Um certo dia, deixando o computador de lado, sozinho no meu quarto pouco iluminado naquele momento, sem sono, à noite, debaixo do cobertor aquecido apenas pela saudade e em volta dos meus livros de cabeceira, comecei a pensar nos momentos bons que vivi: os dias de grandes alegrias, sorrisos espontâneos, abraços sinceros, sem a preocupação de querer ter responsabilidades, mas sim, muitas invenções recreativas. Vi e senti meus 12 anos se mostrar nos meus 25 anos. Vi a sede de ter amigos e não simples colegas. Senti o abraço do meu pai e a preocupação de minha mãe. Me senti gente por ser e ter importância. Porém, o que seria bom transformou-se em pranto. A saudade deu lugar a tristeza. A lembrança de muitos a minha volta deu lugar a realidade de não ter mais o meu pai me esperando em casa. O além, o mistério o levou. De repente, acordo de um sonho que eu sonhava mesmo com os olhos abertos. Acordo de um relance de um sonho em que meu pai sorria e minha mãe me abraçava, aquele abraço verdadeiro, aquele jeito de mãe. Vejo a realidade: não sou mais criança, não tenho mais aqueles momentos de brincadeiras sinceras, não estou mais diante de quem eu cresci e não tenho mais o olhar do meu pai que o destino tirou de mim. Fiquei por um momento preso em meus pensamentos e, assim, paralisado diante deles. Só quando percebi que do passado não se tira mais o presente, comecei a entender que do sonho se tira apenas a reflexão, mas não a minha meta para viver. E dessa reflexão precisava dar valor ao que ainda tenho motivado ao que não desfrutei intensamente. Logo, a mãe que tenho devo-lhe entrega, as pessoas que eu tenho dou o que tenho e posso criar ou inovar. A vida que tenho posso acrescentar e não parar. Porque se no passado tenho boas recordações, no presente posso semear maiores coisas ainda. Sonhar simplesmente e por si mesmo é uma ilusão que nos prende e pode nos parar! Não vale a pena viver sonhando e esquecer-se de viver! Não vale a pena determinar o nosso futuro apenas pelo que fizemos, mas sim no que podemos fazer, hoje, agora!