GESTÃO DA APRENDIZAGEM NAS COMUNIDADES VIRTUAIS: COLABORAÇÃO E AÇÃO CRIATIVA DOS SUJEITOS QUE APRENDEM EM EQUIPE
Publicado em 28 de junho de 2015 por JEOVANE SOARES RODRIGUES
GESTÃO DA APRENDIZAGEM NAS COMUNIDADES VIRTUAIS:
COLABORAÇÃO E AÇÃO CRIATIVA DOS SUJEITOS QUE
APRENDEM EM EQUIPE
Fausta Porto Couto1
Jeovane Soares Rodrigues
Tainara da Silva Costa
RESUMO
Objetivamos neste texto refletir sobre as práticas educativas da Educação a Distância
e o modelo de gestão do aprendizado dos sujeitos em comunidade virtuais de
aprendizagem. Para tal fim realizamos estudos e pesquisas provocados pelo
componente curricular comunidades virtuais de aprendizagem do curso de
Especialização em Educação a Distância-EAD, ofertado pela UNEB-BA, fazendo uso
das seguintes ferramentas: blogs, chats, fóruns, textos e vídeos. O aprofundamento
através de debates, leituras e incursões pelas cibercultura em diversas interfaces,
permitiu-nos ampliar o olhar sobre o processo de construção coletiva do conhecimento
e as demandas contemporâneas que batem à porta da área de educação, como
também vislumbrar as aplicabilidades e funcionalidades das comunidades virtuais. É
fato que as práticas educativas no formato EAD requerem sujeitos que trabalhem em
equipe em que o sentimento de pertencimento se dá, sobretudo, pela partilha,
responsabilidade e fortalecimento de objetivos comuns.
Palavras-Chave: EAD. Gestão da Aprendizagem. Comunidade Virtuais de
Aprendizagem. Cibercultura.
1 Pós-Graduandos em Especialização Educação a Distância pela UNEB-BA, Polo UAB de
Brumado-BA. Texto a ser avaliado pelo professor Adriano Moitinho Pinto, componente
curricular Comunidades Virtuais de Aprendizagem (CVA)
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Introdução
A oportunidade de realizar uma especialização em Educação a Distância traz problematizações importantes sobre essa forma de promover educação e pensar a relação do sujeito com o conhecimento, principalmente em uma sociedade em que a moeda de troca é a informação atualizada em velocidade cada vez maior. A ementa do componente curricular Comunidades Virtuais de Aprendizagem (CVA) elegeu temáticas significativas:
Perspectiva não instrumental de tecnologia. A sociedade em rede,
Cibercultura. Construção de comunidades de Aprendizagem (AVA´s,
Listas, Fóruns, Diários, Enquetes, Chats, Mensageiros Instantâneos,
Home-Pages, ferramentas de construção coletiva). (PINTO, 2014) Motivar o trabalho no coletivo para que essa ementa pudesse ser uma concrectude foi o que pretendeu Pinto (2014), quando estabeleceu um objetivo geral a ser alcançado:
Compreender as noções básicas das Tecnologias da Informação e
Comunicação, Educação a Distância, Comunidades de
Aprendizagem e Ambientes Virtuais para o exercício efetivo dos
processos metodológicos da Educação a Distância durante o curso.” Embarcamos com o professor Adriano Moitinho Pinto nesta busca, que não é nada fácil. E por que não é nada fácil? Primeiro porque aprender e apreender os processos metodológicos da Educação a Distância demandará não só a leitura de textos, vídeos, criação de um blog ou trocas de conversas em chat e fóruns, como também que cada um de nós nos percebamos em outro formato de educação e de aprendizagem, com outras possibilidades de trabalho coletivo. Essa desconstrução não é nada fácil, mediante a individualidade presente no ensino tradicional que está impregnada em nossa trajetória educacional. Segundo, a apropriação mesmo da dinâmica metodológica da EAD nas CVA que vai desde realizar as tarefas até saber estruturar, gerenciar e avaliar-se em uma comunidade virtual de aprendizagem em que cada um é responsável direto pelo processo de partilhar, criar e inovar a produção do conhecimento.
3 3 Temos aí um aprendizado tocado pela cooperação, interação, responsabilidade e sentimento de pertencimento na colaboração. E por último, será necessário articulamos nas práticas educativas presenciais, profissionais ou não, as interfaces possíveis na cibercultura no que tange ao aprendizado em Comunidades Virtuais de Aprendizagem (CVA) de modo significativo, criativo e contextualizado a realidade histórica, política, social e cultural. Isto implica dizer que as Comunidades Virtuais de Aprendizagem estão para a EAD assim como para o ensino todo presencial, uma vez que suas potencialidades permitem a construção da autonomia do aluno em ambas às modalidades de ensino formal. Por assim propomos partilhar com você caro leitor nossas impressões do primeiro módulo do curso de especialização em EAD – UNEB-BA
