Antonia Aparecida Marcel[1] 

RESUMO 

Este artigo é fruto da pesquisa bibliográfica e documental, discutirá como a escola utiliza as tecnologias digitais para desenvolver as habilidades das crianças, destacando as contribuições pedagógicas destas tecnologias na Educação Infantil. 

Além desta questão, busca-se, também, compreender quais as contribuições das tecnologias digitais de informação e comunicação no contexto educacional das escolas da Educação Infantil. A entrada das tecnologias digitais no processo educativo pode ser considerada desafio e possibilidades porque envolve transformações pedagógicas, na prática, e na formação do professor. 

Assim busca se destacar aspectos importantes considerando as perspectivas e desafios que os docentes veem enfrentando, e para que essa superação ocorra, é necessária uma reelaboração a estrutura curricular frente às novas tecnologias, onde deve ser encarada como uma realidade a ser cuidadosamente aplicada, com o intuito de formar professores mais capacitados e preparados, visando que as tecnologias digitais aprimoram os nossos sentidos, criando novas possibilidades de interação com esses estudantes. 

O objetivo do estudo sobre a tecnologia na educação infantil ajuda a despertar a curiosidade no aluno por meio de exercícios de estratégia e imaginação, aumentando seu interesse pelas atividades. Portanto, é papel do professor ensinar ao aluno que a tecnologia é uma ferramenta para auxiliar seu aprendizado. Nesta vertente, tiveram como embasamento teórico, autores como: Alves (2008); Folque, (2011) Kenski (2007), Freire, (2011); Libâneo, (2003); Garcia (2017); Levy (1999); Britto (2011); Moran (2000) Pretto, (2006); Veen; Wrakking, (2011); Vygotsky (1989) entre outros que fundamentaram este estudo.

PALAVRAS-CHAVE: Educação infantil, Tecnologias Digitais, Professores.

  1. INTRODUÇÃO

No contexto contemporâneo, as crianças estão diante de uma infinidade de informações e recursos tecnológicos que as possibilitam desenvolver-se de forma autônoma e participativa. Na escola, trazem uma bagagem de conhecimentos prévios que devem ser considerados, são os nativos digitais, por estarem diante deum ambiente no qual as mídias estão presentes na vivência em sociedade. Nesta direção, “[...] os sujeitos que nasceram imersos no mundo digital interagem, simultaneamente, com as diferentes mídias” (ALVES, 2008, p.06 e 07).

Sobre a Educação Infantil, a história nos traz que ela está diretamente vinculada ao reconhecimento do período de infância pelo qual passa todo ser humano. Período este, que só foi reconhecido após a idade média, e se efetivou na modernidade quando acriança é vista como um ser social de direitos que vive sua infância conforme o contexto em que está inserida.

Em relação ao uso das tecnologias na educação, temos a considerar que o desenvolvimento das TIC, principalmente a televisão, o computador interligado à Internet trouxeram para o campo educacional novos desafios, visto que o acesso a eles também é fonte de informação. Nesse contexto, a escola que antes era vista como espaço para obter conhecimentos se vê diante de crianças e jovens que recorrem às TIC para seus processos de entretenimento e também de aprendizagem. Portanto, não há como ignorar sua presença na sociedade contemporânea e a necessidade do professor incorporar e fazer das TIC uma aliada em suas práticas pedagógicas.

Na Educação Infantil (primeira etapa da Educação Básica), os recursos
midiáticos, são de grande importância para o processo ensino-aprendizagem, pois muitas crianças trazem em sua bagagem algumas experiências relacionadas com as novas tecnologias. Assim, o papel da escola é de proporcionar uma aprendizagem significativa partindo das vivências da criança, instigando a criatividade e a curiosidade.

Percebe-se que a utilização das tecnologias na Educação Infantil se tornou
muito importante nas últimas décadas, pois, nessa faixa etária, as crianças estão em pleno desenvolvimento. Por isso, seu uso pode se tornar peça fundamental para a formação de valores e atitudes fundamentais atualmente.

Considerando esse cenário, a escola encontra-se com o desafio de despertar nos alunos o interesse em aprender, tendo em vista que ainda se percebe globalmente que as metodologias de ensino estão voltadas para um modelo tradicional de ensino. Para fomentar esse interesse, as tecnologias têm o papel fundamental no processo, pois é preciso atender às expectativas dessas crianças.

O tema, portanto, foi escolhido por compreendermos que o trabalho
pedagógico com as TDICs (Tecnologias digitais de informação e comunicação),
contribuirá para que os professores de Educação Infantil possam proporcionar às crianças não somente momentos de interação, mas, principalmente, o
desenvolvimento de aspectos cognitivos, afetivos e sociais; possibilitando, assim, a criatividade, a atenção, a concentração, a percepção, a agilidade, a memória, a consciência crítica e reflexiva, atendendo às demandas sociais.

Sob esse ponto de vista, o presente artigo objetivou pesquisar as tecnologias digitais, enquanto proposta pedagógica, no contexto da educação, sobretudo na Educação Infantil. Busca-se, também, compreender quais as contribuições das tecnologias digitais no contexto educacional.

