Depois de alguns dias sem ver teu nome em todo lugar; depois de me acostumar com a ausência de teus carinhos; ou até mesmo, evitando reler aquelas tuas cartas que me mandava toda vez que brigávamos; depois de um tempo procurando esconder no meu armário tudo aquilo que estava exposto e me lembrava você, confesso: minhas gavetas estão lotadas de lembranças de amor, mas não ameaço abri-las, pois sei que elas tem um grande poder. Depois de dias aceitando e tentando digerir a derrota do primeiro amor, digo com a maior certeza: me sinto mais leve.

Depois de algum tempo sem tuas carícias durante a noite, aprendi a dormir no meio cama; aprendi a levantar dela sem ter você como meu primeiro pensamento do dia; aprendi a levantar e não olhar mais para o lado direito, que antes era teu, e que tanto me fazia lembrar. Coisas tão simples, mas que no futuro, serão apenas coisas, pois até lá, quem sabe, não haja mais amor, saudade, nem tentações e desvantagens?

Outro dia li que a parte mais triste do amor, é quando o mesmo não existe mais. Não que eu ache triste ou errado escrever sobre, pois quem escreve lembrando de alguém, escreve com amor. Mas hoje, não escrevo com amor, mas com amor próprio. Dizem também que “não deve haver rancor onde já se teve amor”, mas as vezes, o amor machuca tanto, que cria rancor. O que deveria ser um adeus harmonioso acompanhado pelo ultimo beijo, foi substituído por palavras rudes, passos largos e pisadas fortes. A parte mais triste do amor, não é o término do sentimento, mas sim o arrependimento: tanto de palavras que não deveriam ter sido ditas, mas que no final, foram gritadas; e também, o arrependimento de palavras que deveriam ser gritadas, mas que durante tanta tensão, não foram nem sussurradas. A parte mais triste do amor é deixar-se ir com rancor; a segunda parte mais triste não é desistir do amor, mas ser obrigado a desistir.

Perdoe-me,
mas amar é loucura
Desisto do amor por um tempo,
espero que o próprio amor também desista de mim por um tempo.
Poupe-me de suas consequências e paixões,
porque eu quero seguir.