REEDITAR ENXUGANDO GELO
Por sebastião maciel costa | 29/04/2019 | EducaçãoReeditar enxugando gelo
Reengenharia, “Sistema estratégico de reestruturação organizacional e administrativa, com o objetivo de reformular as atividades de determinada empresa para que possa se tornar mais competitiva no mercado.”
Sua ideia central é a “reinvenção” da organização, eliminando práticas e costumes que se tornaram obsoletos e, a partir de estudos e planos, adequar-se aos novos mecanismos que o tempo vai produzindo, novas atividades, novos processos e atitudes que assegurem o êxito do que precisa ser mantido, em nome da experiência que rendeu bons frutos no passado, para garantir a efetiva “requalificação” de novos “produtos”.
A estratégia da reengenharia desenvolvida por americanos nos anos 1990 costuma ser aplicada em três cenários distintos: quando a organização está enfrentando momentos de crise; quando não está em crise, mas deseja evitar prováveis problemas no futuro; ou quando deseja potencializar o seu desempenho, sem a necessidade de haver previsões de crises futuras. A reengenharia pode ser focada tanto no contexto organizacional, como também direcionada à reestruturação de um processo, momento ou atividade específica. O gestor precisa sentir essa necessidade e agir.
Não importa a situação, o primeiro passo da reengenharia é o estudo e análise de todas as informações referentes a organização, ao processo ou a função que se deseja melhorar.”
Esse recorte extraído dos campos onde é preciso haver gestão de atitudes, investimentos e resultados cabe como ilustração das decisões que precisam ser tomadas pelos gestores, formadores, instrutores, comandantes, dirigentes. Medidas de ajustes, inovações e avanços são necessárias para que o mundo acompanhe o ritmo acelerado que surgem a cada instante, a cada novo estudo, a cada novo dia.
Parar no tempo é desfocar objetivos e reincidir equívocos. O homem, tem por natureza, desbravar, criar, inovar, recriar, repensar, reinventar reinventando-se. Mas para que tal evento leve a termo, é preciso “separar o joio do trigo”. O que vale a pena manter, o que precisa ser mudado. O que podemos melhorar e o que e preciso ser eliminado, evitado para a segurança de um processo ou sistema.
Com a formação da criança, enquanto ser em formação que precisa de constantes “lições” seja da família, seja da escola, seja da rua, seja do mundo não pode ser diferente. Não pode vir a roldão do que é mais fácil, do que é mais efêmero, do que é menos consistente, do que é necessário para se manter uma ordem, uma coerência, um equilíbrio. Estaria o ser humano moderno omitindo-se da responsabilidade de transcrever compromissos tradicionais, alegando estarem “fora de moda”, a fim de facilitar o seu presente, ignorando os riscos dessa que vem sendo a grande dúvida do adulto pai, professor: “onde foi que eu errei?”
Na reengenharia da formação do caráter, a fatura chega primeiro, uma vez que quem aprende, o faz como lhe foi passado: se observou, focou, decidiu e adquiriu o conhecimento, e avança; de forma sutil, ilustra-se com uma cena de uma criança que assiste às imprecações de uma pobre mãe que, sem recursos para a manutenção da família não vê encantos para a vida nem futuro para os seus. Prega o desânimo, vive a pobreza, em sendo cristã, ao seu modo, prega a cancioneta da síndrome da Gabriela: “eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim, Grabriela...”
E o tempo passa, e o homem mudou. E um texto diz: “o Google faliu a Listel, o Spotify faliu as gravadoras, o Netflix faliu as Locadoras, a Trivago complica os hotéis, o Uber competindo com o Táxi, a Tesla complicando a vida das grandes montadoras de veículos.... o Tinder complicando as baladas....” Precisamos nos reinventar, temos que correr e não porque atrás vem gente, [e porque muita gente á está na frente do seu tempo...Reinventarmo-nos como, a partir de que momento de corte? Que decisão deve ser tomada por quem, pensando em assegurar uma proposta que combine com a velocidade do tempo sem atropelar a necessidade de sobrevivência onde o que vale é o que está posto?
Se uma pessoa pensa que a vida é fácil, ela, em algum lugar ou momento anteviu tais possibilidades; se a pessoa vê vida com o azedume das noites mal dormidas e dos dias mal vividos, ela de certo modo, aprendeu com a dor na pele, na carne, no coração; se a pessoa consegue ver o outro como humano e capaz das mesmas proezas e sujeito às mesmas condições de direitos e deveres, por certo, ela aprendeu com vida, com as pessoas mais próximas, com aqueles que lhes deram a condição de nascer, crescer e agora, por em prática os ensinamentos aprendidos.
