocês todos são cumplices desta vergonha. Vocês todos, jovens, idosos e meãos de idade trabalham inconscientemente para a perpetuação do flagelo que um dia os atingirá impiedosamente. Não permitam que isso aconteça. Saiam às ruas, gritem, protestem, exijam das autoridades reformas que ponham fim à exclusão de idosos.
A conscientização do problema já será um bom começo. E um bom começo é meio caminho andado.
As autoridades serão forçadas pela pressão popular a encontrar soluções. Logo surgirão, tantos quantos necessários, ambientes adequados para acolher idosos desvalidos, no mesmo espírito da assistência que se presta à infância nas creches mantidas com recursos públicos. Através do imposto de renda o governo ajudará as famílias que cuidam dos seus velhinhos.
Paralelamente, a conscientização transformará o mundo. A ternura voltará. Todos poderão envelhecer com dignidade, conforme os planos da Criação. Enfim, a verdade libertará.