1. Cibercultura e gestão de aprendizagem nas comunidades virtuais de aprendizagem.
Frente ao desafio posto pelo professor no componente curricular supracitado, cada um de nós buscou de modo coletivo, interativo e responsável:
• Discutir as características da sociedade contemporânea,
examinando os aspectos sociais, políticos e econômicos relativos à
inserção das tecnologias de informação e comunicação;
• Analisar a relação entre a comunicação e a educação
vivenciando a dinâmica do funcionamento tecnológico (interatividade,
simulação, conhecimento em rede e rede de conhecimentos etc.);
• Compreender as novas possibilidades de ampliação dos
processos educativos através da constituição do ciberespaço, cibe
cultura e comunidades virtuais;
• Contextualizar o papel das comunidades virtuais no cenário
contemporâneo;
Construir espaços de produção e difusão dos saberes, através
das Comunidades de Aprendizagem;
Falar sobre a estrutura e andamento do componente curricular
Comunidades Virtuais de Aprendizagem e os apontamentos a serem
feitos a partir dos textos. (PINTO, 2014). Consideramos que as proposições de Pinto (2014) no seu plano de curso forma ambiciosas, e isso foi e é saudável, pois nos esforçamos para que de fato pudéssemos construir espaços de produção e difusão de saberes através
4 4 do aprofundamento teórico/prático sobre a cibercultura, EAD e Comunidades Virtuais de Aprendizagem em uma sociedade contemporânea que vivencia práticas culturais praticamente em tempo real, através da criação do blog, enquanto interface que permite ao sujeito estar na condição daquele que troca, partilha e produz saberes. No que tange ao trabalho com as Comunidades Virtuais de Aprendizagem buscamos partilhar as experiências em cursos de formação em formato em EAD, como é o ofertado pela Secretaria Estadual de Ensino Curso de Aperfeiçoamento Tecnológicos http://www.avate.uneb.br/my/. É um curso que apresenta uma proposta de conteúdo muito interessante, porém as quantidades de tarefas são excessivas e tradicionais pois pouco mobiliza a interação, o partilhar e a colaboração. Basicamente, são textos e vídeos destinados as respostas de um questionário de perguntas e respostas. Acreditamos que este modelo de gestão não guarda paridade como as reflexões de Afonso (2001), sobre aprendizagem significativa. Dado isso, concordamos com Afonso (2001) quando argumenta sobre a interação e construção social do conhecimento de forma efetiva e significativa em um modelo de comunidade de aprendizagem construída a partir do inquiry coletiva e que, essencialmente, traz a ideia de mudança de paradigma porque possui grandes potencialidades do trabalho em equipe. Na busca da consecução dos objetivos acima elencados, adentramos a sala de aula virtual do componente curricular Comunidades Virtuais de Aprendizagem (CVA) sob a coordenação do professor Adriano Moitinho Pinto. Na sala encontramos incialmente, informações essenciais para que pudéssemos desenvolver a autonomia: dicas de como atuar em ambientes virtuais, um calendário, plano de curso. Ademais links de participantes, mensagem, blog etc. No que se refere as ferramentas de trabalho nas informações gerais o participante fez uso de três portas de comunicação: um fórum para se apresentar, um outro para falar com a coordenação e uma sala de bate papo,
5 5 caso desejasse começar um diálogo com alguém a qualquer momento. Ainda sobre a infraestrutura o participante poderia acessar a biblioteca onde encontrou: o módulo da disciplina, informativos com esclarecimentos sobre o moodle, e ainda dois textos: Lemos (2003) e Afonso (2001) para o processo de contextualização. O processo de avaliação está organizado em bloco I e II. No primeiro o participante atuou no fórum afetividade nas comunidades virtuais de aprendizagem, leu o texto de Almeida (2003) e assistiu ao vídeo o buraco no muro. Essas atividades permitiram refletir sobre a importância do diálogo enquanto pressuposto importante na concepção metodológica e epistemológica das propostas de EAD quando da gestão dos ambientes virtuais, que devem ser interativos que viabilizem a produção do conhecimento. Possibilitou ainda constatar que a criatividade e o processo de troca mobilizam a consolidação de aprendizados e saberes individuais e coletivos. No segundo bloco assistimos um vídeo com depoimento de Pierre Levy sobre os novos processos formativos e a EAD enquanto pratica que será cada vez mais inovadora e recursiva mediante os paradigmas vividos de comunicação e informação. Para enriquecer essa discussão o texto de Afonso (2001), Montanaro, Zago e Otsuka (2014), permitiu um aprofundamento sobre a estruturação, concepção, possibilidades de interação no modelo de gestão interativo em que ao aprendizado se faz na criatividade, interação e senso de colaboração. A problematização, contextualização e indagações sobre as especificidades tratadas pelos autores fortalecem o nosso conhecimento e possibilidade de atuação na perspectiva de Afonso (2001) quando preconiza a autonomia e a natureza do conhecimento produzido nas comunidades de aprendizagem, aprender a fazer, aprender a ser e saber a saber. As contribuições que Lemos (2003) sobre a cibercultura permitiu-nos compreender as relações entre Tecnologias de Informação e Comunicação TIC e a cultura contemporânea dentro da área da cibercultura. Essa relação
