O BRASIL E A SEGURANÇA ALIMENTAR MUNDIAL, NOVAMENTE.

Mais uma vez o cenário internacional dá visíveis sinais de que está em marcha uma das maiores preocupações mundiais: alimentos.
É tão imensa a significância do item alimentos, que já derrubaram governantes (ditador) e causou certas instabilidades políticas em países em desenvolvimento, como a Índia onde o preço da cebola apresentou um elevado preço.

Mas agora a situação começa a tomar corpo quando, países como a França inicia uma discussão na OMC tentando implantar um regime de controle de estoques reguladores de alimentos, em especial as comodities agrícolas.

O conhecido presidente da França Nicolas Sarkozy, que no momento amarga uma considerável baixa de popularidade e aceitação, tenta de várias maneiras influencias a C.E. em adotar um regime que possa controlar o preço das matérias primas alimentares.
Logo a França que se destaca por ser um dos paises que mais subsidia a agropecuária, que impõem barreiras alfandegárias e sanitárias a todos os tipos de alimentos que entram no país, estimadas em: ? 500.000.000,00.
Em um dos seus discursos o presidente Sarkozy, disse: Eu não os abandonei. E logo a seguir disse: "Um novo futuro para nossa agricultura", o governo dará, a título de "ajuda excepcional do Estado", 650 milhões de euros para o setor e concederá 1 bilhão de euros em empréstimos, a taxas de juros vantajosas, de apenas 1% a 1,5% ao ano.

Para os europeus que cultivam seus solos a milhares de milhares de ano, que já não possuem mais fronteiras agrícolas, mas que são detentores de altas tecnologias, tanto no ramo da agropecuária, como da mecânica, farmacêutica, informática, naval, aérea e aeroespacial, ficam um tanto fácil insistir em colocar e ditar regras a respeito de um mercado controlado de comodities agrícolas.
Praticamente não exportam alimentos. Quando muito conseguem equilibrar suas demandas internas, mas basta um solavanco climático que o panorama produtivo muda radicalmente e com ele os preços dos alimentos.

Um dos elementos dos qual o mandatário francês lança mão, é o de evitar que ocorra uma manipulação de preço, por parte dos especuladores.

A agropecuária européia e em especial a francesa sofre a influência dos investidores nacionais e internacionais, no ramo da produção de alimentos. Estima-se que no momento a França sofra com a influência positiva de aplicações na produção de gêneros alimentícios algo entre US$ 65 a US$ 85 bilhões e a cifra um tanto de elevada a respeito da gestão, na ordem de US$ 35 a US$ 45 bilhões. Algo considerável se comparado com o Brasil.

Mas qual seria a intenção do presidente francês?
Simplesmente olhou para fora da janela do palácio presidencial ? Palais de l'Élysée ? quando estava nevando e ficou a imaginar que as mudanças climáticas irão afetar consideravelmente a produção de alimentos. E que a França correria um grave perigo de ficar refén de países com comprovada competência e vocação para produzir alimentos.
É a aceitação de que a Segurança Alimentar, passará a ser uma das dores de cabeça de vários mandários estrangeiros. Menos no Brasil.
O que está em jogo é o uso de alguns organismos como a FAO e a OMC.
Analise-se o que disse o presidente da FAO: "Jacques Diouf, alertou que o papel dos países em desenvolvimento nos mercados internacionais cresce rapidamente e, ao aumentar o seu impacto, as suas políticas condicionam cada vez mais o mercado mundial". Acrescentando que o papel destes países e contribuição nas questões políticas globais é significativo, sendo que o debate político deve realizar-se com objetivos globais, devendo-se melhorar o marco para estes intercâmbios de opiniões".

O recado foi dado.
Pode-se ler nas entrelinhas que ao citar "..que o debate político deve realizar-se com objetivos globais, devendo-se melhorar o marco para estes intercâmbios de opiniões".

A Segurança Alimentar em termos mundiais é um instrumento qual uma faca de duplo corte.
O primeiro lado desta faca representa a necessidade de uma postura ética e humana, no quesito posto a respeito da definição do que é Segurança Alimentar.
O segundo lado desta mesma faca é a dura realidade na qual os especuladores internacionais pressionam os preços de acordo com os mais diversos fatores, sejam eles climáticos, políticos, econômicos e até de cunho religioso.

Algumas razões pela qual a França tenta impor um marco regulatório a respeito das comodities alimentares:

1. Nos próximos 10 anos, o trigo e outros tipos de grãos ?cevada, centeio, aveia, soja, milho, sorgo, arroz, feijão ? deverão apresentar uma elevação de custo ao consumidor final, na ordem de 15% a 40%;

2. A demanda por proteínas de origem animal, tenderá crescer com mais vigor, que a relacionada com as proteínas de origem vegetal;

3. Países em desenvolvimento deverão apresentar significativas mudanças, nos seus hábitos alimentares, o que representa maior consumo de alimentos e de variedades de alimentos. Múltipla escolha.

4. Os biocombustíveis deverão impactar de forma negativa, na produção de alimentos, uma vez que áreas antes agricultadas com grãos, passam a receber cana de açúcar e quando não estas mesmas áreas produzirão grãos ? gramíneas e oleaginosas- destinados à produção de biocombustíveis.

5. A industrialização dos alimentos, que demandam em consideráveis taxas de aumento de energia, também irá contribuir para o aumento dos preços dos alimentos.

6. O Brasil deverá apresentar um crescimento da ordem produtiva de alimentos, na faixa de 40% até 2019, tornando-se um dos maiores produtores de alimentos.

Finalizando.
O presidente Sarkozy, sabedor via FAO e seu presidente, se arvora como defensor da regulamentação de preços das comodities alimentares, por saber que para o mundo voltar a produzir o suficiente para a população, haverá sem dúvida um aumento de preços.
Que a crise econômica, embora já tenha passado a fase mais difícil, ainda apresenta seqüelas, irá contribuir para que a fome aumente e se faça presente a INSEGURANÇA ALIMENTAR.
E lógico que se institua um sistema comercial regulamentado, que mascaradamente, assim penso, possa garantir que os alimentos se façam presentes em vários campos de refugiados, países pobres e até mesmo na França.
Ou provavelmente o presidente Sarkozy deverá sugerir que a OMC adote um estilo CONAB....