HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA: UMA ABORDAGEM SOBRE O QUE PENSA DESCARTES, LOCK E HUME NA TENTAVIA DE ENTENDER O QUE DESCARTES QUIS DIZER COM A FRASE (PENSO, LOGO EXISTO), DA EXPLICAÇÃO DE LOCKE SOBRE SUBSTÂNCIA E O QUE QUER DIZER O PRINCÍPIO DA CAUSUALIDA

1 INTRODUÇÃO

Através deste trabalho iremos abordar sobre o que pensa Descartes, Lock e Hume na tentativa de entender o que Descartes quis dizer com a frase (Penso, logo existo), da explicação de Locke sobre substância e o que quer dizer princípio da casualidade estudado por Hume.

No mundo moderno passou-se a esquematizar melhor os limites do estudo filosófico. de René Descartes, de John Lucke e de David Hume, pois, estes filósofos do início pareciam ainda conceber suas teorias filosóficas além de fornecer algum tipo de fundamento para uma determinada concepção científica.

A Filosofia moderna é toda a filosofia que se desenvolveu durante os séculos (XV, XVI, XVII, XVIII, XIX) começando pelo Renascimento e se estendendo até meados do século (XIX), mas a filosofia desenvolvida dentro desse período está fragmentada em vários subtópicos, e escolas de diferentes períodos tais como a filosofia do renascimento e dos séculos (XVII, XVIII e XIX).

Assim, a filosofia moderna foi deixando de se voltar ao objetivo de aumentar o conhecimento material, de buscar a descoberta de novas verdades bem como de justificar as crenças religiosas racionalmente. Porém em outras obras de outros autores a filosofia claramente passa a ser encarada antes como uma atividade de clarificação das próprias condições do conhecimento humano no qual começava então a chamada virada epistemológica.


2 DESENVOLVIMENTO

A afirmação ‘eu penso, logo existo’ nos remete a afirmar que o “eu” não existe porque pensa, mas porque conhece que pensa. O ‘eu penso’ consiste na expressão de uma percepção que o pensamento tem de sua própria realidade, tendo uma intuição intelectual chega-se neste autoconhecimento (BORGES, 2008).

O conhecimento da própria natureza, enquanto pura inteligência partilha do mesmo valor objetivo do conhecimento que o “eu” tem da própria existência. Portanto, se é possível criticar a questão cartesiana como Leibniz fez, contraposto pela lógica afirmando que não há implicação necessária entre o que eu penso ser e o que eu realmente sou e mostrando que não há conhecimento como afirma Descartes.

Mas, segundo Borges (2008) há um simples pensar, ou seja, que a afirmação ‘eu penso’ não é uma concepção intelectual é apenas uma simples representação. Por sua vez, (Kant) criticou a tese cartesiana de que o cogito fornece o conhecimento de minha natureza como substância pensante ; Kant nega que a consciência de si corresponda a uma intuição intelectual.

Na Critica da Razão Pura, (Kant) utiliza a tática de retirar a intuição do entendimento e colocá-la na sensibilidade; a consciência de si deixa de ser um conhecimento que o pensamento tem de si mesmo, pois, para que haja conhecimento é preciso que o pensamento se aplique sobre o sentido interno e quanto a primeira verdade, esta consiste na afirmação da existência de um cogito que excluí qualquer elemento corporal; durante uma descrição da alma chegamos a constatação de que ela é afirmada a partir do pensamento, e depois vai se desdobrando em outras proposições explicando a natureza dessa existência pensante.

Sendo assim, a afirmação ‘eu sou, eu existo’ é verdadeira na medida em que o espírito concebe a partir desta todas as preposições afirmadas a partir dela se tornam verdadeiras. Daí resulta na ordem do desdobramento aprofundando na auto-percepção que o sujeito tem de si mesmo (BORGES, 2008).

Para Locke a substância é algo diferente, estranho a ponto de ironizar dizendo que seu conceito surgiu da necessidade de se sustentar os acidentes, pois, é um termo no mínimo, confuso e quanto à interpretação descrita por (Descartes) ao distinguir as substâncias Deus, mente e corpo, é confuso e contém erros devido à dubialidade do termo usado neste contexto.

