A DESIGUALDADE RACIAL E OS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELOS AFETADOS POR ESTE MAL[1]

 

Raíssa Reis Pereira[2]

 

SUMÁRIO: Introdução 1.O problema da mobilidade social de não-brancos; 2.Discriminação no mercado de trabalho; 3.Desigualdade racial no Maranhão

.4. Conclusão; 5. Referências.

 

 

 

RESUMO

O Brasil é um país estratificado, e com isso surgem alguns problemas enfrentados por grupos que são tecnicamente dominados pela classe dos brancos, isto parte de um contexto histórico. Principalmente negros, que devem seus baixos rendimentos, falta de qualificação, entre outros problemas, inclusive uma pesada discriminação salarial e de inserção no mercado.

Palavras-chave:

Desigualdade; Negros;Discriminação

 

INTRODUÇÃO:

 

O Brasil não deve ser considerado em sua extensão como um país pobre, mas sim considerado um pais injusto. E um dos problemas que mais influenciam na constante desigualdade do país são problemas basicamente estruturais, além disso, a pobreza, característica atribuída ao modo de vidas das pessoas não-brancas surge dentro de um contexto de desigualdade de renda é principalmente de preconceitos e de jogos de interesses das classes dominantes no país.

Entre os vários tipos de desigualdade, este artigo visa analisar a desigualdade racial, os problemas enfrentados pelos negros, a falta de escolaridade e a discriminação de inserção ao mercado de trabalho.

Os negros sofrem uma discriminação pelo fato de não serem homens brancos. O sexo e a cor da pele influenciam de maneira geral no rendimento da vida dessas pessoas.

A discriminação é muito grande, os negros em media possuem menos escolaridade do que os brancos, e a maioria deles não conseguem se inserir no ensino superior. No mercado de trabalho também são os menos favorecidos, e que estão com os salários e cargos mais baixos.

1. O PROBLEMA DA MOBILIDADE SOCIAL DE NÃO-BRANCOS

Mesmo após muitos anos depois da abolição da escravidão, os negros e os mulatos continuam ocupando as posições inferiores da estrutura de classes. Alguns dos considerados não-brancos conseguiram ocupar mesmo depois de muita luta, uma ordem superior fugindo assim da pobreza enfrentada pelos outros, mas as dificuldades enfrentadas continuam na função de permanecer com esse status e posição social, preservando-o para suas futuras gerações. 

        É interessante o fato de que umas das explicações para isso, que cada vez mais se desvinculam gradativamente com o aumento do tempo, é a sua relação com a abolição da escravatura no Brasil. E o escravismo torna-se mais distante de assumir o peso de ser a causa primordial de que não-brancos são subordinados aos brancos.  Mas sim que essas explicações devem ser explicadas através das relações entre os brancos e os não-brancos.

         É perceptível a situação das novas gerações de não-brancos, pois pelas discriminações sofridas no passado, a sua situação de desvantagem já lhe é inata, pois eles possuem suas origens de famílias de baixa posição social. Além disso, o preconceito e a constante competição entre os mesmos e entre não-brancos e brancos, são adicionais para que as desigualdades tornem-se mais evidentes. 

pode ser afirmado que, como resultado da discriminação racial no passado,cada nova geração de não-brancos está em posição de desvantagem porque se origina desproporcionalmente de famílias de baixa posição social. (...). Além dos efeitos diretos do comportamento discriminatório, uma organização social racista limita também a motivação e o nível de aspirações dos não-brancos. [3]

O branco de acordo com um pensamento reinante, goza do prazer de fazer parte daqueles que são considerados superiores porque comandam toda a estratificação social. No Brasil, um país de base democrática, acredita (de certa forma ilusória) que essa democracia também racial é combatida. Porém não o suficiente para inibir ou cessar o surgimento de outras formas de discriminação. Com o preconceito, o racismo os grupos raciais impediram que a mobilidade social e individual fosse eficiente para que a democracia racial fosse realizada, ou seja, que raças e pessoas pudessem emergir de estratificados sociais decadentes e inferiores para outros melhores e considerados superiores estratos sociais. Isso é causa dos grandes problemas enfrentados hoje pelo Brasil, a falácia de que um branqueamento do país através da imigração de brancos ou a idéia dessa superioridade da raça branca, ideia extremamente radical e absurda.

