Ética em Aristóteles pode ser definida como uma busca da felicidade dentro do âmbito do ser humano se este homem se esforçar a atingir sua excelência, isto é, se tornar uma pessoa virtuosa. Nestas seis questões a seguir irei abordar justamente temas relacionados a esta ética aristotélica a qual tem como base esta visão que mencionei no primeiro parágrafo, fazer uma básica comparação com a ética em Platão e diante isso acrescentar na conclusão o que isso pode ser acrescentado nos dias de hoje. São apenas reflexões ainda sem muita profundidade, baseadas em um capítulo de um livro e mais a leitura que fiz de um outro livro a qual fiz durante os estudos de metafísica no ano passado, porém mesmo assim Aristóteles merecia um aprofundamento muito mais ético que este.

1- Compare o tratamento, de forma geral, das questões éticas em Aristóteles e em Platão.

Segundo o texto de Danilo Marcondes nos diálogos de Platão as questões filosóficas estão todas bem concatenadas que de uma discussão sobre a verdade passa para uma discussão sobre o conhecimento e depois para outras de natureza ética quando em Aristóteles sua filosofia é mais sistematizada, pois ele divide a natureza humana em três áreas: o saber teórico, o saber prático e o saber criativo.

Outra diferença consiste na maneira como a ética nos foi apresentada, ou seja, Platão nos apresenta tudo em forma de diálogos, já Aristóteles que também possa ter escrito diálogos o que realmente ficou, sobreviveu no tempo foram as notas de aula o que nos mostra um estilo mais árido.

2- Como se pode entender, segundo Aristóteles, a felicidade como um conceito ético?

Na concepção aristotélica a noção de felicidade está ligada intrinsecamente à ética e assim é caracterizada como "ética eudaimônica", isto é a felicidade possui papel central na ética.

Em outras palavras a felicidade está no centro da ética aristotélica. A felicidade para Aristóteles consiste na realização humana e no sucesso daquilo que o homem pretende obter ou fazer e assim ele o faz no seu mais alto grau em excelência humana, ou seja, para ele chegar onde deseja desenvolve suas virtudes (areté), suas qualidades de caráter a qual possibilitarão atingir sua excelência e isto em si já supõe uma "ética perfeita".

3-Para Aristóteles, a virtude, ou excelência moral, resulta do hábito, de sua prática. Contraste essa visão com a de Platão no Mênon, examinada no capítulo anterior.

Bem como sabemos a visão de Platão neste diálogo: "Poderias me dizer, Sócrates, se a virtude pode ser ensinada? Ou se ela se adquire por exercício?"
- "Muito me honras, estrangeiro, se julgas que sei se a virtude pode ser ensinada ou se ela se adquire de outro modo. Na realidade, confesso-te, Mênon, que não o sei. Aliás, nem sei o que é a virtude. E não sabendo o que é uma coisa, como queres que saiba como ela é?"

A partir depois da teoria da reminiscência a qual nada se aprende e nada se ensina, pois a alma tudo se recorda Platão deixa "insinuado" que a verdadeira ciência e a verdadeira opinião são apenas uma recordação e assim o conceito de virtude também fica em aberto.

Uma outra característica importante é a capacidade de apresentar diferentes modos de conceituar essas virtudes, mostrando sua fragilidade sem, no entanto, propor uma conclusão, deixando também a questão aberta. Ou seja, são diálogos conhecidos como aporéticos, ou seja, no final não se chega a uma conclusão e há um contraste entre a visão de Platão sobre a virtude resultar de um hábito e a visão de Aristóteles que já afirma que a virtude resulta sim de uma prática e de um hábito constante.

4-Em que sentido o "meio termo" se caracteriza como um critério da conduta ética?

O meio termo se caracteriza como conduta ética a partir do momento em que a pessoa conhece a si mesmo e assim ela possui um equilíbrio sobre si o que é muito difícil de conseguir.

Em outras palavras a ação ética é caracterizada pelo equilíbrio e deve ser evitada qualquer ação extremada, isto é, tanto o excesso quanto a falta é um desequilibro que possui duas razões originárias na própria coisa, uma por o extremo estar mais próxima ao meio termo e o seu contrário. Por exemplo, a temeridade é mais parecida com a coragem e a covardia o seu contrário. Nós geralmente temos inclinações que parecem mais contrárias ao meio termo segundo Aristóteles como no caso dos prazeres e a moderação.

No que condiz aos dois extremos os que for induzir ao menor erro já que atingir o meio termo é extremamente difícil, seria a melhor saída. Contudo segundo Aristóteles a ética pede que nos afastemos contra tudo o que é agradável, pois assim atingiremos o meio termo.

Uma outra conduta ética seria ter o meio termo como base e ás vezes ir ao sentido do excesso e ao sentido da falta para poder ficar no meio termo já que muitas vezes são atitudes fortes que fazem com que a ética seja cumprida.

5- Como Aristóteles caracteriza o discernimento (phronesis) como uma faculdade que torna possível a ação ou conduta ética?

Aristóteles caracteriza discernimento como uma qualidade racional que leva à verdade no tocante às ações relacionadas com os bens humanos, em outras palavras com as coisas boas ou más para os seres humanos.

Explicando melhor fazer possui uma finalidade diferente do próprio ato de fazer, isto é, agir é uma finalidade em si. Um governante precisa ter discernimento para agir em prol de si e de todos os homens, por exemplo.

As pessoas desgastadas pelos vícios, prazer ou sofrimento não possuem mais discernimento dos primeiros princípios e por isso a palavra "moderação" significa preserva o discernimento.

O discernimento ainda é a forma de excelência moral correspondente a uma parte do nosso intelecto e assim esta faculdade torna possível a conduta ética quando o discernimento determina o objetivo e a excelência moral nos faz praticar as ações "éticas" que levam ao objetivo determinado.

6- O que Aristóteles acrescenta no Livro X à discussão sobre o conceito de felicidade encontrada no Livro I?

No livro I Aristóteles evidencia a felicidade perfeita como uma atividade contemplativa, porém há também os que não contemplam e ele acaba refletindo sobre isso.

A partir disso no livro X se pode acrescentar à discussão sobre o conceito de felicidade encontrada no livro I a questão do prazer Aristóteles discorre no livro X.

O prazer, segundo Aristóteles, é o sentimento que guia os jovens. Comprazer–se das coisas apropriadas e desprezar as más tem fundamental importância na formação do caráter, afinal acreditava que o prazer é um bem, pois todos os animais buscam a ele. Assim Aristóteles diz que o prazer quando buscado em razão de um outro bem (como a justiça), torna–se mais digno ainda, confirmando a idéia de que o bem só pode ser acrescido pelo bem.

Conclusão

A ética aristotélica é muito equilibrada e bem sistematizada. As virtudes como ponto chave, a ascese, o conceito de felicidade ainda hoje pode e deveriam ser manuais para muitos políticos, instituições a qual temos em nossa sociedade.

Referência Bibliográfica

MARCHIONNI, Antônio. Ética: a arte do bom. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.

MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética: De Platão à Foucault. 3 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

PHILIPPE, Marrie-Dominique. Introdução à Filosofia de Aristóteles. São Paulo: Paulus, 2002.