​​​​Gracielle Gomes Soares [1]

Lidia Soares de Campos [2]

Nilza de Oliveira Sguarezi [3]

 

INTRODUÇÃO

O trabalho ora apresentado é resultante dos dados coletados no âmbito do projeto de pesquisa intitulado Estudo da Produção Acadêmica sobre o professor do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (PPGE/UFMT).  Mencionado projeto faz está vinculado a uma pesquisa mais ampla: A produção Acadêmica sobre o professor: Estudo Interinstitucional da Região Centro Oeste que envolve pesquisadores da Universidade Federal de Mato Groso – UFMT, Universidade de Brasília-UNB, Universidade Federal de Goiás- UFG, Universidade Federal de Uberlândia- UFU, Universidade de Uberaba- UNIUBE e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul -  UFMS.

Em linhas gerais, o projeto supracitado busca enriquecer as pesquisa referente ao professor, a partir de um trabalho interinstitucional, envolvendo pesquisadores das diferentes instituições, que desenvolvem o projeto em cada um dos programas de pós-graduação em educação das Universidades do Centro-Oeste.

Para que tais objetivos fossem alcançados, numa primeira fase da pesquisa as dissertações foram lidas integralmente, analisadas, catalogadas e discutidas coletivamente com o grupo de pesquisadores. As categorias utilizadas inicialmente na análise desses trabalhos foram às seguintes: a) Os temas estudados; b) O referencial teórico utilizado; c) As concepções sobre educação e professor; d) Os métodos, os tipos ou modalidades de pesquisa e os procedimentos de coleta de dados. Cabe-nos indicar que o resumo e os dados coletados das dissertações do PPGE/UFMT foram armazenados através de programa especial de processamento de dados  www.ie.ufmt/centrooeste, criado pelo Núcleo de Educação a Distancia - NEAD/IE/UFMT. No âmbito desse programa, os dados armazenados por meio do preenchimento de um primeiro instrumento denominado de ficha de análise.

Numa segunda fase da pesquisa, ficou sob a responsabilidade dos pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso evidenciar os tipos de pesquisas presentes na produção acadêmica dos programas de pós-graduação em Educação da região Centro-Oeste. Para efeito de nosso trabalho, apresentaremos os dados coletados numa amostragem de 20% da produção acadêmica sobre o professor do PPGE/IE/UFMT, no período de 1999 a 2005, o correspondente 18 trabalhos.

 

  1. CONCEITUANDO PESQUISA

De acordo com Pádua (1997), pesquisa é toda atividade investigativa que nos permite no âmbito da ciência, elaborar conhecimento ou conhecimentos, que nos auxiliarão na compreensão da realidade inquirida. Será chamada pesquisa científica se sua realização for objeto de investigação planejada, desenvolvida e redigida conforme normas metodológicas consagradas pela ciência. 

As pesquisas podem ser classificadas segundo diversos critérios, como por exemplo: quanto a sua natureza, objetivos, objeto, tipos ou modalidades, quanto aos procedimentos técnicos utilizados pelo pesquisador, dentre outros aspectos.

Cabe-nos aqui reiterar que nos últimos anos tem se proliferado pesquisas em educação que se revestem de características diversas, sendo, portanto necessário realizarmos uma breve conceituação de cada um dos tipos de pesquisa definidas para a análise das dissertações. Dessa forma, de acordo com os estudos realizados, seguem neste trabalho, conceitos quanto aos tipos de pesquisas no sentido de delinear categorias inerentes a estes.

Quanto à pesquisa do tipo etnográfica, Geertz (1989), afirma que praticar a etnografia é estabelecer relações, selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um diário.  Mas não são somente as técnicas e os processos determinados que definem o empreendimento. O que define é o tipo de esforço intelectual que ele representa: um risco elaborado para uma “descrição densa”.

            Conforme André (1995), os critérios para utilização da abordagem etnográfica exige que o problema seja redescoberto no campo e, assim, o etnógrafo deve evitar definições rígidas e apriorísticas de hipótese, pois, ao mergulhar na situação, o problema inicial da pesquisa deverá ser revisto e aprimorado. Outro aspecto determinado pela etnografia é que o pesquisador realize o trabalho de campo pessoalmente, pois a experiência direta com a situação em estudo permite um contato íntimo e pessoal com a realidade estudada, pois se acredita que esta imersão na realidade possibilita entender as regras, costumes e convenções que governam a vida do grupo estudado.