O legado dessa ideologia é, portanto gravíssimo: mantêm-se as estruturas de privilégios amparados no discurso da igualdade, isenta-se a população de uma real contestação já que pressupõe que a hierarquização racial da população está ligada a fatores econômicos, e no máximo, é um legado do sistema escravista, e principalmente, o mito da ideologia racial visa desconstruir todo discurso que indague essas premissas. Qual o argumento utilizado? O racismo é creditado a quem propõe medidas que alterem o status quo. [4]

A conscientização das pessoas perante o seu próprio preconceito racial e paralelamente a isso a luta das próprias que sofrem o preconceito, são bons passos para desmistificar todos os fatos que envolvem esses problemas em busca de uma mudança cada vez mais próxima.

 

3.DISCRIMINAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO

Segundo o Mistério da Educação (MEC), apenas 16,7% dos formandos de nível superior no Brasil são negros ou pardos. Quando se comparam esses percentuais com indicadores educacionais, por exemplo, percebe-se que o analfabetismo cresce com a pigmentação da pele, ou seja, apenas 8,3% dos brancos não sabem ler, ao passo que 21% dos negros são analfabetos.[5]

Existe uma diferença muito grande entre o nível de escolaridade dos negros e a inserção desses no mercado de trabalho. Os negros como já podemos observar, tem em media menos anos de estudo do que os brancos, pois, a dificuldade de permanência destes nas escolas e nas universidades é muito alta. A baixa renda familiar faz com que alguns jovens negros tenham que entrar no mercado de trabalho para ajudar nas despesas em casa cada vez mais cedo, abandonando assim os estudos, além do preconceito vivido nas escolas. Os jovens negros praticamente não possuem o direito de ingresso ao ensino superior, o que faz com que sejam menos qualificados e recompensados do que os brancos no mercado de trabalho. “Os negros ganham menos, muito menos que os brancos porque detêm menos conhecimento e exercem funções piores.’’[6]

Homens e mulheres negras, ao deixarem as escolas são mal inseridos no mercado de trabalho, e são os que mais ocupam os ramos agrícolas, os serviços domésticos e as construções civis, muitos trabalham sem carteira assinada e ganham ate menos de um salário mínimo. A educação dos brancos é mais bem recompensada que a dos negros na ocupação de cargos e no aumento de renda. Os brancos geralmente possuem mais tempo de estudo, mais experiência e uma melhor qualificação, fazendo com que recebam salários que sejam o dobro do que os negros ganham.

“A sociedade brasileira não aceita que negros ocupem posições favoráveis na estrutura de rendimentos, e quanto mais os negros avançam, mais são discriminados’’[7]. Os negros são discriminados por sua cor, há pessoas que acreditam que esses não são capazes de responsabilidades maiores, e que seus lugares são os trabalhos que exigem menos qualificação, e assim irão sofrer menos discriminação.

“O desemprego também prejudica mais os negros. As mulheres negras são as que estão mais excluídas do mercado de trabalho.”[8]. São os negros que mais convive com o desemprego, existem mais negros desempregados do que brancos. As mulheres negras, por exemplo, são as que mais sofrem com a discriminação e possuem os menores salários.“As diferenças raciais e a queda dos crimes conforme a faixa etária é explicada também por diferenças salariais: os negros em geral, percebem salários menores do que os brancos, o que explicaria por que negros cometem mais crimes’’.[9]. A falta de renda ou o desemprego pode exercer uma influência ao crime, porém não são todos que comentem crimes, isso depende dos valores morais do cidadão, da educação e da relação com a família.

3. DESIGUALDADE RACIAL NO MARANHÃO

             O Maranhão é um dos estados do Brasil e principalmente do nordeste que possuem índices preocupantes em relação ao modo de vida que apresentam os negros, ou todos os não-brancos. Em um estado que possui praticamente 77,4% de negros na sua população, é trágico pensar que a sua maioria ainda vive em condições de extrema diferença e dificuldades em relação à minoria da população branca. Muitos dos negros do Estado e principalmente da capital São Luis, vivem nas regiões de bairros periféricos. Moradores de um dos Estados mais pobres do país, da região que enfrenta as maiores dificuldades de carências sociais como o nordeste e negros, são pessoas que sofrem as conseqüências de serem estigmatizadas de pobres, bandidos e moram mal.  