Torna-se relevante, por compreendermos que a Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, deve acompanhar as novas formas de ver e agir da sociedade, com suas transformações e inovações. Assim, inserir as mídias digitais na sala de aula, desde esta etapa, constitui-se de grande importância, pois a todo instante as crianças têm acesso às tecnologias, não apenas aos jogos e brincadeiras, mas também como meios de comunicação, nos quais lhes proporcionam habilidades e facilidades para resolver situações vividas diariamente.

Não há como a escola fugir de propostas pedagógicas que envolvam o uso destas tecnologias no dia a dia docente. Vários são os questionamentos de como as TDICs podem ser enquadradas escolar de maneira significativa. Nesta linha, a partir do trabalho com a utilização de computador, internet, jogos interativos, etc., os alunos estarão diante de situações que promovem o desenvolvimento de habilidades cognitiva, afetiva e social.

 

  1. METODOLOGIA

A metodologia utilizada nesse trabalho foi à pesquisa bibliográfica,
abrangendo bibliografias publicadas como (jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias, teses, material cartográfico). A finalidade da pesquisa bibliográfica é colocar o pesquisador em contato direto com outras bibliografias já conhecidas. Para Manzo (1971, p.32), a bibliografia pertinente “oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizam suficientemente” e tem por objetivo permitir ao cientista “o reforço paralelo na análise de suas pesquisas”. (Trujillo,1974,p.230). Dessa forma, a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sobre novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.

Ao analisar as palavras-chave: Educação infantil, Tecnologias Digitais, Professores, foram contempladas questões que provocaram discussões, reflexões, análises e criticas que contribuíram para a formação das crianças da Educação Infantil.

O estudo realizado sob uma abordagem qualitativa, através da concretização de pesquisa bibliográfica por meio de leituras críticas em livros e artigos científicos, visando à elaboração de um suporte teórico que possibilitasse a análise da realidade (SEVERINO, 2000).  Para desenvolvê-lo foi feita uma análise do levantamento do tema proposto e, em seguida, uma revisão de literatura como embasamento teórico.

 

  1. A EDUCAÇÃO INFANTIL E AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO COMUNICAÇÃO (TDIC)

Desde a promulgação da Lei 9.394/96, a LDB, em que se consagrou a nomenclatura Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica e, em seu artigo 29, definiu como sendo finalidade da Educação Infantil, a promoção do desenvolvimento integral da criança até seis anos em um conjunto de diferentes aspectos (físico, psicológico, intelectual e social) complementando a ação da família e da comunidade, se observa um avanço no que diz respeito a este segmento educacional. (BRASIL, 1996). O Parecer CNE/CEB 022/98 reforçou a necessidade de reconhecer as crianças como seres íntegros, que aprendem a ser e conviver com elas mesmas, com os demais e com o meio ambiente de maneira articulada e gradual. Assim, o documento frisa que os objetivos pedagógicos das instituições de Educação Infantil devem buscar a interação das diversas áreas de conhecimento e aspectos da vida cidadã, desenvolvendo conteúdos básicos para a construção de conhecimentos e valores. Dessa maneira, os conhecimentos sobre espaço, tempo, comunicação, expressão, a natureza e as pessoas precisam estar articulados com os cuidados e a educação para a saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, a cultura, as linguagens, o trabalho, o lazer, a ciência e a tecnologia (BRASIL, 1998).

A partir do estabelecido pela LDB e reafirmado pelo Parecer CNE/CEB 022/98, a Educação Infantil não pode se omitir em proporcionar à criança o contato, a exploração e o domínio educativo das TDIC. Ao utilizar às tecnologias digitais a criança tem a oportunidade de estabelecer novas e ilimitadas formas de interação social, elaborar novas maneiras de aprender e construir conhecimento. Isto acaba evidenciados no próprio Referencial Curricular para a Educação Infantil, RCNEI (1988), em seu terceiro volume, quando aborda o eixo “Conhecimento de Mundo". O documento sugere a inserção do uso do computador na Educação Infantil, reconhecendo-o, portanto, como um recurso material a ser utilizada nas práticas dessa etapa de ensino, com o pretexto de oportunizar o acesso a materiais diferenciados, que podem trazer muitas contribuições para a formação da criança e, consequentemente, sua elaboração de conhecimento de mundo. (BRASIL, 1998).

Torna-se aqui fundamental considerar o exposto por Rocha (2008, p. 1).

 

Embora seja um instrumento fabuloso devido a sua grande capacidade de armazenamento de dados e a facilidade na sua manipulação, não se pode esquecer que este equipamento não foi desenvolvido com fins pedagógicos, e por isso é importante que se lance sobre o mesmo um olhar crítico e se busque, face às teorias e práticas pedagógicas, o bom uso desse recurso. O mesmo só será uma excelente ferramenta, se houver a consciência de que possibilitará mais rapidamente o acesso ao conhecimento e não, somente, utilizado como uma máquina de escrever, de entretenimento, de armazenagem de dados. Urge usá-lo como tecnologia a favor de uma educação mais dinâmica, como auxiliadora de professores e alunos, para uma aprendizagem mais consistente, não perdendo de vista que o computador deve ter um uso adequado e significativo.

 

Sendo assim, hoje em dia, o processo educativo no universo da criança exige do professor da educação infantil habilidades e competências que vão além do domínio dos conteúdos pedagógicos e atenção a aspectos relacionados ao cuidar e estabelece a necessidade de conhecer, dominar, compreender e identificar como as TDIC podem ser utilizadas como recurso pedagógico para o processo de ensino e de aprendizagem. Esse é um dos grandes desafios da educação infantil e de seus profissionais na contemporaneidade.

