AS MANIFESTAÇÕES SOCIAIS E A IGREJA – O QUE EU GANHO COM ISSO?

O engajamento nos temas sociais, diferentemente da postura alienada da igreja, é bem sinalizado em alguns personagens bíblicos como: Jeremias, Thiago e o próprio Jesus, entre outros, que vaticinaram contra os desmandos políticos e religiosos que solapavam os direitos da maioria despoderada. Neste sentido, reflito sobre o porquê da indiferença da igreja frente às manifestações populares nesses últimos dias aqui no Brasil com a seguinte questão: Falta de entendimento ou manutenção de uma posição confortável?

Diferentemente dos líderes atuais, homens como Dietrich Bonhoeffer, Martin Luther king fizeram isso muito bem e marcaram suas épocas, sem temer nenhuma rotulação de idealistas marxistas.O proeminente Bispo Robinson Cavalcante, nos ajuda neste entendimento com seguinte declaração: “... a direita teológica ainda vê como “coisa de comunista” . O que essa direita teológica não sabe é que, embora seja parecido, há sim uma fronteira, ainda que tênue, separando evangelho social , missão integral e teologia da libertação , essa, sim, com esse viés esquerdista.

A necessidade do engajamento da igreja nas demandas sociais dentro do sistema capitalista antecedeu ao estabelecimento do comunismo na Rússia, surgindo já no século XIX quando na revolução industrial, pastores americanos protestaram contra a realidade desumana dos guetos, resultantes dessa transformação social. Neste contexto nasce Evangelho Social em busca de uma resposta para este clamor. Diferentemente do que se pensa, não foi o socialismo marxista que fundamentou este movimento. É certo que, posteriormente houve segundo Colin Brown, um viés tanto político quanto marxista, mas somente depois de muita relutância, mas associação não existia originalmente. Depreendemos que não há necessidade de a igreja lançar mão de um argumento esquerdista para desenvolver sua missão social. O evangelho é essencialmente social!

Neste sentido não há justificativa para o silencio da igreja hoje. Na verdade essa indiferença denuncia um estado confortável que a igreja economicamente desfruta. No máximo temos uma igreja militante, mas só quando tem seus dogmas ameaçados - Quando disputa com as classes, problemas como homossexualismo, aborto; que fere a doutrina da igreja – Em relação a esses temas deveria influenciar, mas sem impor -, mas quanto aos temas sociais, de necessidades prementes e enraizadas, objeto desse clamor social, como instituição cidadã ela tem se excluído e isso é um desserviço da igreja ao Reino.

Sugestão 1 - Através de seus líderes famosos da mídia, a igreja poderia liderar uma marcha autenticamente para Jesus, por exemplo, em nome de uma reforma do código penal brasileiro - com itens amplamente discutidos e apresentados à população - por entender que não é de reforma política que Brasil precisa e que a  corrupção seja a causa da maioria das mazelas de nossa sociedade.

Sugestão 2 - Parar com esse falso profetismo consumista: eu determino que esta cidade é de Jesus; essa casa, que é do fulano de tal, vai ser minha..; - de amarrar o mal porque a doença é do mal, a pobreza é do mal, vamos marchar pra Jesus pois o presidente do Brasil vai ser crenteda assembleia, da lagoinha da universal ou da IURD; a igreja do fulano – CHEGA!

Uma igreja engajada, comprometida com as causas sociais, tendo uma agenda de ensino onde temas importantes pudessem interagir com as comunidades, seria salutar na promoção do evangelho. Muito mais do que viver alienadamente a igreja, na concepção de Bonhoeffer, só é igreja se existir para os outros