CONSIDERAÇÕES SOBRE VIOLÊNCIA ESCOLAR

Márcio Issler

Introdução

Necessitamos ter em mente que a escola deve ser um espaço, de acesso à educação “sistematizada” historicamente, como um espaço de produções de saberes. Uma das especificações da formação pedagógica é a docência como atividade pedagógica, que nos leva a entender que nem todo o trabalho pedagógico é um trabalho docente, pois o curso de pedagogia tem por objetivo formar um pedagogo, profissional que estuda e insere a práxis da educação na sociedade. Nesse sentindo é possível afirmar que o curso de pedagogia se caracteriza por formar:

[...] o profissional pedagogo, com formação teórica, científica e técnica com vistas ao aprofundamento na teoria pedagógica, na pesquisa educacional e no exercício de atividades pedagógicas. O próprio estágio no curso de formação de professores e pedagogos configura-se como uma “oportunidade de aprendizagem da profissão docente” e permite a “construção da identidade profissional” (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 99-100).

A educação escolar e o ensino são processuais e compreende aprendizagens de um saber sistematizado. Outro fator importante proporcionado pelo estágio é a possibilidade dos futuros profissionais pedagogos experimentarem uma aproximação à realidade escolar.

Dessa forma é possível pensar que a formação dos profissionais docentes e de suas práticas, “[...] se efetivarão se o professor ampliar sua consciência sobre a própria prática, a de sala de aula e a da escola como um todo, o que pressupõe os conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade [...]” (PIMENTA; LIMA, 2004, p.13).

Este trabalho é fruto de um Projeto de Intervenção realizado em uma Escola do Município de Cascavel.

O objetivo principal deste texto é por meio do estagio realizado, nos aproximarmos da realidade escolar, aprofundando o tema da Violência Escolar.

A Violência Escolar

A complexidade do fenômeno da violência vem exigindo a reunião de esforços interdisciplinares e interinstitucionais. Para tanto, entendendo a escola como um dos vários ambientes formadores de atitudes morais é necessário que pensemos e compreendamos o que a temática da violência escolar tem a nos revelar na contemporaneidade.

Inicialmente devemos considerar que o tema violência é tratado como um fenômeno novo, que teve seu surgimento na década de 1980 e se desenvolveu em 1990. Porém historicamente o assunto não é tão novo assim. No século XIX vários casos de violências foram registrados como, por exemplo, a violência nas escolas como sendo um problema gerado dentro do próprio ambiente escolar. Insultos, agressões físicas não só entre os alunos, mas também situações de agressão a professores e até mesmo homicídios. (Abramovay, 2009)

A complexidade do fenômeno da violência vem exigindo a reunião de esforços interdisciplinares e interinstitucionais. Para tanto, entendendo a escola como um dos vários ambientes formadores de atitudes morais é necessário que pensemos e compreendamos o que a temática da violência escolar tem a nos revelar na contemporaneidade.

Mas então qual é o conceito de violência e violência escolar?

Não existe um consenso entre os autores sobre a definição de violência, pois esta denomina uma serie de situações sociais, que se formam em um determinado tempo, espaço, passando de um período histórico para outro.

 Entende-se por violência,

como a intervenção física de um indivíduo ou grupo contra a integridade de outros(s) individuo(s) ou grupo(s) e também contra si mesmo. Tal definição abrange desde os suicídios, espancamentos de vários tipos, roubos, assaltos e homicídios até a violência no trânsito, disfarçada sob a denominação de “acidentes”, e todas as diversas formas de agressão sexual. Esta definição, ao frisar o elemento físico mostra-se limitada, pois deixa de lado outros aspectos do fenômeno como as chamadas violências simbólica ou moral. (ABRAMOVAY, 2002, p. 5)

Para tanto a violência pode ser tanto física como simbólica. A violência física é o uso da força de uma pessoa forte sobre uma mais fraca. A simbólica caracteriza – se pela violência verbal, abuso de poder para que os outros se sintam menosprezados e inferiorizados. Quando se fala em violência, Njaine e Minayo (2003 apud Ceccon, 2009 p. 37), nos dizem que “[...] estamos falando de relações desiguais, em que um tenta dominar, agredir física ou emocionalmente” A violência ocorre quando não ha mais conversa entre as diferenças, pois os indivíduos tentam impor sobre o outro seus desejos, crenças, aspirações e necessidades.

