Introdução

 O presente trabalho parte do pressuposto de que a ciência económica e os principais institutos económicos são avessos ao argumento moral. Contudo, como a economia vem ocupando um espaço de predominância nas ciências sociais, o realce no comportamento auto interessado apresenta evidente perigo para a coesão da sociedade. Embora actuem funcionalmente de modo diverso, a economia e moral estão umbilicalmente interligados. A economia, por seu turno, tem por pressupostos preceitos e instituições que isolam e afastam o conteúdo moral. Seus institutos, desde a segregação epistemológica da economia em face da ciência política, foram concebidos de forma a estruturar seus princípios próprios que são herméticos aos preceitos morais.

Na realidade, a economia possui uma moral própria, guiada por uma mentalidade avessa ao tradicionalismo. A superação do critério económico como meio de mobilidade e de inversão das posições sociais em substituição aos critérios de nascença da época feudal transformou a economia numa ciência neutra, ascética, fechada a juízos morais. Por fim, este trabalho pretende analisar a relação entre a reflexão moral e a reflexão económica. Esta relação é o objecto de debates sobre a existência ou não de contradição entre as duas reflexões, que buscam investigar em que medida o pensamento de ciências económicas apresenta visões complementares ou divergentes sobre o homem.