"O meio é a mensagem, não importa o conteúdo"

Sidney Finkelstein

Estava num restaurante um dia desses, e não pude deixar de observar um jovem casal , numa mesa à minha frente. Ambos com o seu IPAD , envolvidos em suas abstrações, como num transe, não trocaram olhares, nem palavras e nem pensar algumas carícias. São os novos tempos, pensei o que diria o Rubem Braga ao ver esta cena, seria um material interessante com certeza para uma de suas crônicas antológicas, as observações do cotidiano com o seu lirismo peculiar, o velho Braga! Diria talvez:
- Um encontro sem diálogo, insensível e de uma tristeza profunda.
Vivemos numa época de grandes transformações tecnológicas, ambientais e humanas, sem esquecer que à grande verve bélica continua sua cruzada pelo mundo, causando suas mazelas, derramando sangue inocente.
Novas maneiras de convívio entre as pessoas, novas formas de relacionamentos, estamos na era da sociedade virtual, território sem precedentes, sem limites e assustador.
Os avanços tecnológicos, sua trajetória obstinada, são inexoráveis, diante desta tendência e necessidade obsessiva de conectividade que surgem através das redes de relacionamento (Facebook, Orkut, Myspace, Twitter...). Há uma profunda mudança nas pessoas, suas relações humanas tornaram-se virtuais, aquelas através do contato pessoal e afetivo entre amigos e familiares, esta se tornando dados históricos para o museu , para à sociologia, à antropologia e outras ciências humanas.
Uma sociabilidade diferente, com perdas sensíveis de afetividade, com uma grande distância entre as pessoas, sem vida, sem cumplicidade, com comportamentos estóicos e relacionamentos efêmeros.