                 Certos grupos como o Centro de Cultura Negra do Maranhão que são montados no estado, em busca de um ideal que é vencer preconceitos, combater o racismo apoiados em uma ação simples e em conjunto com a própria escola formadora de opinião das pessoas, considera-se a escola uma instituição que pode hegemonizar, articulando atos para que haja desde cedo um luta contra as mudanças de pensamento e vida desses cidadãos. Enfim, mudar essas regras e valores racistas que permeiam a sociedade. E incluir a partir daí, as pessoas dentro desta sociedade, transformando-a criando participação política em busca dos ideais de negros e excluídos. Tornar verdadeiro o real estado DEMOCRÁTICO de Direito. 

CONCLUSÃO:

  Por fim, podemos concluir que os Brasileiros sofrem de várias maneiras algumas injustiças, ou generalizações incertas, que ficam impregnadas na vida principalmente dos não-brancos, ou negros e mulatos, a idéia de que nascer negro é nascer de família pobre e advir de um estrato social mais deficiente, baixo e inferior, e que por isso essa desvantagem implica na dificuldade de ascensão e mobilidade social. Tudo indica que isso começa desde as dificuldades já conhecidas, como as oportunidades de educação e depois de trabalho, que sempre foi mais facilitada para os brancos, e isso são algumas das maneiras é uma das principais formas de ascensão social. 

A população negra concentra-se a menor renda per capita da distribuição de renda no país. Assim, o Brasil deve combater essa discriminação através de políticas publicas eficientes que tenha a finalidade de possibilitar aos negros ter acesso a boa educação e formas de se  inserirem no mercado sem discriminação.

REFERÊNCIAS

 

BRANDÃO, Carlos Fonseca. Cotas na Universidade Pública Brasileira: será esse o caminho?.Campinas, SP. Autores Associados, 2005.

COELHO, Wilma Baia. Docência e relações étnico e raciais no ensino superior: Algumas reflexões. Revista Olhar. Ano 04, n°07. 2003. São Carlos- SP.

HASENBALG, Carlos Alfredo. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979

HENRIQUES, Ricardo.  Desigualdade Racial no Brasil: Evoluções da condição de vida na década de 90. IPEA- Instituto de pesquisa econômica e aplicada.

LEITE, Silvia Cristina Costa. Centro de Cultura Negra do Maranhão. Novembro 1987. Disponível em: <www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/cp/arquivos/620.pdf - www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/cp/arquivos/620.pdf >. .Acesso em: 15 de novembro de 2009.

SANTOS, Natália Neris da Silva. Ideologia do branqueamento, ideologia da democracia racial e as políticas públicas direcionadas ao negro brasileiro. Revista Urutágua-Acadêmica Multidisciplinar DCS/UEM N°19 set./out./nov./dez.2009-quadrimestral- Maringá (PR).

SOARES, Sergei Suarez Dillon O perfil da discriminação no mercado de trabalho – homens negros, mulheres brancas e mulheres negras. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Brasília, DF. 2000.

VIAPIANA, Luiz Tadeu. Economia do Crime: uma explicação para a formação do criminoso. Porto Alegre, RS: AGE, 2006.



[1] Trabalho apresentado para a obtenção da 2° nota de Filosofia do Direito, ministrada pelo professor Isaac Reis.

[2] Acadêmica do segundo período do curso de Direito da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco: [email protected]

[3]HASENBALG, Carlos Alfredo. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.p.198-199

[4]SANTOS, Natália Neris da Silva. Ideologia do branqueamento, ideologia da democracia racial e as políticas públicas direcionadas ao negro brasileiro. Revista Urutágua-Acadêmica Multidisciplinar DCS/UEM N°19 set./out./nov./dez.2009-quadrimestral- Maringá (PR).p.179.

[5] BRANDÃO,Carlos Fonseca. Cotas na Universidade Pública Brasileira: será esse o caminho?.Campinas,SP.Autores Associados,2005.p.32.

[6] SOARES, Sergei Suarez Dillon O perfil da discriminação no mercado de trabalho – homens negros, mulheres brancas e mulheres negras. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.Brasilia,DF.2000.p.16

[7] BRANDÃO,op.cit.,p.25

[8] SOARES,op.cit.,p.16

[9] VIAPIANA, Luiz Tadeu. Economia do Crime: uma explicação para a formação do criminoso. Porto Alegre, RS: AGE,2006.p.66