PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS AGRESSÕES CANINAS NO SEGUNDO SEMESTRE DE 2019 NO MUNICÍPIO DA CATUMBELA

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF CANINE AGGRESSIONS IN THE SECOND HALF OF 2019 IN THE MUNICIPALITY OF CATUMBELA

 

RESUMO                                                                                                                                  

Introdução:O estudo das agressões caninas  tem uma relevância por várias razões. Trata-se de um importante problema de saúde pública que acarreta custos económicos elevados para o estado. Objectivo: O estudo teve como objectivo caracterizar o perfil epidemiológico das agressões caninas ocorridas no município no 1º semestre de 2019. Método: Foi realizado um estudo descritivo-exploratório de caracter retrospectivo através duma análise documental.  Resultados: Num conjunto de 600 notificações, foi escolhida intencionalmente uma amostra de 200 casos de mordeduras, cujos utentes foram encaminhados pelos postos da saúde para a vacinação contra a raiva. Os indivíduos do sexo masculino  tiveram maior número de mordeduras (80%; n=160). Houve maior incidência de agressões na faixa etária dos 11 a 20 anos. Os Bairros Gama, Vimbalambi, Tata e Ekolelo, notificaram o maior número de casos 135 (67,5%).  As agressões ocorreram mais em espaços públicas  (85%) e o cão agressor era vadio e não identificado. 50% Dos cães identificados não eram vacinados  contra a raiva, o que constitui um factor de risco para a  transmissão da raiva. Conclusão: Precisam-se mais estudos para estimar a magnitude das mordeduras com vista a intensificar as medidas profilácticas.

Palavras-chave: Cães; mordeduras; incidência, raiva

 

 

 

 

 

 

 

ABSTRACT

Introduction: The study of canine aggression is relevant for several reasons. This is an important public health problem that entails high economic costs for the state. Objective: The aim of the study was to characterize the epidemiological profile of canine aggressions that occurred in the municipality in the 1st half of 2019. Method: A retrospective descriptive-exploratory study was carried out through a documental analysis. Results: In a set of 600 notifications, a sample of 200 cases of bites was intentionally chosen, whose users were referred by health centers for vaccination against rabies. Male individuals had a higher number of bites (80%; n=160). There was a higher incidence of aggressions in the age group of 11 to 20 years. The Gama, Vimbalambi, Tata and Ekolelo neighborhoods reported the highest number of cases, 135 (67.5%). Assaults occurred more in public spaces (85%) and the offending dog was stray and unidentified. 50% of the identified dogs were not vaccinated against rabies, which is a risk factor for the transmission of rabies. Conclusion: More studies are needed to estimate the magnitude of bites in order to intensify prophylactic measures.

Keywords: Dogs; bites; incidence, anger

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                            

  1. INTRODUÇÃO

Os cães destacam-se entre os animais considerados como melhores companheiros do homem. Têm características especiais que facilitam essa convivência: são lúdicos, possuem uma comunicação não-verbal, apresentam afeto, facilitam interações sociais e destacam-se em muitos serviços ( Mondelli et al., 2004).

São os animais de estimação preferidos pelo homem. Estão inseridos no ambiente familiar e isso eleva a sua importância em relação às zoonoses e a probabilidade de ocorrências de agressões pelo que tem sido temática de interesse de Saúde Pública, não só pelas sequelas, mas também pelos custos que produzem aos serviços de saúde em todo o mundo (Oliveira, 2012 ).

A interacção entre o cão e homem nem é sempre benéfica. Em alguns casos pode resultar em mordeduras. Muito embora os cães restringiam ao máximo o uso da agressão, a mordedura pode ocorrer em várias situações: manifestação de domínio, controlo do território, competição pela alimentação, protecção da prole ou outros membros do grupo e ainda agressão provocada por dor ou por medo. (Duffy et al., 2008)

O estudo das agressões caninas é importante por várias razões. Em primeiro lugar, porque trata-se de um problema de saúde pública que acarreta custos económicos elevados para o estado. Por outro lado, essas agressões provocam  repercussões físicas e psicológicas importantes.

