Uma reflexão sobre o ensino engessado na sala regular de ensino

Gardênia de Castro Farias [1]

Kátia Cristiany Rezende do Carmo Santana [2]

Maria Aparecida Alves de Jesus [3]

Marisalva Alves da Silva [4]

Marta de Almeida Pestana Pereira [5]

Raquel Rocha Drews Valadares [6]

 

         Atualmente ouve muito se falar em estudo dinâmico para atingir um número elevado de aprendizagem, entre os alunos.  Logo, surge “Uma reflexão sobre o ensino engessado na sala regular de ensino”.  O sistema educacional desempenha um papel vital na formação das futuras gerações, fornecendo conhecimento, habilidades e valores essenciais para o desenvolvimento individual e coletivo. No entanto, é importante refletir sobre as limitações do ensino tradicional, muitas vezes engessado, que é frequentemente encontrado nas salas de aula regulares. Esse formato pode restringir o potencial de aprendizado dos alunos, desconsiderando a diversidade de estilos de aprendizado, interesses e ritmos individuais.  O ensino engessado se caracteriza por uma abordagem uniforme, onde todos os alunos são expostos ao mesmo conteúdo no mesmo ritmo, independentemente de suas diferenças individuais. Essa abordagem pode criar desafios significativos, incluindo: Falta de Individualização: cada aluno é único, com pontos fortes, fracos e estilos de aprendizado distintos. No entanto, o ensino engessado muitas vezes não permite a adaptação do conteúdo para atender às necessidades individuais. Isso pode resultar em alunos desinteressados, desmotivados ou, pior ainda, que acreditam que não são capazes de aprender. Desmotivação e Desinteresse: quando os alunos não veem relevância no que estão aprendendo, é provável que percam o interesse e a motivação. O ensino engessado muitas vezes não consegue estabelecer conexões entre o conteúdo e a vida real dos alunos, levando a uma falta de engajamento e compreensão superficial. Padrões Rígidos de Avaliação: o sistema engessado muitas vezes enfatiza a avaliação baseada em testes padronizados, o que pode não refletir adequadamente as habilidades e o conhecimento adquiridos por cada aluno. Isso coloca uma pressão indevida sobre os alunos para "decorar" informações em vez de compreendê-las profundamente. Inibição da Criatividade: a criatividade é uma habilidade crucial para enfrentar os desafios do mundo em constante mudança. No entanto, o ensino engessado muitas vezes prioriza respostas "corretas" e uniformes, inibindo a capacidade dos alunos de pensar de maneira crítica e criativa. Falta de Autonomia: a aprendizagem significativa muitas vezes é construída na autonomia e no envolvimento ativo do aluno. O modelo engessado frequentemente limita a autonomia do aluno, reduzindo as oportunidades para que eles explorem tópicos de interesse próprio e tomem decisões em relação ao seu próprio aprendizado. Cada vez mais professores estão comprometidos em atingir com eficácia seus objetivos, durante o processo de ensino. Assim, o acumulo de materiais e certificados estão cada vez maior nos armários e paredes de suas casas. Mas, MACEDO (1994), explica:

Os compromissos científicos, psicológicos e didáticos do professor, ainda que solidários, isto é, não isoláveis entre si no ato pedagógico, têm sua especificidade ou autonomia. Em outras palavras, a ciência espera do professor uma transmissão correta e atualizada dos conhecimentos que produz. A psicologia espera que se tenha em conta, igualmente, as características da criança e seus modos de pensar. A didática, da mesma forma, requer do professor uma aplicação correta de seus métodos. (MACEDO, 1994, p.65-66)

            Desse modo, recai sobre o professor e toda equipe pedagógica o dever de obter um método eficiente que corresponda com uma qualidade de ensino que vá além dos meios didáticos. Há uma grande necessidade de um comprometimento em ambas as áreas que envolvem os estudantes, como: cientifico, psicológico, didático. E isso, tem levado os docentes à procura de cursos e materiais para sanar suas dúvidas com a esperança de serem orientados pelos profissionais que estão dispostos a ofertar esses cursos. Sabe-se que há uma grande chance de obterem ajuda com os conhecimentos adquiridos. No entanto, STAINBACK (1999), afirma:

Se realmente desejamos uma sociedade justa e igualitária em que todas as pessoas tenham valor igual e direitos iguais, precisamos reavaliar a maneira como operamos em nossas escolas para proporcionar aos alunos com deficiências as oportunidades e as habilidades para participar da nova sociedade que está surgindo (STAINBACK; STAINBACK, 1999, p.29).

