REFLEXÕES EM FÓRUNS SOBRE PSICOLOGIA, PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, LAZER E GESTÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Autor: Dr. Elionai Dias Soares

Professor de OMF / Anatomia Humana – Cesmac / AL

Curso: Licenciatura em Educação Física – Claretiano / SP

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1. REFLEXÕES EM PSICOLOGIA

Pautado nos motivos que levam aos comportamentos, divide-se a motivação em extrínseca e intrínseca. Conforme as alegações de Woolfolk (2000), as motivações intrínsecas são aquelas relacionadas com fatores pessoais internos, como curiosidade, interesse e prazer. Por outro lado, as extrínsecas são as relacionadas com o ambiente externo, como punição, ameaças do professor e recompensas. Desta forma, muito embora os dois contextos sejam importantes no ambiente escolar (intrínsecos e extrínsecos), concordamos com Neves e Boruchovitch (2004), ao afirmarem que as motivações intrínsecas são mais eficazes, na medida em que a aprendizagem é facilitada por meio do empenho discente, que passa a ser motivado por razões bem além daquelas como a simples obtenção de notas (extrínsecas).

De maneira sucinta, autores como Carneiro, Martinelli e Sisto (2003), consideram que o autoconceito se forma na criança de maneira lenta, oriundo de experiências pessoais em relação ao outro. Dessa forma, com a aprovação ou reprovação de seus pares ao seu comportamento, as características do autoconceito se desenvolverão. De maneira geral, são os adultos mais próximos à criança que colaborarão na formação do autoconceito. Assim, pais e professores terão responsabilidades em trabalharem com essa condição, sabedores de que comentários e opiniões (positivos ou negativos) têm influência sobre a criança. Diante disso, o professor assume importante papel, na medida em que um aluno que tem uma imagem positiva de si mesmo apresenta melhor aprendizado e mais segurança no desenvolvimento escolar. Isto posto, concordamos com Zilda Del Prette e Almir Del Prette, ao alegarem que manter um relacionamento com o aluno pautado na promoção de situações positivas, sem dúvidas é estratégia didático-pedagógica quecontribuirá no processo de ensino e aprendizagem, facilitando o desenvolvimento das competências sociais.

Sobre a questão da indisciplina, frequentemente a comunidade escolar procura explica- la atrelando-a a problemas familiares oriundos da educação recebida na família. No entanto, se por um lado não se pode afastar por completo o fenômeno causa x consequência familiar, por outro, a escola não há de se esconder, omitindo na responsabilidade de atribuir à questão indisciplina também outros fatores, inclusive, escolares. Tal fato se justifica ao constar-se métodos didáticos arcaicos empregados atualmente em crianças em contexto social bem distinto de um passado não tão distante. Por fim, Campos et al (2016), relembra que o conceito de (in)disciplina mudou. Segundo os autores, ainda se mantém o significado de que turma disciplinada é aquela com alunos sentados e passivos, ouvindo atentamente a figura do professor.

 

2. REFLEXÕES EM PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Conforme material estudado, pode-se afirmar que os professores de Educação Física carecem de três tipos de conhecimentos, à saber: conhecimento de conteúdo; conhecimento pedagógico; e conhecimento curricular. Assim, é bem verdade que o conhecimento de conteúdo é específico, sendo a organização da área específica. No segundo tipo de conhecimento (pedagógico), verifica-se as habilidades na forma de ensinar (didática) indo bem além do primeiro. No terceiro tipo (curricular), pode-se constatar os conhecimentos presentes nos programas dos diferentes níveis de ensino com seus materiais. Nesse ínterim, a disciplina Educação Física Escolar deve incluir saberes necessários à formação do aluno, enquanto agente social. Assim, segundo Souza (2007), os temas abordados pelos professores irão além daqueles “esportivistas”, pautados em técnicas, táticas e regras, com promoção de um indivíduo criativo, crítico e reflexivo. Dessa forma, a Educação Física estará articulada com elementos da esfera histórica-cultural de movimentos e transformadora. Por fim, vale destacar que, segundo os texto estudados, as dimensões pedagógicas a serem consideradas no ensino da EF em ambiente escolar são as conceituais (o que se deve saber); as procedimentais (o que se deve saber fazer); e as atitudinais (como se deve ser). Dessa forma, reiteramos o desenvolvimento do professor para que se desenvolva os conhecimentos, nessasdimensões, em forma de vivências, debates, discussões, convivências e reflexões, buscando a integração do educando, além dos benefícios físicos e fisiológicos da prática corporal.

