ISEED – ISTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO ELVIRA DAYRELL

MARIA GORETE ALVES TELES 


  

TRABALHANDO O LÚDICO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 

 

 

VERA/MT

2017

ISEED – ISTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO ELVIRA DAYRELL

MARIA GORETE ALVES TELES

 


 

TRABALHANDO O LÚDICO NA EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS  

 

 

Artigo Científico Apresentado ao Instituto Superior de Educação Elvira Dayrell - ISEED, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Pedagogia.

 

 

 

VERA/MT

2017

 

TRABALHANDO O LÚDICO NA EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS 

 

Maria Gorete Alves Teles[1]

 

RESUMO

 

Este artigo tem como foco o Ensino da EJA - Educação de Jovens e Adultos. Ressalta a importância de trabalhar com alunos da EJA de um jeito diferente. Resgatando o método lúdico para a sala de aula. Pois a ludicidade é usada apenas com crianças da Educação Infantil ou do 1º ciclo. Os alunos do EJA na maioria das vezes são adultos, geralmente apresentam dificuldade de assimilar algumas disciplinas. O lúdico seria uma tentativa de facilitar o processo de ensino e aprendizagem. A importância de mostrar para os alunos da EJA que eles podem aprender utilizando o lúdico. O objetivo desta pesquisa é levar para a sala de aula brincadeiras e jogos pedagógicos, promovendo aulas mais agradáveis. O método utilizado para a construção deste artigo foi a pesquisa bibliográfica. Tendo respaldo em obras de autores como:FREIRE 2001, PINTO 2000, FREIRE 2009, Masetto 2000, BRASIL 1996, FEURSTEINA APUD TURRA 2007 e Macedo 1997,

 

 Palavras chaves: Brincadeira. EJA. Ensino. JogosLúdico.

 

 Introdução 

              O interesse de elaborar uma pesquisa relacionada ao Ensino da EJA partiu do fato de trabalhar diretamente com esses alunos no período noturno, desenvolvendo com eles o lúdico, obtendo pequeno progresso no processo ensino aprendizagem. Apesar da pouca evolução, foi observada uma evolução maior do que com outro método mais tradicional, onde é utilizado para adolescentes. Portanto, já foi constatada que o lúdico, de forma a ser adaptado para adultos é sem dúvida uma alternativa para ser pensada. Partindo desse ponto as questões que motivaram está pesquisa são:

  • Motivar os alunos da EJA a ter vontade de saber e de aprender;
  • Proporcionar um momento de ensino diferenciado;
  • Incentivar o uso de jogos, exemplo: xadrez e dama;
  • Levar mais alunos adultos a freqüentar a sala de aula.

Diante disso, nesta pesquisa fica explicito que o Ensino da EJA é parte integrante da escola, e que a forma de ensinar vai ser fundamental para que haja um número de alunos voltado aos estudos, com intuito de fazer um caminho inverso do qual obtinha, procuramos trazer para as escolas cidadãos que não tiveram oportunidade de estudar no tempo certo, pelo fato de que quando eram crianças e adolescentes, muitos já tinham a responsabilidade de ajudar no aconchego de suas casas, sabemos a maioria dos alunos que, hoje procuram o estudo da EJA, são pessoas com idades avançadas e que já não teriam mais o “tempo” para aprender a ler e escrever, e com isso faz-se necessário a criatividade para que esses novos alunos venham a ter um interesse cada vez maior e que consigam concluir seus estudos com satisfação.

Na civilização antiga, o jogo tinha um caráter primário e fazia parte de todos os processos culturais; podia-se visualizá-lo na guerra, no conhecimento, na arte, na música, na poesia, na filosofia, no direito, na religião. A cultura, em suas formas primitivas, era como que “jogada”. Mesmo as atividades que supriam as necessidades básicas do indivíduo, por exemplo, a caça e a colheita, assumiam formas lúdicas nas sociedades arcaicas. (HUIZINGA, 1990, p. 54).