Contudo, compreende-se que reconfigurar o espaço educacional infantil a partir da inserção das TDIC requer novas maneiras de ensinar e novas formas de aprender. Um novo fazer que vai se impondo exige da Educação Infantil um constante adaptar-se à realidade social, tanto em relação aos papéis do educador e dos educandos, como na relação entre eles e na maneira de utilização das TDIC no contexto educacional infantil.

Levy (1999) vê o período em que se vive atualmente como totalmente permeado pela inovação tecnológica. Dessa maneira, as TDIC, como por exemplo, a Internet, coloca-se como instrumentos indispensáveis, reconhecidas pelo autor como pontos-chave da transformação em simultâneo, se colocam como elemento inovador, que permite que se criem conceitos de interação digital.

Na visão de Levy (1999):


[...] o atual período permeado pela intervenção tecnológica, a Internet e as ferramentas da TIC têm sido os pontos-chave de transformação, enquanto processo inovador e capaz de estabelecer novos conceitos de interação social. Elas trouxeram à organização social uma maior liberdade, onde o sincronismo e tempo real substituíram o espaço e a interconexão substituiu praticamente a questão do tempo (LEVY 1999, p. 17).

 

Corroborando com esse pensar, Britto (2011) enfatiza ainda que as TDIC podem se somar à multiplicidade de materiais existentes nos ambientes de aprendizagem, constituindo se como (novos) recursos que surgem de forma integrada com outras atividades comuns na Educação Infantil, mas não substituindo as existentes (BRITTO, 2011). Assim, entende-se as TDIC na escola como verdadeiros instrumentos pedagógicos responsáveis por potencializar grandes transformações.

Moran (2000, p. 36) chamou atenção para que:

[...] a educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. É importante educar para usos democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias que facilitem a educação dos indivíduos. 

Sabe-se, contudo, que é um desafio criar e permitir o desenvolvimento de uma nova ação docente onde professores e alunos juntos possam participar de um conjunto de processos para aprender de forma mais criativa, dinâmica e encorajadora, tendo como base o diálogo e a descoberta (BEHRENS, 2000).

A Base Nacional Comum Curricular, BNCC, (BRASIL, 2018), que dá um salto histórico quando reconhece a Educação Infantil como sendo uma etapa essencial na escolarização, estabelece os direitos de aprendizagem na Educação Infantil, cabendo destacar dois que, de alguma forma, em maior ou menor grau, guardam alguma relação com as tecnologias:

[...] explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia (BRASIL, 2018, p. 38). 

Em vista disso, a construção de novos caminhos para ensinar e aprender na Educação Infantil chama a criança ao papel central do processo de elaboração de significados e o professor se torna mediador entre a criança, a informação e as TDIC construindo-se, assim, educação na contemporaneidade.

Entretanto, Imbérmon (2010, p. 36) alerta para que

[...] o uso das TIC signifique uma transformação educativa que se transforme em melhora, muitas coisas terão que mudar. Muitas estão nas mãos dos próprios professores, que terão que redesenhar seu papel e sua responsabilidade na escola atual. Mas outras tantas escapam de seu controle e se inscrevem na esfera da direção da escola, da administração e da própria sociedade. 

Gomes (2013) reconhece que a cultura digital está presente no contexto dos grupos sociais atuais e é importante que a criança contemporânea aprenda a utilizar as TDIC de forma construtiva. No espaço multimídia infantil, celulares, computadores, tablets e outros equipamentos eletrônicos podem ser incluídos no processo de ensino e de aprendizagem, já que esses elementos tecnológicos influenciam a formação das crianças em vários aspectos: desenvolvimento motor, cognitivo, linguagem, conhecimento de mundo e a educação para a diversidade.

Frente a isso, parece-nos importante considerar a questão do uso das TDIC na prática pedagógica dos professores de Educação Infantil.  Para essa análise o campo teórico das representações sociais permite que se possa compreender como as práticas pedagógicas dos professores se articulam e organizam em relação às suas representações sobre o uso das TDIC na Educação Infantil e como essas poderiam gerar novas práticas. 

  1. POSSIBILIDADES E DESAFIOS DO USO DAS TDICS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A criança é considerada um ser histórico e social, que participa de forma coletiva e ativamente na sociedade na qual se encontra. Nessa perspectiva, ela não pode ser vista como um indivíduo uniforme, pois faz parte de classes sociais, etnias, raças, gênero e regiões diversas, propiciando uma maneira de ver e sentir o mundo diferenciadamente uma da outra. Por conta disso, cada espaço estrutural e cultural tende a adotar uma concepção de infância própria.

Para Gadotti (2000, p.38), a escola precisa ser o centro de inovações e tem como papel fundamental “orientar, criticamente, especialmente as crianças e jovens, na busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer”. Assim como Gadotti, acredita-se que a educação tecnológica deve começar a partir da educação infantil, e a escola necessita propiciar uma formação geral, preocupando-se em favorecer uma educação integral.

Segundo Pereira; Lopes (2005, p.02), com o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, a escola estará formando “indivíduos mais criativos que estarão adquirindo novos conhecimentos e integrando-se com um novo modo de aprender e de interagir com a sociedade”. A partir desse princípio, o professor precisa propor atividades pedagógicas que possibilitem aprendizagens significativas, contribuindo para o processo de desenvolvimento dos alunos de maneira autônoma e participativa, através de situações e trabalhos de troca de saberes.

