Noções de sabedoria.

Um dia escrevi que ele havia trilhado um caminho até nós, que só aparece nos mapas de Deus.

Tenho acompanhado cada dia de sua vida, com a mais absoluta certeza de que ela – a sua vida - é milhares de vezes mais importante que a minha.

Ele é como um dia ensolarado após vários e longos dias de chuva, ou como um oásis no centro de quilômetros de deserto.

E assim como ele é e nem desconfia que seja, chegou para mim e perguntou: “papai, pé de coelho dá sorte?”

Notei o pé de coelho em sua mão, balançando suavemente. Então, sorrindo, respondi sua pergunta com outra pergunta.

-           Se pé de coelho desse sorte meu filho, ele teria perdido esse que você tem nas mãos?

Ele apenas sorriu e o brilho de seus olhos aumentou. Sem outros argumentos, assim me informava que entendera o recado.

 Mais ou menos quinze dias se passaram e então ele me procurou com mais uma de suas charadas.

-           Papai imagine que pés de coelho possam dar sorte. Eu poderia ter um coelho, com seus quatro pés para me dar sorte e não precisaria que o coelho morresse, não é verdade?

Confesso que me senti desarmado diante de tanta lógica e humanidade, para um ser de apenas nove anos.

Ele me fez lembrar que um dia já pensei: “posso ter o leite sem precisar matar a vaca”.

“Que posso ter os ovos sem precisar matar a galinha. Posso viver, sem precisar utilizar a morte para alimentar a vida!”

Pelas lições que ele me traz, ou pelas que me faz rememorar, toda vez que olho para meu filho me pergunto silenciosamente: quanto mais ainda vais me ensinar meu mestre?

E, ainda silenciosamente, mentalmente concluo: “é, realmente! Os mapas de Deus possuem os melhores caminhos!”