No que diz respeito a pesquisas sobre o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como L2 (segunda língua) para crianças ouvintes, estas ainda são incipientes.

A fim de contribuir com a expansão deste campo, a presente pesquisa envolveu além da realização de aulas expositivas dialogadas, aulas práticas em Língua Brasileira de Sinais (Libras) com turmas do Ensino Fundamental (Do 6º ao 9º ano) de crianças ouvintes, filhos de pais ouvintes, com idade entre onze e quinze anos.

 O objetivo da pesquisa foi introduzir e ensinar a Libras como L2 nesse contexto educacional, proporcionando aos alunos ouvintes a aprendizagem de uma segunda língua. Desse modo, o ensino da Libras, visa sensibilizar os alunos quanto às diferenças e incentivá-los a utilizar a Libras com alunos surdos e a comunidade surda, não existindo barreiras em nenhuma forma de comunicação. 

As aulas aconteciam uma vez por semana e nelas os alunos aprenderam além dos conhecimentos teóricos sobre a história da Língua de Sinais no Brasil e no Mundo, a história do alfabeto manual, a sinalizarem o vocabulário básico: nome, saudações, cores, números, frutas, pessoas da família, verbos, interpretação de histórias, etc.

A avaliações dos alunos inicialmente foram escritas e depois começaram a fazer avaliações e atividades práticas a fim de verificar a aprendizagem e aquisição da Libras, uma vez que não possuíam conhecimento prévio da disciplina. É importante que ao ensinar Libras aos alunos, eles possam, sobretudo, ter a possibilidade de se comunicar com seus pares diferentes valorizando a diversidade e a cultura surda. Como resultado da pesquisa, constatou-se que ao ensinar Libras, pode-se perceber o interesse dos alunos em aprender uma língua nova, além da receptividade e motivação para compreender uma língua que não estavam acostumados. Além disso, compreenderam que para falar com um colega surdo, eles precisam utilizar o campo visual, fazendo os sinais e jamais, gritar ou falar alto. Logo, ressaltamos que é primordial a interação entre pessoas surdas e ouvintes para melhor promover a universalização da Libras

O ensino de Libras (Língua Brasileira de Sinais) como segunda língua para crianças ouvintes pode trazer muitos benefícios, como a promoção da inclusão e da diversidade linguística. Além disso, aprender Libras pode ser uma excelente forma de desenvolver habilidades cognitivas e socioemocionais.

Uma das principais vantagens de ensinar Libras para crianças ouvintes é a possibilidade de promover uma maior interação e inclusão entre as crianças surdas e ouvintes. Aprender a se comunicar por meio da Libras pode ser uma experiência enriquecedora para as crianças, já que a língua de sinais oferece uma forma diferente de se comunicar, com expressões faciais e gestos que podem transmitir nuances e emoções que muitas vezes não são possíveis de serem transmitidas apenas pela fala.

Além disso, o aprendizado de uma língua de sinais pode ajudar a desenvolver habilidades cognitivas, como a capacidade de pensar de forma abstrata e de visualizar conceitos. Aprender Libras pode ainda contribuir para o desenvolvimento socioemocional, aumentando a empatia e a compreensão das diferenças entre as pessoas.

Para ensinar Libras para crianças ouvintes, é importante que sejam utilizados métodos e recursos adequados, como jogos, brincadeiras, vídeos e atividades que estimulem a interação entre as crianças. É fundamental que o ensino seja realizado por um profissional qualificado e que conheça bem a língua de sinais.

Contribuindo com tal discussão Rezende (2020, p. 37-38) discorre que:

O docente precisa ter o cuidado de aproximar o aluno cada vez mais da língua de sinais, iniciando o ensino com frases curtas e pequenos diálogos, até chegar a textos; ensinando vocabulário,

cotidianamente; e enriquecendo suas aulas com o uso de músicas (prática adotada pela autora com bons resultados), pois a música não só facilita a fixação de sinais como ajuda a entender o processo de tradução e/ou interpretação.