6 6 impacta as novas práticas comunicacionais, questões de caráter artístico, político, ético, configurações e as novas relações sociais porque a cibercultura emerge da relação simbiótica entre sociedade, cultura e as novas tecnologias de base microeletrônicas surgidas na contemporaneidade. O autor provoca e questiona o leitor a pensar sobre a nossa percepção espaço temporal que se modificou mediante a instantaneidade de comunicação e informação em que a conexão generalizada transmite a sensação de ruptura do espaço-físico geográfico. Para o autor essa ruptura se dá no tudo em rede fixa e agora móvel. Mas, alerta que ao processo exclusão é um fato porque a apropriação das tecnologias de comunicação e informação ainda é uma demanda. Nesse contexto há sempre o perigo dos controles, invasões de privacidade vigiam e a necessidade de se pautar as pratica comunicacionais em suas questões políticas para que possamos avançar na discussão sobre cibercidadania e ciberdemocracia. Os processos de mudanças na cibercultura e nos modos comunicacionais continuarão a surgir seja pela lei da reconfiguração, liberação de polo e/ou conectividade. O fato é que teremos que nos apropriarmos da sócio-técnica na cibercultura. Enquanto Lemos (2003) oferece-nos contribuições para pensar a relação social da cultura da cibercultura e as novas relações sociais, onde dentre outras coisas o corpo é pura informação, Afonso (2001) apresenta-nos um novo modelo de gestão da aprendizagem enquanto práticas educativas nas Comunidades Virtuais de Aprendizagem. A autora aborda a dimensão social e cultural da gestão da aprendizagem e evidencia modelos de comunidades de aprendizagem. A ideia de organização que aprende porque seus indivíduos desenvolvem sua própria teoria de ação e construção social do conhecimento, do conhecimento facilitado e aprendizagem coletiva, o que postula a necessidade de reinventar a educação neste milênio.
7 7 Alves et al (2004) além de compartilhar experiências formativas na graduação quando nesses percursos integra os elementos tecnológicos ao fazer pedagógico, no sentido de ampliar e transformar a ecologia cognitiva. Nesse sentido constata que no processo formativo inicial e continuado de professores, muitas vezes é o momento em que eles iniciam um contato maior com as tecnologias digitais, embora estejam indo atuar em um contexto em que a geração crianças, jovens e adolescentes se movimentam no diálogo e experiências informatizadas. Posto isto é fundamental que as experiências em comunidades de aprendizagem constituam-se em momentos de construir um olhar sobre os modelos de aprendizagem, gestão e produção do conhecimento em rede, como também permitir a auto avaliação que cada um faz de si.
2. Envolvimento entre professores e alunos nos ambientes virtuais
Desde os tempos mais remotos o ser humano procurou demonstrar suas ideias a respeito das coisas e do mundo e tentou compreender o pensamento dos outros. Quando, obrigado pela necessidade, descobriu que podia registrar acontecimentos e ideias, percebeu também que a comunicação se tornara mais fácil, apesar das dificuldades inerentes ao tipo de registro da época. Com o aperfeiçoamento desse registro chegou-se à comunicação oral e escrita atual. Sendo assim, comunicação é fator determinante no desenvolvimento social e crescimento pessoal. Montanaro(2014) nos diz que desde o princípio dos tempos buscamos nos comunicar por meio de tantas linguagens, dentre elas a própria fala. Desde sempre, também compartilhamos experiências por meio das tecnologias disponíveis, sejam elas escritas, como cartas, livros, textos diversos e, mais tarde, imprensa, sejam elas dotadas de todas as diferentes características semióticas. Como afirma Almeida (2003),
“A integração de meios de comunicação de massa tradicionais – rádio
e televisão – associada à distribuição de materiais impressos pelo
correio provocou a expansão da educação a distância a partir de
centros de ensino e produção de cursos, os quais emitem as
informações de maneira uniforme para todos os alunos, que recebem
os materiais impressos com conteúdo e tarefas propostas, estudam os
conceitos recebidos, realizam os exercícios e os remetem aos órgãos
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responsáveis pelo curso para avaliação e emissão de novos módulos
de conteúdo.” Nos que remete a educação de anos alguns anos atrás, ao se tratar do envolvimento e a aprendizagem, o professor era o transmissor de conhecimento e detinha esse conhecimento e caberia a ele repassar na íntegra ao aluno e com baixo envolvimento e interação de ideias. As tecnologias eram poucas e a disposição e o acesso dificultado à informação. As raras fontes de informação eram livros, enciclopédias, dicionários e nem sempre estavam à disposição dos alunos e muitas vezes as informações não eram atualizadas. Mas hoje o contexto é bem diferente, o professor é o mediador mudando o papel do detentor do conhecimento pleno e absoluto. Está presente a autonomia tanto do professor, quanto do aluno para a construção do seu