Opondo-se ainda mais a Descartes vai dizer o filósofo inglês, que não se deveria ter maior distinção ou clareza no conhecimento de substâncias espirituais particulares de que de corpos materiais. Tal discordância entre os filósofos reflete-se na questão do (EU), pois, a concepção que (Locke) apresenta destoa de tudo que (Descartes) falou, porque em (Locke) o “eu” perde esta substancialidade e também a estaticidade cartesiana. Ele não idealiza o “eu” como um ser ontológico, mas refere-se à consciência de si mesmo ligados às ideias de identidade e de diversidade (MICHAUD, 1986).

Estas são ideias de relação onde ocorre também a união do “eu” com o termo pessoa. E (Locke) o atribui somente aos seres inteligentes, legisladores, ou seja, sociáveis; capazes de serem feliz ou não. Daí a necessidade desta espécie de seres admitirem a existência do próprio eu; pertencente a si.

O princípio da causalidade segundo Cad (2000) contém uma realidade formal com efeito no qual a razão fundamental para mostrar que uma não é simplesmente uma reapresentação, mas sim dependente da outra é que ao tentarmos aplicar a versão mais forte a uma das duas provas sobre as conseqüências da causalidade.

Assim, pode-se dizer que o objetivo central do princípio da causalidade é a passagem da noção de um simples princípio ou de uma causa eficiente, isto é, aquilo de que algo se segue, para a noção de causa ou causa formal, isto é, aquilo do que algo se segue de um modo específico.

E Cad (2000) ainda acrescenta que a aplicação do princípio de causalidade à realidade objetiva da ideia de Deus, na Terceira Meditação tira como conseqüência a existência necessária de “Deus” como causa dessa ideia e ao aplicá-lo à realidade objetiva das ideias tira como consequência a existência das coisas corpóreas.


3 CONCLUSÃO

Ao concluirmos este trabalho chegamos à validade da expressão cartesiana, devido à importância da mesma para todo o legado da filosofia contemporânea, o que comprova que o “eu”, ente pensante é também ente existente, pois, se tenho consciência das coisas que me cercam e até mesmo tenho inclinações de coisas interiores a minha mente, como a razão, está é inegavelmente real e torna-me também deveras uma entidade verdadeira.

Procedendo desta certeza somos capazes de entender que existimos porque pensamos, porque somos um pensamento, uma entidade que existe involuntariamente de qualquer substância material. Assim, a validade do “Penso, logo existo” mostra que o homem é uma necessidade do conhecimento, pois ele e somente ele pode através de suas atribuições ter a certeza de que sua existência está ligada de forma direta a atividade do seu pensar.

O “eu” se constrói através do processo do conhecimento em (Locke) e da sensação que é recebida e que produz as percepções que enviam as ideias à mente no qual acumular experiências provoca a expansão desse eu. Entende-se então que a partir da noção de ser dono da minha pessoa. (Locke) expressa, nessa noção, uma característica central do seu conceito de pessoa, ou seja, algo que temos de adquirir ou construir no tempo e espaço.

E quanto ao princípio de causalidade, este em sua versão forte, que envolve, portanto o modelo de causalidade formal, e conjugá-lo à tese de um Deus veraz garantindo assim a legitimidade de uma inclinação natural, Descartes terá, então, que concluir que não posso ser eu o autor das minhas ideias sensíveis.

E o recurso a esta versão do princípio de causalidade reduz a causa das ideias sensíveis a realidades formais com tanto ou mais grau de realidade que a realidade objetiva das ideias das coisas sensíveis, a saber, ou eu, ou as próprias coisas sensíveis ou Deus.


4 REFERÊNCIAS

BORGES, Renato. A Verdade de Descartes. 4°. Ed. São Paulo: Editora Nuclear, 2008.

CAD, I, L. Dicionário Moderno. 3°ed. São Paulo: Editora Coimbra, 2000.

MICHAUD, I. Locke. 3°. Ed. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1986