 

Portanto, fica claro que a ludicidade pode tanto ser trabalhado com criança, como também pode e deve ser oferecido para alunos adultos que freqüentam a EJA. A escola tem papel fundamental em dar suporte pedagógico e apoio para que cada vez mais professores possam estar aderindo trabalhar com o lúdico seja com crianças, adolescentes e adultos, educando o suporte necessário para que promova a inclusão digital na escola.

            Foi escolhida como método a revisão bibliográfica, baseado em textos retirados de livros embasados na idéia e opinião de autores como: FREIRE 2001, FREIRE 2009, Masetto 2000, BRASIL 1996, FEURSTEINA APUD TURRA 2007, Macedo 1997.

 

Desenvolvimento

 

              O Brasil é um país que está se desenvolvendo de forma gradativa, a educação é algo que obteve melhoras consideráveis, tendo poucas crianças que não frequentam a escola, mas nem sempre foi assim, alguns anos atrás, poucos tinham a oportunidade de freqüentar a escola na idade correta, tanto é que o Brasil ainda tem um número considerável de pessoas analfabetas. Também tem uma quantidade razoável de pessoas que somente depois de adulto puderam voltar a freqüentar a sala de aula. Alguns até se formaram e se tornaram profissionais nos vários ambientes de trabalhos, saúde, construção civil, e até mesmo na educação.

Para que tudo isso se tornasse real foi implantado no Brasil projetos com vários nomes destinados para o ensino de adultos, até chegar ao que permanece atualmente a Educação de Jovens e Adultos (EJA):

 

No Brasil e em outras áreas da América Latina a Educação de Adultos viveu um processo de amadurecimento que veio transformando a compreensão que dela tínhamos há poucos anos atrás. A Educação de Adultos é melhor percebida quando a situamos hoje como Educação Popular. (FREIRE, 2001, p, 16).

 

 

              De acordo com Freire, é preciso que o educador quando for trabalhar com alunos da EJA respeite o conhecimento, a cultura trazida já de casa, pois são alunos diferentes dos adolescentes, que apesar de já terem uma convivência familiar, ainda não tem uma formação cultural e nem tem uma opinião formada. Diferente de outros alunos que já vem para a escola com o perfil moldado.

Freire (2009, p.28) confirma o pensamento apontando que;

 

[...] o educador precisa reconhecer, primeiro, nos educando em processo de saber mais, os sujeitos, com ele, deste processo e não pacientes acomodados; segundo, reconhecer que o conhecimento não é um dado aí, algo imobilizado, concluído, terminado, a ser transferido por quem o adquiriu para quem ainda não o possui.

 

 

              É fato concreto que os alunos da EJA são pessoas com famílias, tendo uma vida social formada, por esse motivo o professor precisa de um método de ensino onde será respeitado o conhecimento de aluno, lembrando que o método de ensino utilizado deve ser diferenciado daquele apresentado para crianças e adolescentes. Para que não se torne uma aula chata e cansativa, fazendo com que muitos alunos desistam, pois esses já vão para escola cansada devido ao serviço diário ou ate os seus respectivos empregos que possuem para o sustento de suas casas, fica a sugestão de suar a ludicidade como algo a atrair a atenção dos alunos despertando a atenção e o interesse dos educados. Dessa forma pode acontecer o inverso ao invés de alunos desistirem de estudar, irão trazer mais alunos para a escola.

 

"Uma mudança de atitude em relação à participação e compromisso do aluno e do professor, uma vez que olhar o professor como parceiro idôneo de aprendizagem será mais fácil, porque está mais próximo do tradicional. Enxergar seus colegas como colaboradores para seu crescimento, isto já significa uma mudança importante e fundamental de mentalidade no processo de aprendizagem" (Masetto, 2000, p.141).

 

 

Em 1996, com a reforma da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei n. 9.394, a pesquisa surge como princípio básico da educação nacional. Em seu Art. 3º, a Lei declara que o ensino será ministrado com base nos princípios de “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber” (BRASIL, 1996).    