Muitos dos conflitos que existiam nas escolas foram mal administrados.  Os acontecimentos de violência eram isolados e as únicas medidas que foram tomadas foram à punição. Os casos começaram a ser considerados “normais”.

Nesse sentido “[...] a escola não se apresenta mais como um lugar protegido e até mesmo sagrado, mas como um espaço aberto às agressões vindas de fora”. (CHARLOT, 2002, p.433).

De acordo com (ABRAMOVAY, 2009) as causas do crescimento da violência nas escolas nas ultimas décadas, acontece justamente pelo fato de as escolas produzirem violências. A violência na escola acontece devido ao chamado clima escolar, ou seja, este não vem de fora para dentro da instituição. Mas as próprias escolas por vezes são responsáveis pela reprodução da violência.

Segundo Adorno (1995, p.141), a educação, desde a infância e no âmbito formal ou informal, deve ter como tarefa primordial a “produção de uma consciência verdadeira”, a fim de impedir a regressão dos homens ao estado de barbárie, tendo, com isso uma finalidade política.

A forma como o outro é percebido define os contornos das relações interpessoais. Segundo o autor a escola desempenha papel fundamental na transmissão da formação da consciência. Mas até que ponto a educação atual proporciona experiências formativas aos sujeitos?

Conclusão

Todas essas observações a respeito da educação nos diz que a mesma, exerce uma grande influência na formação dos alunos, podendo assim interferir em seu comportamento social de forma positiva ou negativa. Sendo positiva, à medida que orientar e prevenir os conflitos individuais para que os indivíduos também possam fluir em seu inter-relacionamento.

E negativo, quando ocorrer os desequilíbrios e não se conseguir promover ações criativas para resolução. Estas ações minimizam as tendências negativas do contexto social e auxiliam no fortalecimento da personalidade do indivíduo.

          Facilmente se presume a constante presença das diversas faces da violência, a insegurança e o medo são colocados na maior parte das cidades, médias e grandes, do Brasil como principal problema a ser enfrentado por todos, cidadãos e autoridades, locais e estaduais.

De acordo com Gadea (2014) para analisarmos a questão da violência é necessário considerarmos que a pobreza, a carência material ou mesmo simbólica presente em muitos bairros, pode ser vista como um “marco estrutural” que fundamenta tais atos de violência que os jovens estão presentes passiveis de uma “estigmatização social”.

Referências

ABRAMOVAY, Miriam. Os tipos de violência. 2009. Klickeducação entrevista. Disponível em: <http://www.miriamabramovay.com/site/index.php?option=com_content&view=article&id=31:os-tipos-de-violencia&catid=18:entrevistas&Itemid=12>. Acesso em: 12 de abril de 2014

_____Miriam. Juventude, Educação e Violência. 2002. Texto elaborado para o Seminário Educação X Violência em Cinco Cidades das Américas. Disponível em: <http://www.miriamabramovay.com/site/index.php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=6&Itemid=3>. Acesso em: 12 de abril de 2014.

ADORNO, T.W. A teoria freudiana e o padrão da propaganda fascista. Tradução de Gustavo Pedroso. Margem Esquerda – ensaios marxistas, n 7. São Paulo: Boitempo Editorial, 2006.

CECCON, Claudia... [et al.]. Conflitos na Escola: Modos de Transformar: Dicas para refletir e exemplos de como lidar. São Paulo, SP: Imprensa Oficial, 2009. 208p.

CHARLOT, Bernard. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. 2002. Disponível em:<http://www.scielo. br/pdf/soc/n8/n8a16.pdf >. Acesso em: março de 2014.

GADEA, Carlos A. Jovens, violência e contemporaneidade: interpretações e desafios da escola. In: Violência e educação: em busca de novos olhares. Organização Vilmar Malacarne [et.al.]. -1. Ed. – Curitiba, PR: CRV, 2014.

PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estagio e docência. São Paulo: Cortez, 2004.