As agressões caninas constituem um importante problema de saúde pública em todo o mundo. Estudos realizados em vários países confirmam que os cães são responsáveis por 60- 95% dos acidentes por mordedura causados por animais. Esta constatação coloca os acidentes de dentada canina entre os doze principais acidentes responsáveis por lesões em seres humanos (Palacio et al., 2005).

A frequência das agressões por cães tem sido alta e essas atingem quase todas as faixas etárias. Provocam um congestionamento dos serviços de urgência/ emergência e representam alto custo para o sector. Além disso, podem deixar sequelas temporárias ou definitivas nas vítimas (Oliveira, 2012).

Em Angola, as mordeduras provocadas por cães representam também um importante problema de saúde publica. Anualmente são registados elevados números de agressões provocadas por cães em todo o pais. A titulo de exemplo, só no município de Benguela dados do Departamento provincial da veterinária indicaram que no primeiro semestre  de 2019 foram  registados trezentos e um casos (301) de mordedura canina, dos quais um resultou em morte. Comparativamente ao mesmo período do ano passado (2018), registou-se um aumento de 186 casos deste tipo de mordedura (Conde, 2019).

O presente estudo tem como objectivo o de  estudar o perfil epidemiológico das agressões caninas ocorridas no município da Catumbela no 1º semestre de 2019.

  1. Etiologia das mordeduras

Existem vários factores que podem influenciar o comportamento agressivo dos cães. Entre eles destacam-se:

Factores genéticos: A historia genética pode influenciar significativamente o comportamento de um animal. Pode aumentar ou diminuir as tendências agressivas. A reprodução selectiva por exemplo pode aumentar ou diminuir a tendência de cães mordedores em diferentes contextos (Lockwood, 1998).

Factores biológicos: os factores biológicos podem influenciar também as tendências agressivas. Podemos destacar a idade do animal, sexo, condição reprodutiva e condições gerais de saúde. (Lockwood, 1998).

Factores ambientais: A probabilidade da mordedura pode ser também fortemente influenciada por muitas variáveis ambientais, incluindo o treinamento do animal, sua socialização com as pessoas (especialmente crianças), a qualidade de supervisão e restrição do animal e o comportamento da vítima. (Lockwood, 1998).

Outros factores: Estudos indicam outros factores que induzem o comportamento agressivo nos cães tais como a dominação, induzida por  medo, idiopática,  intrassexual (entre fêmeas ou entre machos), aprendida, protectora de materiais (protectora de alimentos); maternal, protectora do proprietário, induzida por dor, lúdica, predatória, redireccionada, relacionada ao sexo e territorial/protectora (Beaver, 2001).

 

  1.  Consequências das agressões

 

As mordeduras provocadas por cães produzem diversas consequências:

Infecções secundárias: Uma das doenças que podem ser transmitidas por meio dessas agressões é a raiva, considerada uma das zoonoses de maior importância em saúde pública, não só por sua evolução letal, mas também por seu custo social e económico. Para alem da raiva. Podemos destacar também o tétano e a pasteurelose (Knobel et al., 2005).

A transmissão da Raiva ocorre quando o vírus presente na saliva e secreções do animal infectado penetra no tecido, principalmente por meio de mordedura e, mas também, de forma mais rara, pela arranhadura e lambedura de mucosas e/ou pele lesionada. Em seguida, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico e migra para o Sistema Nervoso Central (SNC) e, então, dissemina-se para vários órgãos e glândulas salivares, onde também se replica e é eliminado na saliva das pessoas ou animais infectados (Brasil, 2011, p.7).

Traumas psicológicos: Além da transmissão de doenças, outro aspecto importante das agressões, são os sintomas psicológicos apresentados após o ataque. Estudos apontam que as crianças que sofreram ferimentos ou ataques mais graves propendem a exibir sintomas de transtorno de estresse pós-traumático (Soares et al.,2013)

Lesões: As mordeduras podem provocar lesões graves com consequentes hospitalizações e cirurgias reconstrutivas e hospitalizações. Em certos casos mais graves, essas lesões podem terminar em óbito. As lesões podem ser caracterizadas como abrasão, laceração, perfuração e esmagamento ( Soares et al., 2013).