Está posto, pode mudar, mas a base está plantada, o perfil foi forjado e todas as suas atitudes serão frutos desse amadurecimento bem ou mal formado. Ora o mesmo fogo que endurece o ovo na fervura que lhe empresta calor, é o mesmo fogo que amolece a batata, no processo de cozimento. O fogo é o mesmo, o que importante são os propósitos do processo. Com a educação não seria diferente: a rua que forma o pobre pedinte que ali vive, forma o intelectual que na mansão daquele mesmo logradouro reside; a mesma escola que forma o cdf ( tradução desnecessária, por fazer parte do universo dos estudantes, para classificar o nerd), serve de espaço para aquele que por ali passa penas para conseguir um grau de estudos mas que de pouca valia terá diante do majestoso universo fornecido pelo outro mundo não tão digno de formação, mas que termina sendo uma sequência de lições: ora positivas, ora negativas, ora nocivas, ora despretensiosas mas tudo são lições de vida.
A fatura cobrada registra: o homem o que foi feito dele. E o que está sendo feito para que a criança de qualquer classe social entenda que o amanhã tem que ser o agora? Como impor para os pais de hoje que amanhã será tarde para dar o exemplo? Como exigir da sociedade um olhar diferente para o menor incapaz para que ele não resulte em um maior incapaz? Incapaz de ser, de fazer, de querer, de ter foco, conhecimento e determinação.
Sabatina, quanto tempo! Histriônico, como vai longe! Isso posto, depois que lobos engoliram lobos, que alfarrábio virou palavrão, seria oportuno perguntar a uma criança no seu fundamental II, que termos são esses. A resposta talvez não seja satisfatória, já não se lê. Já não se fala em Barsa, enciclopédias, compêndios, dicionários. Recorda-me um fato: nos bons tempos toda a família eu prezava pela ordem e pela disciplina no lar e na formação dos filhos, tinha uma bonita estante na sala, muitas coleções valiosas... E o inusitado nesse recorte do fato que nos leva a esse recorte é que uma certa família brasileira precisava impressionar alguns convidados ilustres em vista à sua casa e, providenciou a aquisição de uma bela coleção de romances, ricamente encadernados foram expostos, houve a festa, todos foram embora impressionado com a impecabilidade com que os quase trinta volumes estavam dispostos na estante. Passados os dias, o s pais foram cobrando de cada filho, o resultado de cada romance lido e a cada um caberia contar a história que lera. Um certo dia o pai pediu à filha mais velha que falasse sobre o romance que ela acaba de ler. Ela relatou a história da Baleia Moby Dick. Dias depois, um outro filho relatou o romance que que lera A Baleia Moby Dick... O pai estranhou e perguntou porque eles leram o mesmo livro. Foram verificar e os trinta livros eram duplicados, todos iguais. Quem os vendeu não os consultou, quem os recebeu não os consultou, quem os arrumou não os consultou... o problema se instalou. Eles leram e desleram a mesma história... a criança de hoje lê o que? Vê o que? Assiste a que? Conversa com quem sobre o quê?
Mas, e a sabatina, o histriônico e o alfarrábio, referem-se mesmo ao que? Vamos na ordem inversa: alfarrábio livro velho (ainda que valioso); histriônico, pândego, divertido, como eram as sabatinas: encontros semanais, aos sábados, claro, para que os pais ou pessoas competentes e indacadas por eles, "tomassem" as lições da semana. Quem errasse, estaria privado dos prazeres do final de semana, qunto os pais, que estavam em casa iam tomando as lições pendentes, gradativamente.... Que bonito! Que bucólico! Que saudável.! Hoje, pais não estudam com os filhos, não aompanham seu desenvolvimento... o menino diz que estuda, o tempo passa e aos poucos, enxuga-se o gelo da formação do homem do porvir.
Reengenharia para engendrar o remendo novo em tecido velho, ou revejamos a proposta de preservação ambiental, no cuidado com as espécies em extinção, seja a baleia jubarte, seja a ararinha azul, seja o mico leão da cara dourada... Louvável atitude de preservar as espécies. Mas se eu não cuido do ser humano do futuro, quem cuidará dos animais que foram preservados? Quem será o Chapolim Colorado?
- Sebastião Maciel costa