Lidia Grusegoch (EMEB - Rondonópolis) – [email protected]

Resumo:

O estudo proposto teve como objetivo investigar como as crianças constroem noções matemáticas a partir da do lúdico na Educação Infantil. Para responder essa questão buscamos fundamentar o estudo sobre o brincar, os jogos e a brincadeira, além de elucidar algumas questões acerca da matemática na educação infantil. Esse estudo apresenta uma metodologia qualitativa de análise interpretativa dos dados, no qual utilizamos como instrumentos: registros fotográficos, registros pictóricos e narrativas das crianças na construção dos dados. A pesquisa foi desenvolvida por meio de algumas ações pedagógicas que envolveram a brincadeira  com foco nas noções de numéricas. A análise evidenciou que as brincadeiras favorecem a aprendizagem de crianças da pré-escola acerca dos conhecimentos matemáticos.

 

Palavras-chave: Educação Infantil. Noções de Matemática.

1 Introdução

A motivação para o desenvolvimento dessa pesquisa processou-se a partir das aproximações teóricas entre a experiência acadêmica e profissional com a participação nas disciplinas do Curso de Docência na Educação Infantil até chegar ao tema de investigação sobre noções numéricas a partir de jogos no contexto da educação infantil.

Os objetivos propostos permeiam sobre a utilização de brincadeiras com jogos infantis como uma forma lúdica na construção para a aprendizagem das crianças. Trata-se, portanto, não de ensinar menos ou de forma mais fácil, mas que a criança construa seu conhecimento matemático de maneira mais prazerosa e significativa.

O lúdico na matemática pode ser além de uma simples brincadeira infantil, pois ao se trabalhar as regras, os objetivos a serem alcançados se torna uma ferramenta pedagógica essencial para desenvolver habilidades e competências de raciocínio lógico matemático, além de possibilitar a ampliação de vocabulário e das diferentes áreas do conhecimento. A aceitação e a utilização de jogos e brincadeiras como uma estratégia no processo de ensino e aprendizagem tem ganhado força entre os educadores e pesquisadores nesses últimos anos por considerarem, em sua grande maioria, uma forma de trabalho pedagógico que favorece a aprendizagem significativa, a relação com situações do cotidiano e as interações.

Para Vygotsky (1989) o lúdico tem uma grande valia no desenvolvimento da criança, e é por meio dos jogos que ela aprende a agir e a aguçar sua curiosidade, adquirindo iniciativa e autoconfiança, e também proporcionando o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.

Para responder essa questão de pesquisa buscamos fundamentar o estudo sobre algumas concepções de criança, de infância, sobre o brincar, os jogos e a brincadeira de boliche especificamente.

Nessa perspectiva, desenvolvemos um trabalho de abordagem qualitativa, com registros, narrativas infantis e desenhos pictóricos com análise descritiva e interpretativa. O contexto da investigação ocorreu em uma EMEF, situada no município de Rondonópolis e o universo foi a educação infantil com foco em uma turma de crianças de cinco anos de idade. Na análise expressamos algumas relações estabelecidas pelas crianças e as noções numéricas.

2 Desenvolvimento

Na atualidade, podemos estabelecer uma prática da Educação Infantil voltada para uma visão de criança como ser ativo, construindo conhecimentos sobre o mundo e sobre si mesma. Nessa perspectiva, compreendemos que os jogos e as brincadeiras são caminhos que podem contribuir no processo de ensino e aprendizagem de diferentes áreas do conhecimento, entre elas a matemática.

Quando pensamos em jogos e brincadeiras, inevitavelmente nos reportamos à infância, ou mais propriamente à criança. É difícil imaginar uma criança que não goste de brincar ou de jogar, tamanho é o prazer com o qual se entrega em suas atividades lúdicas.

Segundo Kishimoto (2009), todo jogo acontece em um tempo e espaço, com uma sequência própria da brincadeira. A criança, quando brinca, não está preocupada com a aquisição de conhecimento ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou física, ela visa apenas o lado lúdico, onde pode se divertir.

O jogo visto como recreação aparece como o relaxamento necessário a atividades que exigem esforço físico, intelectual e escolar. Ao atender necessidades infantis, o jogo torna-se uma forma adequada para a aprendizagem das atividades escolares. Pela riqueza de experiências vivenciadas pela criança ao brincar, podemos dizer que ela é indispensável como espaço de aprendizagem.

Para Vigotsky (1991), o lúdico tem uma grande valia no desenvolvimento da criança, e é por meio dos jogos que ela aprende a agir, e a aguçar sua curiosidade, adquirindo iniciativa e autoconfiança, e também proporcionando o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.