Para Ausubel (1980), a característica básica para ocorrer a aprendizagem significativa; é que o relacionamento entre o novo item a ser aprendido e os itens relevantes de estrutura cognitiva, não seja arbitrário ou por acaso. Vale esclarecer que as tecnologias não são apenas equipamentos e aparelhos. Elas correspondem a um universo de elementos criados pelo cérebro humano nas diferentes épocas, maneiras de uso e aplicabilidade. Portanto, o homem utiliza muitas tecnologias que, necessariamente, não estão relacionadas a equipamentos, como a linguagem, enquanto construção criada pela inteligência humana propiciadora de comunicação entre os membros de uma sociedade, na qual originou os diversos idiomas que formam a identidade do povo e a sua cultura. (KENSKI, 2007).

Já as tecnologias digitais, relacionam-se com conhecimentos provenientes da eletrônica, da microeletrônica e das telecomunicações. Elas estão em constante transformação e não são materializadas em máquinas e equipamentos, uma vez que se encontram no plano virtual, com apoio na informação. “Tem suas próprias lógicas, suas linguagens e maneiras particulares de comunicar-se com as capacidades perceptivas, emocionais, cognitivas, intuitivas e comunicativas das pessoas” (KENSKI, 2007, p.38).

Nas últimas décadas, houve grandes avanços tecnológicos que possibilitaram variadas formas de utilização das tecnologias da comunicação e informação, como possibilidade de produção e propagação de informações, interação e comunicação, de maneira instantânea. Para Lévy,


“[...] um mundo virtual, no sentido amplo, é um universo de possíveis, calculáveis a partir de um modelo digital. Ao interagir com o mundo virtual, os usuários o exploram e o atualizam simultaneamente. Quando as interações podem enriquecer o modelo, o mundo virtual torna-se um vetor de inteligência e criação coletivas.” (LÉVY, 2010, p. 75).

 

Neste sentido, a linguagem digital depende da ação autônoma de cada
indivíduo, podendo, assim, aprofundar e detalhar o nível de informações. Assim, a tecnologia torna-se o grande desafio da espécie humana, pois o sujeito deve utilizá-la como o apoio necessário para acompanhar o desenvolvimento do mundo, adaptando-se aos complexos avanços tecnológicos impostos a todos. No contexto
educacional esse desafio aumenta, pois é preciso que o professor esteja preparado para o domínio e assimilação crítica dessa linguagem.

Como instrumento de inclusão social, a tecnologia ganha o viés de
incorporadora da cidadania dos indivíduos, garantindo o acesso à informação e
diminuindo custos dos meios de produção multimídia através de ferramentas que aumentam o potencial do cidadão. Então, se somos cidadãos e consumidores, emissores e receptores de saber e informação, seres que estão simultaneamente, em rede e autônomos, precisamos que a escola seja o espaço para essa revolução (PINTO; PRETTO, 2006).

Assim, o papel das TDICs no ambiente educativo é o de favorecer a
construção de conhecimento, de maneira que auxiliem na concepção de um novo modelo de ensino. A educação deve ser efetivada colaborativamente, no qual o aluno é um sujeito atuante, uma vez que este, como nativo digital, tem habilidades para usá-las e facilidade para se relacionar através das novas mídias.

Como em toda geração, o comportamento social jamais é desenvolvido no
vazio, tendo em vista que grande parte de nosso comportamento é influenciado pelo contexto social no qual estamos inseridos. Assim, crianças realizam e pensam aquilo que é resultado do processo interativo do mundo exterior.

É preciso que a escola crie mecanismos para receber esse sujeito que não seja um aluno desatento, desinteressado. Na verdade, como nativo digital, desenvolveu a capacidade de realizar várias atividades ao mesmo tempo, daí o principal motivo da suposta desatenção e desinteresse, pois eles não estão acostumados a desenvolver apenas uma atividade de cada vez, mas diversas ao mesmo tempo.

Essa conduta vem ocorrendo porque a utilização das tecnologias no dia a dia das crianças é tão viva que acaba influenciando no comportamento e no modo de pensar, acarretando consideráveis repercussões na maneira de aprender e de se relacionar com o mundo.


“As crianças hoje passam horas de seu dia assistindo a televisão, jogando no computador e conversando nas salas de bate papo. Ao fazê-lo, processam quantidades enormes de informação por meio de uma grande variedade de tecnologias e meios. Elas se comunicam com amigos e outras pessoas de forma muito mais intensa do que as gerações anteriores, usando a televisão, o MSN, os telefones celulares, os ipods, os blogs, os Wikis, as salas de bate-papo, a internet, os jogos e outras plataformas de comunicação, utilizando tais recursos se plataformas em redes técnicas globais, tendo o mundo como quadro de referencia.” (VEEN; WRAKKING, 2011, p. 4-5).

 

Tanto os pais como a escola precisam conscientizar-se de que essas crianças desenvolveram habilidades como a capacidade de busca por informações, capacidade essa muito maior do que a deles. Muitas vezes, os pais pensam que os filhos encontram o que procuram por acaso, grande equívoco, pois as crianças contemporâneas diferem-se das demais por serem dinâmicas e velozes naquilo que realizam.