Portanto, a professora sempre faz a exposição e explicação dos conteúdos utilizando a língua de sinais, de modo que ao sinalizar, os alunos devem repetir para que fixem como os sinais são executados e dessa forma, terem melhor aproveitando do que lhe está sendo ensinado.

Ensinar língua de sinais para alunos que escutam pode ser uma tarefa desafiadora, mas é possível e muito importante para promover a inclusão e a comunicação com pessoas surdas.

Uma das maneiras de ensinar língua de sinais para alunos que escutam é por meio de aulas teóricas e práticas, com o auxílio de um intérprete de língua de sinais. É importante que os alunos tenham acesso a materiais visuais e audiovisuais, como vídeos e imagens, que mostrem a execução dos sinais e as regras gramaticais da língua de sinais.

Outra forma é por meio da interação com pessoas surdas ou com profissionais que atuam na área de inclusão de pessoas surdas, que podem compartilhar suas experiências e conhecimentos com os alunos ou promover atividades que envolvam a língua de sinais, como jogos, teatro e música.

Além disso, é importante que os alunos tenham a oportunidade de praticar a língua de sinais em situações reais de comunicação, como em encontros com pessoas surdas, em eventos de inclusão ou em atividades de voluntariado.

Por fim, é fundamental que os alunos tenham uma postura respeitosa e inclusiva em relação às pessoas surdas e à língua de sinais, compreendendo sua importância e valorizando sua diversidade cultural e linguística.

Em resumo, o ensino de Libras como segunda língua para crianças ouvinte pode ser muito positivo, promovendo a inclusão e a diversidade linguística, além de contribuir para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional das crianças.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BRASIL MEC/SEESP. Educação Especial. Língua Brasileira de Sinais. Série Atualidades Pedagógicas - Caderno III. Brasília/DF, 1997.

Disponível em: https://academiadelibras.com/blog/historia-dos-surdos/ Acesso em 01 de março de 2023.

REZENDE, J. R. S. Aprendizagem colaborativa no ensino de Libras como segunda língua para ouvintes. Revista Caletroscópio, Mariana, v.

8, n..2, p.34-49, 2020. Disponível em: https:// periodicos.ufop.br:8082/pp/index.php/caletroscopio/ issue/view/266/92. Acesso em: 09 março de 2023.

FELIPE, Tanya A. MONTEIRO, Myrna S. Libras em contexto. Rio de Janeiro: WallPrint, 2008.

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FERNANDES, Sueli. Língua Brasileira de Sinais: Libras. Curitiba: IESDE Brasil, 2018.

FERNANDES, Sueli. Educação de Surdos. 2ͣ ed. Curitiba: Editora IBPEX, 2011.

GESSER, Audrei. Libras? Que língua é esta? - crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábolas Editorial, 2009.  

KOJIMA, Catarina Kiguti; Libras: Língua Brasileira de Sinais: a imagem do pensamento Editora Escala 2008.

Lei 10.436 de 24 de fevereiro de 002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10436.htm acesso em:  15 de Julho de 2022, às 20:40.

PERLIN, Gladis. Identidades surdas. In: Skliar, Carlos (Org) A surdez: um olhar sobre as diferenças. 8ª ed. Porto Alegre: Mediação, 2016,

QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

VILELA, M.; KOCH, I. V. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 2001.

LIDIANE DA SILVA XAVIER - Graduada em Pedagogia; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis. 

NOEMI BRAGA DE REZENDE- Graduada em Pedagogia e História (FALBE e UFMT); Especialista em Psicopedagogia (UNIGRAN) e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis

RAQUEL SANTOS SILVA - Graduada em Letras; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

ROSANGELA ALVES DA SILVA ARAÚJO- Graduada em Pedagogia (UFMT); Especialista em Psicopedagógico Afirmativo e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

VALQUÍRIA MENDES MARQUES- Graduada em Pedagogia (UENP); Especialista em Psicopedagogia (FIC) e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

VALQUIRIA RODRIGUES DIAS- Graduada em Pedagogia (UFMT); Especialista em Psicopedagogia (UNISERRA) e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.