Desse modo, faz-se imprescindível o lúdico no ensino e aprendizagem da matemática, pois as ferramentas aplicadas servirão de auxílio, tanto para o educador no ato de ensinar, como para a criança no ato de aprender, utilizando esse recurso como um facilitador, tendo assim em vista que os jogos se mostram eficazes contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil. É preponderante afirmar que o ensino lúdico é um fator essencial no processo de ensino aprendizagem.

Torna-se um  desafio para os professores o papel de agente orientador nesse processo, responsável por garantir à criança, o acesso ao conhecimento matemático e lúdico, com o objetivo de tornar o ensino da matemática prazeroso, aumentando assim a motivação e o interesse compreendendo e conhecendo a criança que se encontra nesse período escolar, pois tratando de jogos, estes não devem ser vistos apenas como forma de entretenimento, mas uma atividade que poderá auxiliar no desenvolvimento de várias habilidades (KISHIMOTO, 2009, p. 37).

Nesse sentido, o jogo como promotor de aprendizagem e de desenvolvimento, passa a ser considerado nas práticas escolares como importante aliado para o ensino, já que colocar a criança diante de situações de jogo pode ser uma boa estratégia para aproximá-la dos conteúdos culturais da escola, além de estar promovendo o desenvolvimento de novas estruturas cognitivas.

O jogo, na educação matemática, passa a ter o caráter de material de ensino quando considerado promotor de aprendizagem. A criança colocada diante de situações lúdicas, apreende a estrutura lógica da brincadeira e, deste modo, apreende a estrutura matemática presente, pois, brincando as crianças imitam gestos e atitudes do mundo adulto, descobre o mundo, vivenciam leis, regras, experimentam novas sensações defrontam com desafios e problemas e buscam soluções para as situações colocadas a elas. Através das brincadeiras elas adquirem hábitos e atitudes importantes para o convívio social, aprendem a ganhar e a perder e quando perdem percebem que haverá novas oportunidades de ganhar. Segundo Smole:

3. Ação educativa

A proposta educativa foi desenvolvida no primeiro momento na sala de aula para a confecção dos materiais para o jogo de boliche. O jogo aconteceu no pátio da escola com registro no quadro que fica no muro da escola, em dois dias consecutivos. Os desenhos foram feitos em sala de aula.

A proposta da ação pedagógica foi pensada a partir da brincadeira de boliche por considerarmos interessante para as crianças e um meio de possibilitar a ampliação de conhecimentos e a manifestação de algumas noções numéricas.

Como meio de organização dos dados para apresentação neste artigo, selecionamos dois eixos de análise: o jogo em ação e os registros pictóricos.

4. Resultados e discussão

Organizadas em uma roda de conversa, as crianças foram provocadas a respeito do jogo de boliche, com alguns questionamentos sem, inicialmente, apresentar o jogo que seria proposto, pois a ideia era de ouvir os conhecimentos prévios das crianças. Algumas perguntas e dicas foram lançadas para a turma e alguns se manifestaram dizendo “jogo de boliche”; mas a maioria desconhecia o jogo.

Após a conversa e manipulação dos objetos que compõe o jogo (alguns foram confeccionados junto com as crianças posteriormente); foi proposta a brincadeira.

5 Algumas considerações

Historicamente as crianças pequenas foram excluídas do sistema público de educação, outrora foram consideradas como pouco importante bastando o cuidado e a alimentação. Atualmente ela é concebida com direito em um espaço institucional que cuida e educa e tem por objetivo a formação integral da criança.

A relevância deste estudo está no fato de compreender a importância de atividades lúdicas e das possibilidades de aprendizagem significativa e de diferentes áreas do conhecimento de modo prazeroso para as crianças da Educação Infantil. A partir do jogo de boliche percebemos a contribuição na aprendizagem de noções matemáticas das crianças, estabelecendo relações de número e quantidade, noção de espacialidade e interações entre as crianças. Entendemos que essas atividades devem ser propostas com mais frequência no espaço escolar de modo a possibilitar às crianças o desenvolvimento de suas ideias e aprimoramento das relações estabelecidas nas primeiras experiências. É importante propor o mesmo jogo, brincadeira para repensarmos e identificarmos os processos de cada criança nesses momentos de aprendizagem e valorizar os registros e narrativas que geram a partir das propostas educacionais na sala de aula. 

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2013.

KISHIMOTO, Tizuco (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo: Cortez, 2009.

MOLE, Kátia C. Stocco et  al. Brincadeiras infantis nas aulas de matemática: matemática de 0 a 6 v.1 . Porto Alegre: Artmed, 2000.

SMOLE K. C. S.; DINIZ M. I. Ler e aprender Matemática. In. SMOLE K. C. S.; DINIZ M. I. Ler, escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender matemática. São Paulo: Artmed, 2001.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991