Ocorre um fenômeno jamais visto na história, uma geração que tem ensinado pais e até professores a utilizar diversas tecnologias. As habilidades desenvolvidas por estas crianças ultrapassa a habilidade instrumental. Portanto, torna-se imprescindível que pais e professores observem as atividades do dia a dia das crianças, a fim de entendê-las e assim, buscar possibilidades para o convívio em sociedade, assim como para o trabalho docente.

O educador deve assumir o papel fundamental de mediador das aprendizagens na sociedade tecnológica, especialmente,


“como modelo que é para os mais novos, adotando determinados comportamentos e atitudes em face das tecnologias. Por outro lado, perante os produtos tecnológicos, o educador deverá assumir-se com conhecimento e critério, analisando cuidadosamente os materiais que coloca a disposição das crianças.” (FOLQUE, 2011, p.9).

 

É preciso selecionar programas educativos que propiciem conhecimento
pedagógico, pois materiais de estímulo-resposta, por exemplo, se não trabalhados adequadamente significarão um retrocesso para o desenvolvimento das crianças. Nesse sentido, o educador deve ser um animador de processos de exploração e utilização de materiais de referência significativa para as crianças. Caso contrário,
estará promovendo uma aprendizagem passiva desprovida de sentidos. A criança precisa ser estimulada a encontrar respostas diversas e espaço para a criação.

Quando a criança tem oportunidade de estar em contextos diversificados, de acordo com seus interesses, motivações e necessidades, os processos de
aprendizagem e desenvolvimento são enriquecidos. Sendo assim, a Educação
Infantil ganha muito quando faz uso dos recursos tecnológicos, sempre de maneira integrada com outras atividades.

 Segundo Amante (2007) apud Folque (2011) os computadores e outros
materiais tecnológicos devem ser instalados no ambiente de aprendizagem das
crianças, a fim de que estas compreendam a funcionalidade destes, com o propósito de responder a necessidades reais, e não simuladas, por isso, não é aconselhado manter esses recursos fechados em uma sala de informática, longe do alcance dos alunos.

 Vigotski (1989) apud (MARTINS, 2010), enfatiza que a aprendizagem da
criança é iniciada muito antes da aprendizagem escolar porque possui uma história anterior, ou seja, nunca partindo do zero. Para o teórico, a existência dessa história prévia não implica, necessariamente, uma conformidade direta entre as duas etapas de desenvolvimento. Assim, o caminho do objeto até a criança e vice versa passa através de outra pessoa, por meio de um processo de desenvolvimento individual e história social.

 É sob essa vertente que se insere o papel do professor, como mediador no processo de desenvolvimento da criança, pois a presença dele é fundamental no planejamento e realização das atividades dos alunos. Conforme afirma as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, as propostas pedagógicas devem contemplar a interação nas variadas áreas do conhecimento, além de aspectos da vida cidadã, a partir de conteúdos básicos para a constituição do conhecimento e
valores (BRASIL, 2010).

 As tecnologias, uma área de conhecimento essencial na vida dos indivíduos, devem ser utilizadas de forma coerente, permitindo descobrir potencialidades e capacidades através de experiências intensas e agradáveis, fazendo a criança perceber, sentir e refletir, sempre amparada por um projeto pedagógico adequado (TORRES, 2011).

Segundo Mello e Vicária (2008, p. 486), apud Gomes (2011, p.272):


“Crianças com menos de dois anos já se sentem atraídas por vídeos e fotos digitais. A intimidade com o computador, porém, costuma chegar aos quatro anos. Nessa idade, já deslizam o mouse olhando apenas para o cursor na tela. Aos cinco, reconhecem ícones, sabem como abrir um software e começam a se interessar pelos primeiros jogos virtuais, como os de associação ou de memória.” (MELLO e VICÁRIA, 2008, p. 486).

 

Nessa perspectiva, tornou-se importante que as TDICs sejam utilizadas como prática pedagógica na educação infantil, contribuindo no desenvolvimento progressivo e integral da criança, pois ao se trabalhar as tecnologias, a escola estará colaborando com a inserção de usos sociais junto a sua didática.

 Embora a realidade não apresente este contexto em sua totalidade, pois
muitas escolas ainda não atendam a esta expectativa; tanto a escola como outros espaços educacionais têm o dever de oferecer vivencias através de propostas que possibilitem o desenvolvimento pleno das crianças.

As TDICs fazem parte do cotidiano de inúmeras pessoas no mundo, sendo
utilizadas, praticamente, em todas as áreas de atuação profissional: saúde,
segurança, transporte e também na educação. Nessa vertente:


“As tecnologias digitais estão realizando transformações profundas nos processos de aprendizagem e nas mudanças da escola. Reflete que o uso das tecnologias na educação propicia a interdisciplinaridade, uma organização heterárquica, estimula a participação cooperativa e solidária, promove a autonomia e a responsabilidade da autoria nos alunos.” (FAGUNDES, 2007, p. 14).

 

Os educadores e os ambientes de ensino não podem manter-se isolados
desse processo de transformação, que provoca a disseminação acelerada das TDICs, como forma de ampliar os fluxos comunicativos entre os povos. No Brasil, o uso destas por professores em sala de aula tem aumentado
gradativamente.