 

  1. MATERIAL E MÉTODOS

 

Foi realizado um estudo descritivo-exploratório de caracter retrospectivo através duma análise documental. Os dados foram levantados no més de Outubro de 2019 na Repartição municipal da Saúde da Catumbela por meio de um instrumento pré-construído (Formulário) contendo as seguintes variáveis: idade e sexo dos agredidos; Centro/Posto da saúde de notificação; Local onde ocorreu a agressão; região anatómica da agressão; tipo da lesão; relação com o cão agressor; tipo do cão agressor e estado vacinal do cão.

Para a obtenção dos dados utilizados neste estudo foram usadas as fichas de notificação diária dos postos da saúde sobre as mordeduras caninas no 1ºSemestre de 2019 do Programa municipal alargado de vacinação. Num conjunto de 600 notificações, foi escolhida intencionalmente uma amostra de 200 casos de mordeduras, cujos utentes foram encaminhados pelos postos da saúde para a vacinação contra a raiva. Os dados recolhidos no campo, foram analisados utilizando o programa Microsoft Excel 2010 e apresentados em tabelas.

            O estudo foi previamente aprovado pela Direcção da Repartição Municipal da Saúde da Catumbela.

 

 

 

 

  1. RESULTADOS 

            No período em estudo foram identificadas 600 notificações de mordeduras caninas através das fichas/Guias de encaminhamento para a vacinação anti-rábica na Repartição da saúde da Catumbela.

Dos 200 (33,3%) casos escolhidos, o maior número dos agredidos aconteceu entre indivíduos do sexo masculino (80%; n=160). A idade dos agredidos variou entre um mínimo de 8 anos e um máximo de 65 anos. O intervalo de idade com maior incidência de mordeduras foi o de 11 a 30 anos  com 50,5% ( n=110) e o de menor incidência foi os da idade superior a 50 anos com 20 casos (10%).

Tabela 1: Distribuição de casos quanto à idade e ao género

Distribuição quanto à idade

Distribuição quanto ao género

Faixa etária

n

%

Género

n

%

< 10 anos

35

17,5

M

160

80

11 - 30

110

50,5

F

40

20

31-50

35

17,5

 

 

 

>50

20

10

 

 

 

Total

200

100

 

 

100

 

 

Os Postos ou Centros de saúde que notificaram o maior número de casos durante o período foram: Gama, Vimbalambi, Tata e Ekolelo, totalizando 135 notificações o que corresponde a 67,5% do total das notificações.  Os postos de saúde de Candionguilo, Condomínio e Católica tiveram o menor número de notificações totalizando 15 casos correspondentes a 7,5%.

 

 

Tabela 2: Posto da Saúde da proveniência do agredido

Posto

Frequência

Percentagem

Centro de Mulumba

15

7,5

Centro da Tata

25

12,5

Centro do Ekolelo

20

10

Centro Vimbalambi

35

17,5

P.S. do Altoniva

15

7,5

P.S. da Gama

35

17,5

C.S. Catolica

5

2,5

C.S. Lembi-Lembi

10

5

P.S. Açúde

10

5

P.S. do Luongo

20

10

P.S. Condominio

3

1,5

P.S. Candioguilo

7

3,5

Total

200

100

 

Na maioria dos casos, as agressões ocorreram em espaços públicos num total de 170 (85%).  Em 80% dos casos, o cão agressor era vadio e não identificado. Em apenas 20% dos casos o agredido era dono do cão. Na maioria dos casos (65%), o cão agressor foi identificado e sadio. Desses  50% não estava vacinado contra a raiva. A região anatómica com maior incidência das mordeduras foram as extremidades sobretudo os membros inferiores com 80% dos casos. As lesões com maior frequência foram  as profundas/dilacerantes na ordem dos 70% seguidas por superficiais ou a abrasões  (30%).

