Formas contextualizadas de atendimentos às pessoas com deficiência em relação aos tipos de paradigmas.

Autor: Dr. Elionai Dias Soares

Professor de OMF / Anatomia Humana – Cesmac / AL

Licenciado em Educação Física – Claretiano / SP

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Introdução

Ainda nos tempos atuais, nos deparamos com desinformações e preconceitos que afligem pessoas com deficiências educacionais especiais. Nas culturas remotas, as pessoas com deficiência, eram tidas como incapazes de manter a própria sobrevivência por meio da caça e pesca, sendo que estas poderiam colocar em risco a segurança de toda a comunidade. 

Na sequência histórica, tais pessoas com deficiência eram submetidas à exclusão social e passaram a ser conduzidas a instituições onde sofriam a segregação, muito embora com atendimento especializado. Assim, nos últimos anos, temos constatado práticas sociais pré-inclusivistas conforme modelo médico de deficiência, com objetivo em integrar socialmente pessoas em tal condição.

Portanto, vale destacar que integração e inclusão social não são a mesma coisa. Muito embora esses termos sejam utilizados como sinônimos, destaca-se que existem diferenças importantes entre esses paradigmas sociais.

Assim, ao considerar a caracterização dos paradigmas histórico-sociais que influenciam as atitudes, costumes e hábitos de prática, intentamos descrever um breve resumo de contextualização das formas de atendimentos que foram desenvolvidas no transcorrer dos tempos às pessoas com deficiência em necessidades educacionais especiais.

 

1. Paradigma histórico-social da exclusão

1.1 Conceito: 

- No paradigma da exclusão, pessoas que apresentavam condições atípicas eram simplesmente abandonadas e afastadas do convívio da sociedade, ou mesmo exterminadas;

- Infelizmente, não são atos do passado; ao contrário, ainda hoje estão presentes em muitas situações que envolvem as pessoas com deficiências.

 

1.2 Forma de atendimento:

- No paradigma da exclusão pessoas são encaminhadas às instituições especializadas;

- Constatação de atitudes de eliminação, menosprezo ou destruição.

 

1.3 Exemplos: 

- O estudante com deficiência é atendido por uma instituição educacional separada do ambiente da escola comum, denominada escola especial;

- A criança abandonada pelos pais, logo após o nascimento, por rejeição mediante deficiência;

- Em algumas civilizações ainda ocorre a prática da amputação de segmentos corporais como mecanismo de punição e estigmatização.

 

2. Paradigma histórico-social da Segregação

2.1 Conceito: 

- No paradigma segregação, pessoas com deficiências passaram a ser encaminhadas às instituições onde, mediante segregação, poderiam receber atendimento especializado;

- Lamentavelmente ainda se constata nos dias atuais.

 

2.2 Forma de atendimento:

- Recebimento de atendimento especializado por instituições;

-  Modelo médico de deficiência, que era entendida como um déficit a ser superado.

 

2.3 Exemplos históricos onde se deu a "separaração" das pessoas:

- Em 1854: Imperial Instituto dos Meninos Cegos;

- Em 1957: Imperial Instituto de Surdos Mudos;

- Em 1945: Sociedade Pestalozzi do Brasil;

- Em 1954: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

 

3. Paradigma histórico-social da Integração

3.1 Conceito:

- No paradigma Integração, a deficiência é encarada como um “problema” do indivíduo, cabendo exclusivamente a ele a responsabilidade por seu tratamento e reabilitação, no sentido de potencializar suas capacidades e habilidades, a fim de adaptar-se às exigências da sociedade. 

- É baseada no princípio da normalização.

 

3.2 Forma de atendimento:

- A inserção da pessoa nos sistemas sociais é baseada no princípio da normalização, sob aspecto médico;

- O foco de atendimento recai sobre a deficiência, entendida como um “déficit” a ser superado.

 

3.3 Exemplos:

- A pessoa com deficiência tem de se adequar à sociedade dominante, conforme as suas regras;

- A integração preconizava o ideário de uma suposta igualdade, partindo de uma pretensa homogeneidade;

- O aluno frequenta uma sala de aula inserida dentro de uma escola comum, porém, exclusivamente destinada a pessoas com deficiência. É o que chamamos de sala especial.

 

4. Paradigma histórico-social da Inclusão

4.1 Conceito:

- No paradigma da inclusão constatamos o modelo social da deficiência no qual se preconiza um movimento bilateral entre sociedade e pessoas nessa condição;

- Modificação dos sistemas sociais gerais;

- Pautado em princípios como autonomia, independência e empowerment.

 

4.2 Forma de atendimento:

- O atendimento é pautado na postura de aceitação, tolerância, apoio e assimilação;

-  Enfatiza a equiparação de oportunidades;

- É compartilhada com a sociedade.

 

4.3 Exemplos:

- Aceita-se as diferenças, com valorização de cada pessoa e convívio dentro da diversidade humana;

- Atividades em busca de uma sociedade democrática na qual todos conquistam a sua cidadania, prevalecendo o respeito à diversidade, aceitação e reconhecimento político das diferenças.

 

Referências:

ARANHA, M. S. F. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência. Revista do Ministério Público do Trabalho, Brasília, ano 11, n. 21, p. 160-173, mar. 2001.

COSTA, A. C. da; SOUSA, S. B. Educação Física e Esporte Adaptado: História, Avanços e Retrocessos em Relação aos Princípios da Integração/Inclusão e Perspectivas Para o Século XXI. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. V. 25, n. 3, 2004. 

VAN MUSTER, M. A. Educação Física Especial e Adaptada. Unidades 1 e 2. Caderno de Referência de Conteúdo – CRC.  Batatais: Claretiano, 2013.