 O governo federal, nos últimos anos, amplia o acesso das escolas a essas tecnologias, contudo, ainda temos em nosso território escolas mal equipadas professores despreparados para desenvolver propostas pedagógicas sob esta perspectiva, permanecendo, muitas vezes, distantes dessa nova realidade.

Segundo Kenski:


“A escola representa na sociedade moderna o espaço de formação não apenas das gerações jovens, mas de todas as pessoas. Em um momento caracterizado por mudanças velozes, as pessoas procuram na educação escolar a garantia de formação que lhes possibilite o domínio de conhecimentos e melhor qualidade de vida.” (KENSKI, 2007, p. 8).

 

Tornou-se relevante que a sociedade esteja preparada para lidar com o
universo midiático, pois em todos os espaços socioculturais as tecnologias estão inseridas. Nesse processo, a escola tem a responsabilidade de disponibilizar o acesso a esses recursos por meio de trabalho pedagógico, para que os indivíduos não sejam excluídos desse processo.

Ao brincar com objetos tecnológicos, como por exemplo, o computador, o
celular, o tablet, a lousa digital, site com jogos educativo que funcionem ou apenas no faz de conta, as crianças aprendem por meio do jogo simbólico, desenvolvendo a imaginação; e promovendo a autonomia das crianças.

Para Vygotsky:


“No brinquedo o pensamento está separado dos objetos e a ação surge das ideias e não das coisas: um pedaço da madeira torna-se um boneco e um cabo de vassoura torna-se um cavalo”. A ação regida por regras começa a ser determinada pelas ideias e não pelos objetos. Isso representa uma tamanha inversão da elação da criança com a situação concreta, real e imediata, que é difícil subestimar seu pleno significado. (VYGOTSKY, 1989, p. 111)

 

Para a construção de sentidos, as TDICs vistas de maneira isolada não propiciam significado, elas precisam ser trabalhadas em sintonia com o fazer pedagógico, de maneira que possam contribuir para que as crianças despertem a imaginação criadora. Nesse sentido, ao trabalhar diretamente com as TDICs, a criança desperta para significados e sentidos, construindo o jogo-simbólico e, consequentemente, o desenvolvimento humano. Nesse contexto, o professor deve discutir com as crianças as regras de acesso a essas tecnologias para que seja refletida e discutida não somente as condições de igualdade e oportunidades, mas também a respeito da relevância para a sua utilização em determinados momentos que possam ajudá-las desenvolver-se.

A entrada das tecnologias digitais no processo educativo envolve transformações pedagógicas, na prática e na formação do professor. Com isso, não se pretende formar professores especialistas, mas que eles consigam trabalhar as tecnologias digitais de informação e comunicação como tecnologias educacionais inserida em uma proposta pedagógica.

Segundo Freire (1996), o ensino determina a convicção de que a mudança é possível, as transformações são possíveis, mas se faz necessário ter convicção e disposição para agir, para que as modificações aconteçam. Desse modo, para discutir e/ou refletir sobre a formação do professor é importante pensar que a sociedade é caracterizada pela sua complexidade, incerteza e velocidade de alterações em todos os sentidos.

A partir do fazer pedagógico, a educação deve adaptar-se às mudanças
variadas em função dos alunos. Segundo Kenski (2007), o professor, enquanto
agente de valores, influencia a formação de opiniões, hábitos e atitudes. Na sua ação pedagógica, não apresenta apenas informação, orienta o aluno para a aprendizagem através de suas escolhas, atitudes diante do conhecimento, leituras de mundo, e até mesmo seu comportamento aberto ou não ao diálogo. Assim, o professor tem sua função ampliada e a escola passa a ser espaço de trocas.

A formação é um processo por meio do qual, professores e alunos, na
condição de sujeitos envolvidos, assumem o papel de aprendizes, através da
cooperação e colaboração nas aprendizagens, compreendendo a lógica de
funcionamento dos meios, suas potencialidades de ação, como as possibilidades de comunicação e diálogo em coerência com as realidades sociais e culturais, concretas, dos sujeitos que dela participam e desejam transformá-las.

Trata-se de uma geração de crianças com habilidades para manusear
aparelhos tecnológicos antes mesmo de saber falar. Por isso, a necessidade, cada vez maior, da escola desenvolver atividades pedagógicas com as TDICs desde a Educação Infantil, para que estas crianças possam ampliar os saberes necessários ao desenvolvimento das suas habilidades.

Na mesma perspectiva, versa o desenvolvimento da coordenação motora, a construção de valores, de respeito e cooperação, o conhecimento do mundo letrado, a percepção e a experimentação, a expressão e acesso à cultura; assim como muitos objetivos relevantes que corroboram com o processo de desenvolvimento das crianças (Folque, 2011).

Não há como excluir as crianças das possibilidades de comunicação,
conhecimento ou diversão proporcionada pelas TDICs; uma vez que por meio desta proposta, o aluno estará desenvolvendo novos aprendizados e criando uma experiência expressiva e consistente. Nesse sentido, torna-se necessário incentivar a elaboração de metodologias direcionadas para um universo escolar, revendo teorias e modelos de ensino.

Segundo Folque (2011), duas são as causas dessa preocupação, a falta de conhecimento dos pais acerca das tecnologias e as dificuldades de estabelecer limites sobre os filhos. Nesse ponto de vista, pais que não dominam satisfatoriamente as tecnologias digitais encontram-se sem condições de possibilitar aos filhos o acesso às tecnologias de forma segura.