 

Tabela 3: Local onde ocorreu a agressão

Local

Frequência

Percentagem

Na própria casa

30

15

Espaço Público

170

85

Total

42

100%

 

 

Tabela 4: Região anatómica agredida

Local

Frequência

Percentagem

Cefálica

4

2

Toraco-abdominal

36

18

Extremidades

160

80

Total

200

100%

 

Tabela 5: tipo da lesão provocada

Tipo de lesão

Frequência

Percentagem

Abrasão/Superficial

60

30

Laceração/Profunda

140

70

Total

200

100%

 

Tabela 6: Relação com o cão agressor

Variavel

Frequência

Percentagem

Dono

20

20

Sem relação

180

80

Total

100

100%

 

Tabela 7: Estado clínico do cão agressor

Variável

Frequência

Percentagem

Identificado e Sadio

130

65

Não identificado

70

35

Total

200

100%

 

Tabela 8: Estado vicinal do cão agressor

Variável

Frequência

Percentagem

Vacinado

30

15

Não vacinado

100

50

Não se sabe

70

35

Total

200

100%

 

 

 

 

  1. DISCUSSÃO

            Neste estudo, o intervalo de idade mais atingido pelas mordeduras foi o de 11 a 20 anos  com 38%  dos casos. Esses dados concordam com os dum estudo efectuado por Del Ciampo et al. (2000), onde as faixas etárias mais acometidas foram as de 5 a 10 anos com 38,6% dos casos e a de 10 a 15 anos com 33,7%.  Os autores atribuíram esses resultados à maior liberdade, movimentação e espaço social ocupados por essas crianças, que utilizam como áreas de lazer o quintal de suas casas, a rua, praças, locais públicos e outros. No nosso caso é sabido que as ruas e os espaços públicos são os lugares mais usados pela população infantil para questões lúdicas.

            Um outro estudo refere que as crianças, adolescentes e os adultos jovens estão sujeitos aos altos índices de mordeduras por animais, cuja prevenção pode ser mais bem efectuada quando os diversos factores de risco envolvidos nesse tipo de acidente são conhecidos. Neste estudo, a faixa etária mais afectada foi a de 8 a 14 anos numa frequência de 43%. Estas faixas etárias estão sujeitas a mais acidentes do que as dos adultos, incluindo a mordedura de cão; estão relacionadas à maior movimentação e ao maior espaço social ocupado, pois utilizam como área de lazer, além da sua casa, locais públicos. Os indivíduos destas faixas etárias possuem curiosidade sobre os animais, eles se aproximam, brincam e até mesmo provocam o cão (Carvalho et al., 2007).

            Com relação ao sexo mais atingido, o masculino foi predominante com 80% dos casos. A este respeito, o estudo efectuado por Carvalho et al. corrobora com os resultados deste trabalho. Num total de 189 pessoas agredidas, 119 (63%) foram do sexo masculino. Na mesma linha, o trabalho efectuado por Del Ciampi et al.(2000), teve resultados semelhantes ao constatar que em 412 mordeduras, 254 (61,6% ) eram do sexo masculino. Esses resultados podem ser  justificados pelos comportamentos diferentes de cada sexo e por factores culturais, que determinam mais liberdade aos meninos e maior cuidado às meninas. (Carvalho et al., 2007)

            Veloso et al. ( 2011) justificam este dado considerando que  o sexo masculino tem maior risco de agressões por cães e, consequentemente, de contrair a raiva, devido ao fato de terem maior contacto com os animais, estarem mais tempo fora de casa, tendo atitudes e brincadeiras que podem estimular à agressão.

            No nosso estudo, 4 centros de saúde tiveram o maior número de notificações de mordeduras. Trata-se de Gama, Vimbalambi, Tata e Ekolelo, com 135 (67,5%) casos. Com excepção de Tata, trata-se de centro rurais  com um aglomerado enorme de populares que vivem em casas construídas de modo desordenado onde a convivência com a população canina é consistente. Há cães soltos por toda a parte e que se alimentam em montes de resíduos sólidos acumulados em ar livre. Muitas vezes os cães cruzam-se com a população infantil nestas lixeiras e pelas ruas onde a probabilidade das agressões é maior.

            Neste estudo, a maioria (85%) das agressões ocorreram em espaços públicos. Justificamos este facto pelas características das localidades onde os animais são abandonados pelos donos sem nenhum controlo ( os cães andam pelas ruas a procura de alimentos) e pelo comportamento das pessoas agredidas (sobretudo as crianças que brincam e jogam ao relento sem acompanhamento dos adultos).  Esse dado é contrariado pelo estudo de Paranhos et al. (2013) onde 83% das agressões aconteceu no endereço do cão agressor.        