 

“Melhorar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem; possibilitar a criação de uma nova ecologia cognitiva nos ambientes escolares, mediante a incorporação adequada das novas tecnologias da informação pelas escolas; propiciar uma Educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico; educar para uma cidadania global numa sociedade tecnologicamente desenvolvida” (MEC 97).

 

A tecnologia pode ajudar o educador a trabalhar com os alunos da EJA o lúdico como uso do computador. Os computadores fornecidos para as escolas vêm com atividades e jogos educativos de excelente qualidade.

Para Feursteinaapud Turra (2007);

 

[...] a mediação é um fator de transmissão cultural. A cultura e os meios de informação são fontes para a mudança do homem. Uma mediação educativa deve ter integrados três elementos: o educador (ou qualquer pessoa que propicie desenvolvimento à outra), o aprendiz (ou qualquer pessoa na condição de mediado) e as relações (tudo o que é expresso/vivenciado no processo de ensino e aprendizagem). O primeiro – o educador/mediador – é o elo (sic) entre o mediado e o saber, entre o mediado e o meio, entre o mediado e os outros mediados.

 

 

              A educação é formada por três elementos, o professor, o aluno e o que liga aluno e professor, sendo esse terceiro o ensino, daí a importância do método que o educador fará uso. O sucesso do processo de ensino e aprendizagem depende desse fator. O lúdico adaptado para adultos é algo a ser considerado.

Macedo (1997, p. 52) afirma que;

 

As vantagens de acesso mais rápido ao conhecimento e de redução do espaço requerido para o armazenamento do material têm feito com que os bancos de dados computadorizados se transformem no instrumento ideal de pesquisa. A possibilidade de comunicação remota dos dados contidos nesses bancos, através de redes internacionais como a Internet, faz com que a contribuição da máquina à pesquisa seja ainda maior... Parece-nos ser essa a utilização mais promissora do computador na escola.

 

 

As aulas com o uso da tecnologia aliado ao lúdico se torna diversificada, pois pode ser dada em vários ambientes da escola, no laboratório de informática, sala de aula, no pátio, na quadra e na biblioteca.

Brougére (1998), por sua vez, defende que é possível a conciliação entre o jogar e o aprender, no contexto educacional, desde que sejam respeitadas as características do jogo como atividade espontânea, não produtiva e incerta. Este estudo adota a posição de Brougére, porém, ressalta que não é possível uma adesão total dos diferentes sujeitos do contexto educacional à incorporação do jogo como recurso pedagógico, pois a decisão de incorporá-lo como tal está permeada não apenas por opções de natureza pedagógica, mas também política.

Através dessa referência observa-se que para trabalhar com crianças, adolescentes e adultos, o educador precisa ser capaz de         trabalhar o seu método de educar junto com jogos e brincadeiras.

Fazendo uso da ludicidade com alunos que freqüentam a Educação de Jovens e Adultos, torna as aulas mais divertidas, isso ajuda os alunos a esquecerem o cansaço, pois as pessoas que frequentam as salas da EJA são indivíduos que trabalham durante o dia, jovens com obrigações que precisam trabalhar, senhores pais de famílias e senhoras que precisam trabalhar e cuidar da casa, pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar na idade certa.         

Donmoyer7 (apu COSTA,1991, p. 26) afirma que a incorporação do jogo como estratégia educacional exige decisão e escolha, num contexto de conflito de valores e perspectivas, uma vez que a participação nesse tipo de atividade ocorre em razão da satisfação intrínseca geral e não por causa de objetivos extrínsecos; envolve um engajamento ativo, espontâneo e voluntário dos participantes.

O estudo das vertentes permite a compreensão de concepções que sustentam ou negam o jogo como recurso pedagógico. Para a análise das tendências pedagógicas de jogo, no contexto educacional, tomamos como referência básica o texto do eixo Brincar, publicado pelo MEC – Ministério de Educação e Cultura, no ano de 1998, na versão preliminar do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). Esse material foi divulgado e distribuído para análise e sugestões e resultou na versão final do RCNEI (BRASIL, 1998a).