É nesse momento que se insere o papel da escola, a fim de mediar esse acesso através de propostas educativas para uma aprendizagem segura e significativa, com autonomia, a partir da valorização do lúdico, da convivência em grupo, do reconhecimento de sons, histórias, desenhos, pinturas, dentre todo um universo de propostas que as apreciem como indivíduos em formação.

 

  1. O papel do professor no processo da educação midiática

O termo “mídia-educação” não é unânime entre pesquisadores da área.
Entretanto Fantin (2006) destaca que os objetivos da educação para as mídias estão presentes, independentemente da terminologia utilizada. Assim, Mídia-educação pode ser definida como um campo de estudo que está na interface de outros dois campos: educação e comunicação. Tal fato dá origem a determinadas características, obstáculos e questionamentos que evidenciam a sua estrutura complexa, exigindo uma abordagem interdisciplinar para sua compreensão.

Desta forma, professor tem um papel fundamental na construção de novos
saberes, sua responsabilidade aumenta, pois necessita adaptar-se às diferentes linguagens e criar oportunidades para além das situações educativas, transcendendo a sala de aula.

Em 2009, Bévort e Belloni escreveram que a mídia não era prioridade nas
escolas, mas observa-se que nos dias atuais essa realidade não mudou, pois as escolas ainda não estão totalmente preparadas e equipadas para atender essas crianças que já vem de casa conectadas com as novas tecnologias.

Ao discutir a questão da formação docente, Perrenoud (1993) resume três
pontos de vista sobre o tema:


·O de que a pedagogia não existe, já que para ensinar basta dominar o saber a ser transmitido;

·O de que o que vale mesmo são as questões de talento ou de personalidade;

·E o de que competência didática se adquire, mas que a formação tem pouco peso em relação à experiência profissional, à aprendizagem concreta.

Garcia (2017) destaca que os professores devem ser orientados a buscar
novas metodologias da cultura digital, estudar e aprofundar-se sobre as novas
ferramentas tecnológicas, estabelecer conexões com o ensino, ao mesmo tempo em que são instigados a explorá-las, indo além do que já sabem e avançar para novas experiências. Ou seja, é necessário auxiliar o professor a se engajar e se tornar um mediador das tecnologias digitais.

Desta forma, quando na prática pedagógica do professor é incluída a educação midiática de forma lúdica, os alunos se sentem incentivados a se expressarem seus sentimentos facilitando a expressão pessoal:


[…] podemos dizer que um trabalho executado no computador pode ser permanentemente resgatado e modificado. Podemos dizer, sem exagero, que o trabalho com mídias digitais não está nunca terminado, está em processo. Essa condição interfere nos critérios de avaliação e propõe o exercício de aprendizagem continuada — a possibilidade de sempre alterar, melhorar e aperfeiçoar uma tarefa (COSTA, 2013, p. 193).

 

Assim, percebe-se que é muito importante a preparação e a formação do
professor para tornar a sua prática pedagógica mais atraente e significativa por meio de práticas lúdicas e inovadoras que possibilitem um aprendizado sobre os recursos digitais e o uso da tecnologia na educação.

Segundo Gatti (1993, p. 22):


Há resistência por parte dos professores em relação às inovações: Sempre que uma inovação surge no horizonte dos educadores, observa-se, em algumas, deslumbramento em função das possibilidades aventadas por essas inovações e, em outros, ceticismo crônico provocado que pela decepção que professores diretores e técnicos em Educação vêm acumulando com as políticas e propostas educacionais mal implementadas ou descontinuadas pelos sucessivos governos, quer pela acomodação natural que temos a nossas funções e pelo incômodo que inovações podem provocar, na medida em que estas exigem alterações no comportamento e uso de espaço e tempo já bem cristalizados.

 

Belloni (2003, p.299) em suas falas evidencia que essa resistência se dá
quando:


se aprende fazendo várias vezes e se possível, com o uso de papel e caneta...” (L-14) “A geração de aprendiz atualmente é uma geração informatizada. Que faz uso dessas informações tecnológicas na maioria das vezes não direcionadas para a educação” (L-13) “Tudo é relativo, pois muitas vezes a tecnologia é fundamental para o professor, pois muitas vezes se for usar com os alunos infelizmente não funciona. “(L-14) “Eu pretendo usar, mas não já de cara irá levar um tempo”“. “(L-11) “As tecnologias são boas”“. Se a escola puder me fornecer o material (L-6).

 

Acredita-se que essa resistência pode ser devido à própria formação desses professores licenciados, pois, a formação pedagógica e tecnológica dos professores muitas vezes é insuficiente e as condições de trabalho não compatíveis com a necessidade. A nova postura do novo profissional da educação é que ele precisa dominar um saber sobre produção social da comunicação cultural e um saber de comunicador escolar com mídias e multimídias (Resende e Fusari, 1994, p. 15).

É preciso que os professores se adaptem às mudanças que vem ocorrendo na área educacional com a inserção das tecnologias. Segundo Marinho (1998), romper com o passado e mudar não significa de forma alguma abandonar suas experiências anteriores, elementos relevantes na construção da nova prática pedagógica. Enfim, é necessário que o professor pense em alternativas que possam estimular seus alunos com atividades baseadas no lúdico e com inovações no mundo digital.