            Em relação à região anatómica mais atingida pelos cães agressores, as extremidades (membros inferiores e superiores ) tiveram maior predominância neste estudo.

            Muitos estudos tiveram resultados semelhantes: Overall e Love (2001)  constaram que a maioria das lesões em adultos ocorreu nas extremidades, enquanto em mais de 70% dos casos em crianças, foram lesionadas a cabeça, o pescoço e a face.        

            Fortes et al. (2007) identificaram 51% das lesões em membros inferiores.  Veloso et al. (2011)  apontaram no seu estudo que 35,3% dos casos ocorreram nos membros inferiores e 32,2% nas mãos/pés. Observou-se neste estudo que entre as crianças e os adolescentes, os locais predominantes das agressões foram os membros inferiores. Para os indivíduos entre 20 e 59 anos, as mãos e pés e os membros inferiores tiveram praticamente a mesma frequência. Para os idosos, as lesões em mãos e pés foram prevalentes.

            No actual estudo, a maioria dos cães identificados eram sadios muito embora muitos dos quais sem vacinação anti-rábica.  Estudo efectuado por Fortes et al.(2007), revelou resultados iguais em termos percentuais ao presente estudo. 51,0% dos cães agressores  encontravam-se aparentemente sadios no momento do acidente. Um outro estudo realizado por Del Ciampo et al. (2000), revelou que o estado clínico dum número significativo de cães agressores foi desconhecido, o que resultou em uma porção considerável de animais potencialmente expostos ao risco de contrair o vírus da raiva e transmiti-lo ao homem.          

            No que concerne ao tipo de lesões produzidas nas agressões, no actual estudo predominaram as profundas com lacerações na ordem dos 70%. Num estudo realizado por De Carvalho et al. (2012), constatou-se que  em 34,3% das agressões, ocorreram ferimentos em múltiplas regiões do corpo onde predominaram os ferimentos superficiais.

            Quanto à relação do cão com a pessoa agredida, neste estudo em apenas 20% dos casos o agredido era o dono do cão. Estes resultados concordam com os obtidos num estudo efectuado por  Rodrigues et al.(2013) onde a maioria das pessoas mordidas pelos cães nas ruas não eram proprietárias do animal agressor.

            O presente estudo apresenta limitações: Não foram identificados estudos sobre o tema na literatura nacional que permitissem uma comparação com os resultados alcançados; também há uma escassez da literatura nos últimos 5 anos sobre o tema. Outra limitação é a falta de dados sobre se houve transmissão da raiva e óbitos depois dos acidentes de agressão por cães.

 

CONCLUSÃO

            Com este estudo ficou evidente que houve uma prevalência considerável de agressões caninas no município da Catumbela no período considerado.

            Houve maior incidência de mordeduras no sexo masculino (80%); O intervalo de idade mais atingido foi o de 11 a 20 anos  com 38% . Os  Bairros Gama, Vimbalambi, Tata e Ekolelo notificaram mais casos ( 67,5% ). As agressões ocorreram mais em espaços públicos (85%).  Em 80% dos casos, o cão agressor era vadio e não identificado. Na maioria dos casos (65%), o cão agressor foi identificado e sadio. Desses  50% não estava vacinado contra a raiva. A região anatómica com maior incidência das mordeduras foram as extremidades.  As lesões com maior frequência foram  as profundas/dilacerantes na ordem dos 70%.

            Precisam-se mais estudos para estimar a magnitude das mordeduras com vista a intensificar as medidas profilácticas. Considerando que a maioria das mordeduras aconteceu entre crianças/  adolescentes e em locais públicos, é fundamental recomendar aos  proprietários dos animais para que assumam comportamentos adequados ( mantê-los sob custódia, dando alimentação e vacinando-os) e também educar as comunidades sobre os cuidados a ter para com os próprios filhos com vista a reduzir o risco das mordeduras. Salienta-se a importância do médico veterinário com vista a promover campanhas de vacinação anti-rábibica reduzindo assim os riscos de transmissão da raiva.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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