AMOROSIDADE E EDUCAÇÃO:

 DA DOCÊNCIA AFETIVA E EFICIENTE

Idanir Ecco[1]

O ato de amor está em comprometer-se com sua causa.

(Paulo Freire)

Considerando os termos amorosidade e educação perguntemo-nos: o que caracteriza essa relação? Nesse contexto, o que se entende por amorosidade? Qual a importância da afetividade no contexto educacional? A temática geradora dessa problematização inicial afeta a todos os seres humanos. Temas relativos a relacionamentos afetivos e/ou amorosos tem o poder de inflamar a imaginação, de revelar e confirmar talentos, produzindo imortalidades. Arvora-se como exemplo disso, O Beijo (1969) de Pablo Picasso, uma das obras mais famosas desse pintor austríaco; ou ainda a tragédia escrita entre 1591 e 1595, Romeu e Julieta, de Wiliam Shakespeare, poeta e dramaturgo inglês.

Notoriamente, exemplos para ilustrar a assertiva acima, encontram-se nas mais diversas áreas da produção humana e em número expressivo. No entanto, o que interessa nesse momento é refletir em torno da ideia anunciada no título deste texto: a amorosidade no âmbito da docência.

A relação pedagógica marcada pela amorosidade possibilita a vivência do respeito e oportuniza práticas que primam para com o desenvolvimento da autonomia dos educandos, compreendendo-os como seres em formação e transformação, num processo ascendente de atualização do Ser-Mais, condição ontológica humana.

A capacidade amorosa constitui-se como elemento fundamental no processo educativo, pois implica vínculo afetivo entre as pessoas e demanda a capacidade de respeitar e de cuidar o outro. Por conseguinte, não se trata de um mero sentimentalismo vago, nem tão pouco de um amor romântico, permissivo ou controlador.

No contexto da docência, a benquerença, a afabilidade manifesta-se no desejo de formar pessoas na sua totalidade. Assim sendo, para eficientemente educar exige-se uma amorosidade competente, do contrário, fica-se na mera boa intenção. Isto é, não basta gostar dos educandos. Exige-se, sincronicamente, ao querer bem ao discente, o saber fazer.

Aprendemos com Paulo Freire, Patrono da Educação Brasileira, em revista à Pedagogia da Autonomia (1996, p. 161) que: “É preciso [...] reinsistir em que não se pense que a prática educativa vivida com afetividade e alegria, prescinda da formação científica séria e da clareza política dos educadores ou educadoras”.

Enquanto virtude docente a amorosidade consubstancializa-se no compromisso e no afeto para com o outro. E a sua efetiva concretização, suscita processos de humanização, pois as diferentes dimensões do ser humano são contempladas no seu decurso formativo. À vista disso, firma-se como parâmetro aos indivíduos em processo de aprendizagem, pois envolve respeito, compreensão, interrelações, retribuições.

O amor (no entendimento argumentado acima) é o fundamento e o gênese instaurador dos princípios basilares da humanização dos seres humanos e da sociedade em que estão inseridos.

Incontestavelmente, urge reiterar que o educador(a) deve querer bem aos educandos (gostar de gente) e zelar pela sua prática (gostar do que faz), qualificando-se continuadamente (saber fazer), mediante a construção de uma base sólida de conhecimentos que possa fundamentar e guiar seus que-fazeres. Eis a prescrição para a amorosidade competente que corporifica uma docência afetiva e eficiente, comprometida com sua causa: a formação integral do ser humano.



[1] Mestre em Educação UPF/RS e Professor da URI Erechim/RS. [email protected]