Hoje ouvi uma professora falar sobre um educando “terrível” que não fazia lições, zombava dos colegas e dos professores. Esta profissional relatou que havia chamado à mãe do garotinho.

Com lágrimas nos olhos e pensando em seus próprios filhos, esta professora, descreveu o que a mãe do menino de sexto ano do ensino fundamental disse:

“Este garoto é a peste!" A mãe verdadeira era usuária de drogas e largou- o comigo e sumiu no mundo. Anos depois eu soube que ela havia morrido infectada pelo vírus da AIDS e, ainda, mais... a mulher foi encontrada morta segurando um bebê recém- nascido que ainda lhe sugava o peito.

A professora fez uma pausa para soluçar e despejar sua tristeza ao relatar caso. Continuou.

A responsável salientou “nem sou parente da dita cuja... e o garoto é rebelde, foge toda hora de casa e dá muita dor de cabeça... ele me culpa por não ter adotado o irmãozinho. Como eu iria cuidar de um bebê soro positivo!? Não quero mais este ‘traste’ em casa, as professoras e coordenadoras podem chamar o conselho tutelar” ___ a responsável delegou a responsabilidade à escola.

A professora chorava e dizia que às vezes ficamos bravas e não entendemos o que se passa na mente destas pobres crianças.

Narrar à fala da responsável abateu muitíssimo a alma da nossa colega de profissão e de outros docentes que escutavam atentamente o caso.

Em sumo, não adianta chamar o responsável que alegou não querer mais o menino e como um lixo ela queria joga- lo fora.

Os pais ou responsáveis não terem atitude com seus filhos isto é reflexo do paternalismo do governo e proteção sem diretrizes da ECA. Só pra salientar o descaso familiar, posso dizer com autoridade que a maioria dos pais só vai para escola saber dos filhos, ou melhor, tirar satisfações por que suspenderam a bolsa família. Mas a maioria dos pais não se preocupa com a qualidade e condições do ensino- aprendizagem.

Este fato, entre outros que já ouvi durante estes 12 anos de magistério que tenho, nos faz refletir na importância do Estado regularizar a existência de um profissional de psicologia para cada período da unidade escolar. Mesmo que o governo não possa, ou não queira colocar três psicólogos, que pelo menos dois sejam suficientes para mediarem, auxiliarem e aconselharem tanto pais, professores, funcionários quanto os próprios alunos a lidarem com situações aflitivas e afetivas.

Não adianta insistir em manter professores auxiliares e dizer que eles são mediadores de conflitos. Adianta nada!

Na minha escola tem uma professora que se esforça como mediadora, mas em muitas situações ela diz que não pode ou não sabe o que fazer e tem outra mediadora que faz nada, fica direto no computador cuidando de sua outra profissão.... Ela é corretora de imóveis.

Se não há formação adequada para lidar com as questões psicossociais que pelo menos tenha a dignidade de custear a estas “mediadoras de conflitos” uma formação de qualidade em psicologia.

Além de realmente instituírem psicólogos formados e credenciados nas unidades escolares, o Estado deveria adquirir e consolidar parcerias mais amplas com postos de saúde, universidades de psicologia, entre outras instituições que possam auxiliar e apoiar na educação de educandos portadores de necessidades especiais. Mesmo que o governo já o faça, é muito pouco!

Para finalizar a minha indignação e desabafo, espero que seja também de todos os profissionais da educação, sugiro que  o CFP/CRP junto com a APOESP e Governo do Estado de São Paulo amadureçam a ideia de colocarem cargos ou contratações efetivas para os psicólogos na rede estadual de ensino.

Esperamos que a utopia se transforme em realidade e, se isso acontecer, que os profissionais de psicologia sejam idôneos, responsáveis e humanistas ao tratarem ou auxiliarem nossas crianças e adolescentes.

Que Deus abençoe a todos nós e aos nossos governantes para que possamos efetivamente encontrar caminhos corretos para a boa educação e evolução mental /espiritual.