A faixa da contradição

Na quinta-feira, dia 29/12/010, meu marido e eu estávamos assistindo a um noticiário. Na verdade, eu apenas escutando algumas frases por estar atarefada com os afazeres de casa. De repente, meu marido chama minha atenção e me diz: "tu viste quanto custou a faixa presidencial? 38 mil reais!". Fiquei abismada. Cheguei a perguntar se ele entendeu corretamente a notícia. Infelizmente, ele compreendeu.
Muitas notícias geram espanto no dia a dia de todos, mas o custo da faixa que a presidente Dilma receberia no dia primeiro me deixou realmente intrigada. Não tenho preferência por partido político algum, mas acho um horror a grande contradição que a faixa representa. É, no mínimo, estranho a presidente eleita receber uma faixa que tenha custado o que custou. Seria algo esquisito para qualquer presidente, mas para Dilma fica pior, pois ela sustentou sua campanha levantando a bandeira contra a miséria. Sei que não foi a nossa presidente, pessoalmente, quem encomendou a faixa, mas é revoltante saber que um símbolo tenha um custo tão elevado.
Se pararmos para pensar, cada um em sua realidade, quantas horas, dias, meses ou até anos é preciso trabalhar para arrecadar R$ 38 mil? Não quero dar uma de moralista, muito menos desvalorizar o adereço, afinal, ele é um símbolo da democracia. Porém, a democracia só funciona na hora em que o poder está em jogo. Ninguém foi consultado para opinar a respeito desse absurdo. Tenho certeza de que a grande maioria não concorda com isso. Infelizmente, o nosso Brasil está muito longe de ter dinheiro de sobra no caixa para se dar ao luxo de confeccionar uma faixa com cetim e ouro 18 quilates.
Sabe-se que o dinheiro público, muitas vezes, é empregado em coisas bem piores e em proporções muito mais absurdas do que o valor de R$ 38 mil. No entanto, esse "investimento" ficou evidente como um grande supérfluo. Para mim, é um fato que vai ficar registrado como o cartão de visita do novo governo.