Para pisar em solo itaitubense é necessário vencer a hidrofobia, pois, Itaituba é semicircundada pelo rio Tapajós, enorme Rei Hidro, assustador e imponente em seu poder majestoso. Em seu tom verde forte obscuro aceita o colorido da balsa, lanchas, canoas e voadeiras, permitindo ser navegado pelos reles mortais que usufruem  dos seus prazeres e mistérios.

       O cais  é  bem como deveria ser, agitado e multicolorido e a lei da sobrevivência é impressa na feira livre, mercadores e mercadorias.

      O povo é da festa, alegria, motivada ou não, talvez por algo implícito nos costumes de uma região; rítmos, danças, risos altos e rasgados. A miscigenação se estampa em cada rosto, resgatando as raízes iniciais da "pátria amada, salve, salve". Raízes esquecidas, neutralizadas pela colonização europeia.

       A iluminação das ruas é pausada e amarelada, trazendo o sombrio e ao mesmo tempo a curiosidade adolescente. A infraestrutura é o que se poderia chamar de primária, ou para os mais radicais. Quanto à coleta de lixo...: açougues naturalmente expostos, pouco asfalto etc... Enfim , se diferente fosse não teria a presença dos urubus que planam pela cidade com seu voo displicente, fazendo parte de um cenário, como num quadro, um detalhe negro num céu azul, protagonizando um show que não teria tanto ibope nas sensações dos espectadores se houvessem mudanças que seguissem regras pré-estabelecidas , bitoladas no certo, errado, comum e aceitável, urbanamente falando.

     Em médias rés é imperdoável não incluir e não salientar  parte da BR 163, palco de 700 Km de adrenalina e êxtase, provocados pelo calor e pelos atoleiros, primeiros passos para se ver Itaituba de perto. Porém, para essa árdua trajetória conta-se com a participação especial das belas araras coloridas e estridentemente escandalosas, no papel de anti-estress e volta à calma.

    Todas as dificuldades da viagem são compensadas pela possibilidade de em Itaituba se poder atravessar a barreira da existência, como num novo tempo velho,  dar um tempo em si mesmo e desvendar a incógnita  de tudo que ainda não se viu.

     Em Itaituba algo de mágico passa pela retina. Coqueiros se balançam lentamente e nos embalam. Um cheiro de verde se espalha ar. Algo de fruta madura acedia os sentidos, até então constipados.

     Itaituba, Pará, dança na beira do Tapajós com seu rebolado amorenado do norte,  indígena e nordestino. Beija-nos com seus lábios de mel, pois, és musa do idealista, do turista e do nativo. Dança filhinha querida da "pátria amada, idolatrada, salve, salve, Brasil"! Meu Brasil!