Vítimas fatais de Covid19, quanto tempo o vírus fica no cadáver

Este artigo aborda de forma breve o que acontece com o cadáver de COVID19, não há informações detalhadas do que acontece com o cadáver, até porque não cabe a nós, mas saber, que as vítimas são enroladas em lençóis, colocados em um saco impermeável próprio (para evitar vazamento de fluídos corpóreos). Ainda, coloca-se o corpo em um segundo saco externo que será desinfetado com álcool 70%. Feito isso, faz-se a identificação do saco externo de transporte com: COVID-19, agente biológico de risco 3, caixão lacradoJá em caso de óbito em domicílio, “os familiares deverão receber orientações para não manipularem os corpos e evitarem o contato direto.” Além disso, “os residentes com o falecido deverão receber orientações de desinfecção dos ambientes e objetos (uso de solução clorada 0,5% a 1%).” Ainda segundo o Ministério, “os velórios e funerais de pacientes confirmados ou suspeitos da covid-19 não são recomendados durante os períodos de isolamento e quarentena”. Caso seja realizado, recomenda-se, entre outras coisas medidas, “manter a urna funerária fechada durante todo o velório e funeral, evitando qualquer contato (toque/beijo) com o corpo do falecido.”

É um assunto delicado, devido a situação caótica em que nosso País se encontra, mas sempre tem alguém que pesquisa, estuda, nos traz um pouco do que acontece com o cadáver de COVID 19, vamos saber um pouco do que acontece, de forma clara e objetiva,  a Tanatologia é o estudo científico da morte. Pois investiga os mecanismos e aspectos forenses da morte, tais como mudanças corporais que acompanham o período após a morte, bem como os aspectos sociais e legais mais amplos. É, principalmente, um estudo interdisciplinar. No Brasil as vítimas fatais não passam por autópsia, pois é um risco enorme aos profissionais da área, Segundo o Ministério da Saúde, os EPIs recomendados para esses profissionais incluem gorro, óculos de proteção ou protetor facial, avental impermeável de manga comprida, máscara cirúrgica, luvas nitrílicas e botas impermeáveis. Os peritos devem seguir, ainda, um protocolo rígido de higiene e manuseio do cadáver.

Em Hamburgo estado da Alemanha, desde março de 2020 as autópsias são obrigatórias em caso de morte associados com infecção pelo coravírus (SARS-CoV-2) confirmados por teste de RT-PCR, investigadores alemães ligados ao departamento de Medicina Legal do Centro Universitário Hamburg Eppendorf avaliaram  aestabilidade e a infectividade desse vírus no período pós morte. Foi feito um estudo de um mês e meio, pois ainda não estava claro a possibilidade de transmissão do vírus a partir de cadáveres. Ele acaba de ser publicado no primeiro número de 2021 da revista Emerging Infectious Diseases [1].

Esfregaço é uma leve camada de matéria orgânica sobre uma lâmina de vidro, para exame microscópico, (swabs) de nasofaringe ou parte nasal da faringe é uma região posterior à cavidade nasal, acima do palato mole, foram feitos nos cadáveres, para confirmação do diagnóstico inicial e determinação da carga viral. Não foi observada correlação entre o intervalo pós-morte (medido entre a morte e o resfriamento a 4ºC) cuja mediana foi de 17,8 horas, e a carga de RNA viral dos cadáveres. Foi analisado 11 cadáveres com intervalos pós-morte curtos (medianos de 5,7 horas, variação de 2,9 32 horas). A carga viral foi determinada em uma série de nove esfregaços de faringe feitos sequencialmente entre 0 e 168 horas após a admissão. O RNA do SARS-CoV-2 foi detectado em níveis constantes em todos os pontos analisados. Na faringe de seis cadáveres foi verificado que o novo coronavírus replicava até 35 horas após o óbito.

Mesmo reconhecendo ter estudado um número pequeno de cadáveres, e de pacientes com imunodepressão grave, os autores concluem que há alta infectividade potencial em cadáveres humanos, o que implica na necessidade de adoção de cuidados e de conscientização dos profissionais envolvidos com o seu manuseio. De acordo com eles estudos futuros devem avaliar a persistência do SARS-CoV-2 por tempo superior a uma semana, e em cadáveres com cargas de vírus iniciais mais baixas. Recomendam que todo contato com cadáveres siga as orientações de um guia publicado pela Organização Mundial da Saúde em setembro de 2020 [2].

Marc Gozlan resume este artigo alemão em seu blog Réalités Medicales, publicado no jornal francês Le Monde [3]. Gozlan explica que para se compreender como um vírus pode se multiplicar em um cadáver é necessário saber que o óbito de uma pessoa não implica em que todas as células de seu organismo morram ao mesmo tempo. Na realidade certas células morrem antes do que outras, como é o caso das intestinais, cuja morte é muito rápida. Já determinadas células-tronco de músculo esquelético humano podem sobreviver até 17 dias após a morte e, uma vez colocadas em cultura, podem se regenerar e se diferenciar em miócitos perfeitamente funcionais. Também já se demonstrou que células-tronco de medula óssea de camundongos podem permanecer viáveis após quatro dias da morte dos animais, e reconstituir todas as linhas celulares sanguíneas após o transplante desta medula para camundongos irradiados. Além disso já se demonstrou, em humanos, que o vírus da gripe pode permanecer estável em vários tecidos (traqueia, pulmões, fígado, baço, pâncreas, cérebro) e manter sua infectividade várias horas após o óbito. 

Isso não significa que o vírus morre com a pessoa, porque no caso de doenças respiratórias agudas, os pulmões e outros órgãos "podem continuar a abrigar vírus vivos". Por isso tantos protocolos, poucas pessoas em funerais de vítimas de COVD19, vale ressaltar a importância de nos cuidarmos, não aglomerar, lavar as mão com água e sabão, álcool se não puder lavar, máscaras e o distanciamento, nos ajudam a não elevar a estatística de mortos por COVID19.

Quanto tempo o novo coronavírus permanece ... - UNA-SUS

www.unasus.gov.br › especial › covid19 › markdown Acesso em 17/03/2021

www.bbc.com › portuguese › geral-52395178 Acessado em 17/03/2021