O MEC defende uma proposta educacional diferente de trabalhar com crianças pequenas, mas esse método que é justamente trabalhar o lúdico, também deve se considerar trabalhar com os adultos.

A pratica do lúdico no processo ensino-aprendizagem de jovens e adultos é uma ferramenta valiosa, pois é através de jogos que esses alunos conseguirão ter uma compreensão do conteúdo proposto, onde será exposto de forma lúdica, com intuito de uma grande aprendizagem, tornando a aula mais prazerosa.

 

Considerações finais

 

              Conclui-se que a ludicidade aplicada com alunos da EJA de forma pedagógica pode facilitar para o professor e para alunos, um ensino menos rigoroso, mas ao mesmo tempo um meio de promover um ensino de qualidade para alunos e professores. O artigo mostra que os jogos podem ser trabalhados em todas as disciplinas, Português, Matemática, História, Geografia, etc.       

              O professor será o mediador do conhecimento, onde precisa atualizar-se nos meios tecnológicos para poder repassar o conhecimento a seus alunos em tempo real. Desta forma o educador estará colaborando com a instituição de ensino no qual trabalha. A tecnologia é uma ferramenta capaz de proporcionar idéias criativas e divertidas, onde será promovido o ensino dentro um ambienta agradável, despertando nos alunos um interessa maior em adquirir mais informação.

            Podemos esperar que este método pedagógico possa contribuir no processo de ensino-aprendizagem, visto que mesmo possuem dificuldades gramaticais e matemática, os discentes podem-se vislumbrar e realizar atividades pedagógicas sem grandes desafios.

Na maioria das vezes, as aulas lúdicas estimulam o interesse e a participação dos alunos, tendo maior socialização, criando entre a turma, o bem estar e a diversão crítica.

Todas essas ações vêm refletir diretamente na frequência dos alunos, contribuindo assim para a redução dos índices da evasão escolar, dando sentido e prazer a todos os participantes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

 

BRASIL. Constituição (1988).______. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

 

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Secretaria da Educação Fundamental. Brasília: MEC/SE, 1998a. v.3.

 

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BROUGÈRE, G. Jogo e a Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. B

 

DONMOYER, R. The politics of play: Ideological and Organizational constraints on the inclusion of play experiences in the School Curriculum. Journal of Research and Development in Education, Georgia: 14 (3): 11- 18, 1981.

 

FREIRE, Paulo. Política e educação : ensaios– 5. ed - São Paulo, Cortez, 2001. (Coleção Questões de Nossa Época ; v.23)

 

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia– saberes necessários à prática educativa. 34. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

 

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 50. ed. São Paulo: Cortez, 2009

 

HUIZINGA, J. Homo ludens:O jogo como elemento da cultura. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1990. 243p.

 

MACEDO, E. F. Novas tecnologias e currículo. In: MOREIRA, A. F. B. (Org.). Currículo: questões atuais. 3. ed. Campinas: Papirus, 1997. p. 52.

 

MASETTO, M. T. Mediação pedagógica e o uso da tecnologia. In MORAM, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A.Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.

 

MEC/SEED Programa Nacional de Informática na Educação, Brasília, 1997.

 

PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Cortez, 2000

 

SANTOS, Edméa O. Articulação de saberes na EAD on-line: por uma rede interdisciplinar e interativa de conhecimentos em ambientes virtuais de aprendizagem. In SILVA, Marco (Org.). Educação on-line. São Paulo: Loyola, 2003.

 

TURRA, N. C. ReuvenFeuerstein. Experiência de aprendizagem mediada: um salto para a modificabilidade cognitiva estrutural. Revista EducereetEducare, Unioeste v. 2, n. 4, p. 297-310, jul./dez. 2007. Disponível em:

. unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/.../1358>.

 

[1]Licenciada em História. Cursando a segunda Licenciatura em Pedagogia. Trabalhou na Escola Estadual Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Atua na Escola Estadual Pedro Barbosa e Escola Municipal Entre Rios.