A abordagem etnográfica combina vários métodos de coleta, sendo que os principais são: observação participante e entrevista com informantes. Entretanto, além destes, outros métodos podem ser usados, como os levantamentos, as histórias de vida, a análise de documentos, testes psicológicos, videotapes, fotografias e outros.

No referente à pesquisa participante, Brandão (1986), mostra que essa se refere a um enfoque de investigação social por meio do qual se busca plena participação da comunidade na análise de sua própria realidade, com objetivo de promover a participação social para o benefício dos participantes da investigação. Estes participantes são os oprimidos, os marginalizados os explorados. Trata-se, portanto, de uma atividade educativa de investigação e ação social.

Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador e demais envolvidos tem a oportunidade de interação social e a construção de posições valorativas a partir de concepção humanista cristã e marxista de promover transformações sociais, pois durante a realização da pesquisa pode ocorrer a formação da consciência política do coletivo. Trata-se também de um processo de mudança imediata, que ocorre durante a pesquisa, como a que extrapola o âmbito e a temporalidade desta, a fim de promover transformações estruturais e práticas que favoreçam os grupos pesquisados.

A pesquisa survey é um tipo de investigação que, como outras, têm o objetivo de levantar, explorar e analisar dados para criação, formalização e renovação de áreas do conhecimento. Ela possui um importante papel nas pesquisas de opinião e levantamentos estatísticos que visam identificar determinadas situações e que, em muitos casos, atende como base de informações a outros tipos de pesquisa. É muito utilizada quando trata de um problema, ao qual se pretende descrever a situação atual, podendo, portanto, perder sua validade se realizado em outro momento, pois pode apresentar resultados diferentes. Logo, é usada na maioria dos casos, por órgãos de estatísticas particulares e oficiais, onde se faz um recorte quantitativo do objeto de estudo, através de vários instrumentos para coleta de dados, como questionários e entrevistas pessoais (nos domicílios, no trabalho, na rua, pelo telefone, por e-mail e por formulário na Internet – e-survey).

Segundo Rocha (2008), a pesquisa Survey apresenta três características básicas, quais sejam: fornecimento de descrições quantitativas de aspectos do universo ou população estudada; coleta de dados, que normalmente se dá por meio de questionários organizados; e informações coletadas junto a um universo específico ou público alvo que se queira atingir.

            O estudo de caso, segundo Yin (2001) é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. Essa pesquisa consiste em uma investigação detalhada, que possibilita levar à análise do contexto e dos processos envolvidos. É necessário atenção do pesquisador quanto aos novos elementos que podem surgir (contexto real), a multiplicidade de dimensões da problemática, a necessidade de coletar dados em momentos diversos e com diversos informantes.

            A pesquisa histórica é direcionada à explicação de fatos (contemporâneos ou não) através do estudo de acontecimentos passados. A reconstituição e compreensão do objeto de estudo são alcançadas através do levantamento histórico e se torna imperioso recorrer a fontes documentais, biografias, depoimentos orais e escritos.

            A pesquisa-ação, segundo Thiollent apud Gil (1991) é uma pesquisa de base empírica estreitamente relacionada com a resolução cooperativa e participativa de um problema ou situação coletiva no qual os pesquisadores e participantes estão envolvidos.

            A pesquisa experimental segundo Gil (1991), procura explicar de que modo ou porque causas o fenômeno é produzido e está interessada em verificar a relação de causalidade que se estabelece entre variáveis, isto é, em saber se a variável X (independente) determina a variável Y (dependente). Assim, as características que predominam nesse tipo de pesquisa, têm por finalidade explicar o que ocorre quando dois ou mais fenômenos são relacionados, levando em conta que a interferência na realidade é direta em condições preestabelecidas, manipulando a variável independente para observar o que acontece com a variável dependente. Desta forma o controle é rigoroso, evitando influências alheias à verificação que se deseja fazer, exigindo-se objetividade, evitando influências alheias à verificação que se deseja planejadas...