A Busca
Seios, nádegas, coxas, boca. Pois que prestem atenção a isso no momento, se for absolutamente indispensável. Chegará o dia em que poderão ver tudo o que é capaz.
Lucia bebe seu café com tranqüilidade, sente o aroma, sopra para deixar numa temperatura agradável, e começa a entender seu mau humor, fazendo críticas a sua pessoa por não se aceitar e buscando explicação por aquela vida desgraçada. Está cercada, aliás, o mundo está cercado por milhares de mulheres lindas! Embora não se julgue feia, acredita não existir nenhuma possibilidade de concorrer com alguém, a não ser pelos seus atributos e performance. Precisava decidir o que fazer, o dinheiro está contado, e não tem muito tempo para conseguir um outro emprego. Já foi a vários lugares, distribuiu seu currículo, suas fotos, mas tudo o que conseguiu foi um convite para jantar, num restaurante de quinta categoria, com a música a todo volume. Bebeu para perder sua inibição, foi além do seu organismo podia suportar, e terminou sem saber onde estava, e o que fazia ali. Com meros passamentos, tudo parecia estranho, a maneira como as pessoas se vestiam, as conversas diferentes, a falsa alegria de todos presentes. Observou de forma meio embasada uma mulher gorda, com o rosto cheio de sardas, sentada numa cadeira de madeira a conversar. "Estou cansada de falar de injustiça dos poderosos. Eles são assim, e ponto final. Escolhem quem desejam, não têm que dar satisfações a ninguém." Lucia um tanto atordoada acha a mulher arrogante , passa os olhos no salão, vê outras moças na mesma situação, mesmos sonhos, "devem estar distribuindo seus currículos e fotos". De súbito, como uma descarga que leva a meleca embora, ela levantasse e desaparece na escuridão. Decide alimentar seu sonho e vai entregar novos currículos.