O professor necessita saber lidar com as tecnologias digitais, a fim de promover a interatividade, a ajuda mútua que contribuam no desenvolvimento das crianças. Na Educação Infantil, o uso dessas tecnologias deve ter um caráter educativo, por isso precisam estar inseridas no projeto politico pedagógico da escola, uma vez que as tecnologias digitais não devem ser entendidas como ferramentas, mas como proposta pedagógica, contribuindo em aprendizagens relevantes e socialmente significativas.

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando que alunos e professores na contemporaneidade têm acesso às mesmas informações do universo virtual, o professor necessita conscientizar-se acerca dos ambientes de aprendizagem. Assim, torna-se necessário trabalhar essa nova perspectiva pedagógica, a fim de despertar no aluno a curiosidade, a capacidade criadora e a construção do conhecimento. Com a utilização das Tecnologias Digitais da Comunicação e Informação - TDCIs, professores e alunos poderão compartilhar, coletivamente, a entrada, a escolha, a associação e a análise do conhecimento.

Ao professor, cabe o papel de realizar propostas pedagógicas com as
tecnologias digitais que direcionem não apenas para a orientação, mas,
principalmente, para o desenvolvimento, buscando possibilidades de aprendizagens para os alunos, de maneira interativa, com intencionalidades pedagógicas. Vale pontuar, que para o domínio dessas propostas, torna-se necessário a sua inserção em cursos de formação direcionados para o trabalho com as tecnologias. Na construção de inovações (pedagógicas) os cursos de formação de professores são imprescindíveis, tanto para que a Educação Infantil seja discutida, (re) pensada e (re) construída, de forma significativa e criativa, como para propiciar e estimular a reflexão sobre a própria prática do professor, criando condições para que novas maneiras de atuação possam ser construídas, considerando as necessidades e ferramentas disponíveis na sociedade atual.

Trata-se de ações que propiciem aos alunos interagir com as tecnologias
digitais, tornando-os cidadãos críticos e reflexivos, por meio da construção de
conhecimento neste espaço desafiador e que os impulsiona a descobrir, pensar, refinar ideias e descobertas. Além disso, o professor precisa buscar conhecer o potencial e as experiências prévias dos alunos, para poder, também, aprender com eles. Observa-se que a educação escolar esta vivenciando um processo de mudanças, em função das tecnologias digitais. Logo, a educação digital estabelece que as escolas repensem suas práticas educativas, e que as atividades sejam atualizadas nos programas de ensino.

Sendo o aluno agente de sua aprendizagem; tornando-a mais significativa e propiciando ampliar as habilidades do pensar. Portanto, equipar escolas com
tecnologias de última geração não é suficiente para que o desenvolvimento das
crianças aconteça de fato, é preciso, portanto, criar mecanismos para que o
professor esteja preparado para desenvolver um trabalho em conjunto com as
tecnologias digitais, pois é necessário unir os objetivos didáticos às tecnologias a fim de desenvolver novas aprendizagens.

Reconhecendo a Educação Infantil um espaço privilegiado para as vivências das crianças de até cinco anos, crê-se que importante que o professor observe, discuta e reflita sobre as práticas e vivências, com as tecnologias digitais, realizadas pelas crianças. O professor deve se entender como um mediador, cujo desafio é fazer com que a criança faça o uso adequado das TDIC, como meio para desenvolver diferentes capacidades e ampliar seus conhecimentos e conquistas.

A partir dessas reflexões, acredita-se ter indicado alguns caminhos possíveis de serem percorridos no trabalho docente para a aprendizagem com as tecnologias, levando em consideração, que o mesmo pode trazer ao processo educacional como um todo. Buscou-se mostrar que as tecnologias disponíveis em sala de aula são atividades lúdicas e são constituídas pelas crianças como forma de conhecimentos e as habilidades no âmbito da linguagem, da cognição, dos valores e da sociabilidade. Através da literatura pesquisada, percebeu-se que o principal objetivo foi alcançado; discutir a influência das tecnologias em sala de aula. É fato que existem inúmeras possibilidades de incorporar as tecnologias na aprendizagem, mas para que uma atividade pedagógica seja concreta é importante que permita à fruição, a decisão, a escolha, as descobertas, as perguntas e as soluções por parte das crianças, do contrário, serão compreendidas apenas como mais um exercício.

Portanto, ao inserir os recursos tecnológicos nas práticas pedagógicas, o professor da educação infantil, estará possibilitando a criança novas alternativas de acesso à informação, potencializando a ela, novas oportunidades para aprender, despertando nas mesmas, a curiosidade interatividade, estimulando suas percepções, e assim as aulas tornarão mais dinâmicas e prazerosas. Sendo assim, o papel do professor é muito importante diante do processo de desenvolvimento das crianças com as novas tecnologias. Pois, as atuações pedagógicas devem ser relacionadas diretamente as crianças, proporcionando uma nova práxis, uma nova atitude diante da realidade educacional, na qual ele o responsável principal pela aprendizagem dos alunos.

 

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[1] 1 Antonia Aparecida Marcel, Graduada em serviço pela Universidade Federal de Mato Grosso,
UFMT(2003) mestranda em política social Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT. Graduanda em Formação Pedagógica pelo   Grupo Educacional Zyan  – Piracema  MG.