             Caminhos para uma Abordagem Mais Flexível e Inclusiva. É essencial repensar a abordagem tradicional do ensino e considerar alternativas que promovam uma educação mais flexível e inclusiva. A personalização do aprendizado envolve adaptar o conteúdo, os métodos e as avaliações para atender às necessidades individuais dos alunos. Isso requer um entendimento profundo de seus interesses, estilos de aprendizado e pontos fortes. O aprendizado baseado em projetos permite que os alunos explorem tópicos de interesse por meio de projetos práticos e colaborativos. Isso incentiva a aplicação do conhecimento em situações do mundo real e promove o desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas. A tecnologia pode ser uma ferramenta valiosa para a personalização do aprendizado. Plataformas educacionais online, recursos multimídia e ferramentas interativas podem oferecer diferentes abordagens para o ensino, permitindo que os alunos aprendam no seu próprio ritmo. Os educadores podem incentivar a autonomia dos alunos, permitindo que eles tenham um papel ativo em seu próprio processo de aprendizado. Isso pode envolver escolhas de projetos, definição de metas pessoais e participação na seleção de métodos de avaliação. Promover a colaboração entre os alunos cria um ambiente de aprendizado mais dinâmico e interativo. A troca de ideias, discussões em grupo e o trabalho colaborativo podem enriquecer a compreensão do conteúdo. Sim, se temos a utopia de uma sociedade mais humana e igualitária com um estudo acessível para todos. Nossa busca deverá ir além de cursos e materiais didáticos. Deverá ser analisado e feito uma reflexão sobre a prática de ensino que está sendo implantada nas escolas e em espacial nas salas regulares, como MENDES (2002), esclarece:

A escola inclusiva requer a efetivação de currículos (adaptados ou modificados, quando necessário) e uma prática pedagógica flexível com arranjos que favoreçam tanto o bom aproveitamento quanto o ajuste socio educacional do indivíduo com necessidades educacionais especiais (MENDES, 2002, p.390).

            Refletir sobre o ensino engessado na sala de aula regular é essencial para aprimorar o sistema educacional e permitir que os alunos alcancem seu máximo potencial. Abordagens mais flexíveis e inclusivas podem responder melhor às necessidades diversificadas dos alunos, promovendo um aprendizado significativo e duradouro. Ao adotar práticas que personalizam o aprendizado, incentivam a autonomia e promovem a criatividade, os educadores podem preparar os alunos para se tornarem cidadãos críticos, adaptáveis e engajados em um mundo em constante evolução. Enfim, sabe-se que enquanto, não houver uma dinâmica no ensino aliada com uma estratégia pedagógica coerente e flexível, ainda haverá um ensino engessado que terá pouco efeito sobre o ensino por excelência dos tempos atuais.

 

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

MACEDO, L. Ensaios construtivistas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.

MENDES, E. G. Perspectivas para a construção da escola inclusiva no Brasil. In: PALHARES, M. S.; MARINS, S. C. Escola inclusiva. São Carlos: EdUFSCar, 2002. p.61-85.

STAINBACK, S; STAINBACK, W. Inclusão um guia para os educadores. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

[1] Graduação: Pedagogia, Especialista em: Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso. 

[2] Graduação: Ciências Biológicas e Pedagogia; Especialização em: Educação Infantil com Ênfase em Alfabetização/Gestão Educacional/ Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

 [3] Graduação: Pedagogia; Especialização em: Apoio Educacional Especializado e professora/coordenadora pedagógica na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso. 

[4] Graduação em: Pedagogia; Especialização em: Educação Infantil e letramento/Educação Infantil/Neurociência e Aprendizagem e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

 [5] Graduação: Pedagogia; Especialista em: Psicopedagogia Clínica e Institucional e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

[6] Graduação em: Pedagogia; Especialista em: Psicopedagogia Clínica e Institucional/ Neurociência Aplicada a Aprendizagem/ABA e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.