Motivação das ações do homem

Gonzaga

 

“A questão do livre arbítrio pode ser resumida assim: o homem não é fatalmente conduzido ao mal; os atos que ele realiza não estão antecipadamente escritos; os crimes que ele comete não resultam de uma sentença do destino. Ele pode, como prova de expiação, escolher uma existência em que terá os arrastamentos do crime, seja pelo meio em que está colocado, seja pelas circunstâncias que sobrevirão, mas está sempre livre para agir ou não agir.” O Livro dos Espíritos questão 872.

Vivemos uma época difícil de muita violência, e mesmo conhecendo a Doutrina Espírita por vezes nos revoltamos como querendo saber o porquê e acusamos de forma equivocada ao governo e à justiça.

Acho isto muito natural e até demonstra o estado de espírito que nos move à luta pela vida.

Ocorre, porém, que ao encostarmos a cabeça no travesseiro e pensarmos sobre tal estado de coisas nos vem à mente o fato de também incorrermos em alguns deslizes que prontamente nos perdoamos.

Mas vamos ao assunto. Somos Espíritos encarnados e sucessivamente reencarnaremos com o propósito de nos melhorarmos, aquilo que chamamos: evolução intelecto-moral, à qual estamos todos submetidos pela lei natural.

Ensina a Doutrina que enquanto estamos no mundo espiritual, temos oportunidade de refletirmos e estabelecer metas para novas imersões no mundo material para enfrentar as vicissitudes deste e vencer as tentações do meio em que escolhemos viver.

Escolhemos sim essas nossas tarefas na vida material. Escolhemos o gênero destas, pois do contrário, escolher os detalhes seria fatalismo, e a única fatalidade que enfrentamos na vida é o desencarne. Sofrendo as dificuldades próprias das nossas imperfeições, e vencendo é que subimos a escala da evolução das sensações materiais para as sensibilizações dos sentimentos sutis.

O Espírito, ao encarnar novamente, sabe que irá enfrentar dificuldades próprias de sua escolha, de acordo com seu entendimento, para suplantar possíveis deficiências ao lidar com determinado assunto ou trabalho que seja submetido. Sabemos também que nenhum de nós está em meio ao mar revolto da vida material sem nenhum amparo ou ferramenta que lhe possa ser útil. A cada um é destinado um protetor, melhor de ele, e que se interessa pelo mesmo. Todos têm o auxilio de Espíritos que se aplicam como professores ao aluno iniciante, inspirando, suscitando a intuição para que caminhemos pela margem direita da vida. Embora maioria das vezes não aceitamos a ideia.

Todo e qualquer ato que praticamos embora resultante das vicissitudes circunstanciais em que escolhemos viver, dependem da nossa vontade (livre arbítrio). Podemos, pois estar imersos em um ambiente extremamente contrário e imundo, mas nem por isso precisamos chafurdar ou ceder às solicitações menos convenientes.

Portanto, não há mal que não se possa resistir se a vontade é firme.

Nós apostamos que o mal poderia ser da índole do organismo material.

Ledo engano, pois, esquecemo-nos de que se praticamos o mal por esta razão também pela mesma praticamos o bem, e então? Mas consideremos que o corpo material não tem inteligência e não têm tendências morais, estas pertencem à índole do Espírito, que é o agente intelectual do Ser.

Conhecendo estes fatos usando a inteligência podemos aceitar com facilidade o postulado Doutrinário Espírita. Doutrina que tem por escopo levar o Ser respeitar-se em primeiro lugar, e, todos indistintamente, fazendo todo o possível para minimizar as dificuldades e remover os obstáculos do mundo na medida de suas forças para assim poder na vida futura, no mundo espiritual, ter a satisfação do dever cumprido e poder escolher outras oportunidades que lhe permitam sempre evoluir.

Precisamos lembrar que o meio é produto de nossa ação. E cada um é responsável solidariamente pelo que tenha provocado ao meio, e suas personagens, de maneira que precisamos nos precaver de sermos o estopim de qualquer que seja a atitude menos digna.

Se sucumbirmos por nossa própria vontade só a nos caberá a necessidade de trabalho reparador em nova encarnação. Se formos os causadores de tais ocorrências nós também seremos levados pela nossa própria razão a reparar tais ocorrências.

Portanto, precisamos considerar detidamente o porquê dos acontecimentos violentos em nossos dias. Se pela imperfeição de certos Espíritos, ou pela ação de Espíritos bem colocados materialmente falando, cuja ganância cria obstáculo a outros Seres imperfeitos, propiciando-lhes assim a queda. Todo o mal está em praticar o orgulho prepotente seja de raças seja de posição social.

De qualquer forma os acontecimentos violentos destas condições são provocados e devem ser reparados por quem os provocou.

E pior, sabemos que temos alguma culpa em tudo o que se passa na face da Terra.

Portanto, seria de bom tom cada um começasse fazer sua parcela de contribuição para um mundo melhor e mais igualitário deixando de ser ganancioso e de querer sempre mais.

Deixar que outros também tenham a oportunidade de fazer por onde viver melhor, possibilitando oportunidades a quem se esforça.

Lembrem-se haverá um mundo melhor assim que cada uma viva de forma moral mais evoluída.

Aliás, de acordo com o Livro dos Espíritos na mesma questão acima referida encontraremos: “Sua força moral cresce em razão de sua elevação, e os maus Espíritos se afastam dele.” Assim se nos tornarmos cada vez mais praticantes da moral elevada mais e mais estaremos nos libertando das más ações de Espíritos menos convenientes ao nosso meio.

E, talvez, tenhamos numa sociedade mais igualitária menos necessidade de tantos desatinos.

Experimentemos começando pelas nossas próprias Famílias.