A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS DO RECIFE COMO FRUTO

DA DESESTRUTURA FAMILIAR

Marcelo Moraes de Lima[1]

RESUMO

A violência nas escolas do Grande Recife tem crescido assustadoramente. O caos se instalou nas escolas e alunos e professores são os alvos. O ambiente escolar deixou de ser um local de formação de indivíduos para se transformar em arenas de brutalidade, onde o respeito ao ser social não é exercido. A situação cresce diariamente e se distancia da harmonia. Pesquisas comprovaram que os alunos são os mais prejudicados por causa dessa violência desenfreada, e isso tem alcançado até mesmo os professores. Alguns apontam a família como detentora de uma parcela de culpa. As garantias legais do Ordenamento Jurídico precisam ser revisadas e aplicadas com mais eficiência. É tempo de acordar e buscar soluções para retirar essa ferida em que se encontra a Capital Pernambucana.

Palavras-Chave: Violência. Alunos. Família

1 INTRODUÇÃO

Existem muitas hipóteses sobre o surgimento e quais os fatores que levam jovens e adolescentes a terem comportamentos tão agressivos nas escolas. Poderíamos citar o sistema capitalista ou o social como responsáveis, mas, focaremos apenas a família como objeto de estudo do presente artigo berço de onde o caráter humano é formado.

Os psicólogos insistem cada dia com mais ênfase sobre a importância do nascimento e dos primeiros anos da vida da criança, quando ela estabelece uma posição emocional que vai controlar sua vida até o fim, possivelmente sem correções. Basta lembrar ainda que toda pessoa herda de seus genitorescaracteres de saúdee de temperamento, nem pedidos, nem escolhidos. (SILVA, 1999, p. 17)

Não podemos fechar os olhos sobre a problemática que envolve as escolas da Região Metropolitana do Recife: A violência assustadora de alunos da rede de ensino e até onde vai à responsabilidade? Verdadeiras praças de guerra tem se formado no perímetro escolar. Vale ressaltar que uma das grandes consequências desses embates são patrimônios públicos escolares depredados, professores ameaçados e desestimulados.

Os prejuízos resultantes dos atos de vandalismo e depredação do patrimônio público representam uma sangria permanente de recursos financeiros que, de outra forma, poderiam ser utilizados na melhoria das condições de ensino (DUARTE, 2006, p. 68)

O que anteriormente foi criado para comportar um ambiente de harmonia recíproca vem se tornando em campos de batalhas das mais diversas atrocidades. Lembrando ainda que a escola ainda é e deve ser um ambiente que propicie prazer, segurança e conforto comum com os demais.

É bem verdade que não somente os pais, bem como todo o elenco docente dessas unidades de ensino ainda buscam uma solução. É notório que há alguns anos esse quadro vem se tornando um verdadeiro pesadelo. Os pais por sua vez, mostram-se temerosos, o Estado tem criado mecanismos para redução, a sociedade clama por justiça, enfim, todos concluem que a escola não é mais um lugar seguro.

2 FATOR GERADOR DA VIOLÊNCIA

É lícito e oportuno dizer que o nosso sistema educacional está em crise. Existe um esforço por parte de vários órgãos e entidades em identificar, quais as reais razões que levaram a violência a invadir o meio escolar. O clima de insegurança tem se apossado do corpo docente, contribuindo de forma negativa desestimulando-o na arte de ensinar. Não importa hora ou o local, as ilicitudes ocorrem à luz do dia. Drogas são comercializadas pelos corredores, banheiros e entradas dos colégios, o sexo é praticado nas próprias das salas de aula. O Estado, pedagogos, professores e profissionais da área tem se preocupado com esse quadro entenebrecedor em busca de soluções.

Em 2006 foi feita uma pesquisa no Recife (FUNDAJ, 2006) comprovando que a violência influi no aprendizado. O surpreendente é que cerca dos 61% dos alunos entrevistados disseram que se sentiam prejudicados nos estudos por causa da violência, especificamente nas agressões físicas, porém, a presença de armas e drogas também foi exposta por eles. Tudo isso gera um clima de insegurança tanto por parte dos professores, bem como dos alunos. Há uma afirmação por parte da maioria dos professores em apontar a família como responsável pelo comportamento dos seus filhos. Nesta mesma pesquisa, 50% dos professores e diretores das escolas pesquisadas concluíram que a família é a razão motivo pelo baixo desempenho dos alunos, devido ao desinteresse dos pais em relação aos seus filhos. Isso só reforça a argumentação dos professores em alegar que família não tem cumprido com o seu papel. "O AMOR é essencial à vida. Se falta na infância provoca mais tarde no adulto uma descrença e insatisfação que o levará à inadaptação, ao fracasso". (SILVA, 2008, p. 14). Muitos desses jovens são frutos de uma família desestruturada, dos quais ostentam dentro de si um sentimento de revolta.Famílias onde brigas são constantes, agressões, desemprego, faltam diálogo etc. A vida social tem início na infância quando a criança se envolve entre os seus semelhantes, mas, é dentro de casa que ela recebe as características repassadas pelos seus genitores, formando o seu caráter. Segundo Silva (2008, p. 41): "Pai e mãe são também responsáveis pela figura que o filho constrói deles".

Preocupada com a situação a Prefeitura do lançou há dois anos o Programa Escola Aberta (FRAGA, 2004), custeada pela Organização das Nações Unidas para a Adolescência e felizmente essa iniciativa chegou a reduzir em 60% os números da violência.

3 CONCLUSÃO

Ainda falta muito para sanar essa debilidade. Os recursos, oriundos do Governo Federal tem sido empregados nos mais diversos projetos e ainda assim a violência persiste. Não basta somente uma estrutura lançada por meio de projetos ligados a lazer, esportes, cultura. É preciso que os órgãos competentes atentem também para projetos voltados na família, Deve haver um empenho maior na execução dos dispositivos legais que garantem o direito dos cidadãos. Afinal, a família é base de uma sociedade e a escola sua extensão, é indubitável que todos são unânimes em almejar um futuro melhor para os jovens que no futuro serão os alicerces dessa nação chamada Brasil.


4 REFERÊNCIAS

DUARTE, Renato. Efeitos da Violência sobre o aprendizado nas escolas públicas da Cidade do Recife. Recife: Massangana, 2006. p 68.

FRAGA, Juliana. Escola Aberta minimiza índices. Folha de Pernambuco, Recife, 04 abr. 2004. p. 3.

FUNDAJ (Recife). Violência afeta aprendizagem. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=720&textCode=6524&date=currentDate>. Acesso em: 18 maio 2006.

SANTOS, Tereza Dos. Entrevista. Disponível em: <http://www.diariodepernambuco.com.br/2008/09/06/urbana7_0.asp>. Acesso em: 29 mar. 2009.

SILVA, Dirce Bastos Pereira da. Pais, amigos ou Censores: Orientações práticas para uma educação personalista e libertadora. 14. ed. São Paulo: Paulinas, 1999. 213 p.



[1] Acadêmico do 1º ano do Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade Integrada de Pernambuco - FACIPE. E-mail: [email protected]