 

3. REFLEXÕES EM LAZER

O texto de base da autora Gomes nos traz considerações sobre os significados da pesquisa no nosso contexto, sobretudo, na formação docente. No entanto, podemos também constatar sobre a pesquisa no campo intelectual, ao considerar a justificativa do porque realizar. A inquietação, a dúvida e a atitude investigadora é bem-vinda, no campo do lazer. Assim, parafraseando Theobaldo Coelho, em 1972, “na busca da verdade o indivíduo passa por diversas fases: a dúvida, a inquietação, a hipótese e a certeza”. É bem verdade que nem sempre o processo se completa, na certeza, mas sem dúvidas que o processo já vale em seu método. Também é oportuno salientar que o conhecimento está “entrelaçado”, termo que a autora utiliza, a fim de evidenciar o aspecto da transversalidade das problematizações no campo do lazer, devendo a pesquisa ser entendida como princípio científico e educativo. Nesse ínterim, destaca-se Lüdke (1997) que despertou a importância de não se confundir pesquisa com “repetições” de mais do mesmo, sem contribuições reais, ou ainda, apenas para servir de cumprimento de tarefas consideradas como acadêmicas. Destacamos ainda as alegações de Laville e Dionne ( 1999), que afirmam que nem todo “problema” é passível ou merecedor de pesquisa. Segundo os autores, o pesquisador deve-se basear na formulação adequada de perguntas que irão nortear a análise e a compreensão dos fenômenos em que se deseja atuar, por meio de uma base teórica-conceitual. Por fim, a importância da pesquisa na formação docente se atrela ao avanço de conhecimentos, mediante “conhecimentos novos”, frutos da própria pesquisa e métodos, com enriquecimento, fundamentação e qualificação na formação profissional.

 

4. REFLEXÕES EM GESTÃO

Conforme estudado nos textos base de Gaia e Ferreira (2013) e Silva (2007), os processos de planejamento na gestão escolar são entendidos como instrumentos que proporcionam momentos de reflexão de crescimento pautados em organização. É bem verdade que nem tudo é passível de previsões, porém, vale salientar que os atos deverão estar atrelados ao PPP, que é projeto por se tratar de intenções planejadas e organizadas; que é político por se tratar com o outro também sujeito do processo e, portanto democrático; mas por tudo pedagógico, que é o objetivo máximo da escola enquanto instituição social na prática de formação do indivíduo agente da sociedade. Assim, com base na gestão democrática, tem-se a preocupação de planejamento na perspectiva de que os processos decisórios sejam decorrentes da atuação dos agentes envolvidos no contexto escolar. No entanto, lamentavelmente, aqui na região, assim como várias vezes aqui descrito pelos colegas, percebe-se as dificuldades das instituições públicas, entre a prática do dia-a-dia e a teoria do que deveria ser. É constatado o quanto inúmeras decisões tomam caráter “reativo”, após o problema instaurado, quando problemas, de distintas naturezas, poderiam ser possivelmente planejadas, por suas previsibilidades, mas omitidas em planejamento “pro-ativo”eficaz. Desta forma, devemos continuar nas reflexões, onde teremos a congruência da gestão participativa com os objetivos primeiros da escola, para que não tenhamos “atos burocratizados”, em uma pré-compreensão, ou pior, no desconhecimento dos instrumentos atrelados ao convívio escolar de aprendizado.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPOS, J. AP. P. P. et al. Psicologia da Educação. Batatais: Claretiano, 2016.

GAIA, C.; FERREIRA, E. R. A. Fundamentos e métodos da gestão escolar. Batatais: Claretiano, 2013.

ISAYAMA (Org.). Lazer em estudo: currículo e formação profissional. Campinas: Papirus, 2014. Capítulos 1, 3 e 4.

KAWASHIMA, L. B.; GOMES, L. A. Handebol. Batatais: Claretiano, 2015.
MELO, V. A.; ALVES JÚNIOR, E. D. Introdução ao lazer. 2. ed. rev. atual. São Paulo:

Manole, 2012. Capítulo 6.
PARO, V. H. Gestão escolar, democracia e qualidade do ensino. São Paulo, Ática, 2007.

SILVA, E. M. D. A virtude do Erro: uma visão construtivista da avaliação. Estudos em Avaliação Educacional, v. 19, n. 39, jan./abr. 2008.

SILVA, R. A. Recreação e Lazer. Batatais: Claretiano, 2014. Unidade 3.

MELO, V. A.; ALVES JÚNIOR, E. D. Introdução ao lazer. 2. ed. rev. atual. São Paulo: Manole, 2012. Capítulo 6.