Autor: Dr. Elionai Dias Soares

Professor de OMF / Anatomia Humana – Cesmac / AL

Curso: Licenciatura em Educação Física – Claretiano / SP

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Introdução

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) não pode ser desconsiderada do cenário educacional na medida em que nos deparamos com um contexto social resultado de uma globalização que destaca um mercado de trabalho que exige pessoas com mão de obra qualificada, ao mesmo tempo que exclui aqueles com menos escolarização, ainda que vítimas da injustiça social, e por isso, duplamente excluídos. Dessa forma, constata-se que milhões de brasileiros, como fruto desse retrocesso, não se beneficiam do ingresso nem da permanência na escola (TRIGUEIRO, 2010).

No entanto, a EJA apresenta-se com características específicas, quando tratamos do público alvo a ser abordado. O alunado é composto de pessoas que não tiveram acesso, por algum motivo, ao Ensino Fundamental ou Médio, ficando afastados da escola, por vários anos. Os motivos relatados são os mais diversos, dentre os quais podemos citar: a falta de estímulo (motivação) para continuar nos estudos; os altos índices de reprovação e a necessidade de manter o sustento familiar, durante o tempo que seria dedicado aos estudos, com ingresso ao mercado de trabalho, ainda que de forma prematura e despreparada.

 

A nova realidade discente

Ao considerar os textos de BASSO, I.S e TASSINARI, A. M.; PUPIM, M.C.N.G, podemos afirmar que uma nova realidade de alunado se apresenta ao professor de EJA, com uma cultura própria e visão de mundo distinta, resultados de sua experiência de vida, conforme seu contexto social, familiar e profissional. 

Porém, é muito importante descaracterizarmos apenas esse viés de necessidade de educação para o mundo do trabalho. Essa visão capitalista e utilitarista não representa o todo da complexidade da necessidade do alunado da EJA, muito embora seja uma demanda premente, não se trata do único motivo pelo qual o aluno se motiva a estudar. Desta forma, a EJA participa de modo singular no cenário educacional com o processo de ensino e aprendizagem, seja de pessoas mais jovens, seja daqueles com idades avançadas, na busca de uma reconstrução da imagem da escola, assim como a reconstrução da autoestima discente.

 

 

Adaptações ao novo cenário da EJA

Para a universalização do EJA, o professor precisa estar em constante aprendizado e formação, coerente com metodologia específica e diferenciada. Nesse entendimento, tanto o docente quanto o aluno devem ser caracterizados como “trabalhadores". Dentre as qualidades, competências e habilidades do professor de EJA, destacam-se algumas indispensáveis, à saber:

- confiança na capacidade de todos em aprender e ensinar; 

- capacidade de solidarizar-se;

- disposição de enfrentar as dificuldades como desafios estimulantes. 

Dessa forma, conforme as alegações de Duarte apud Basso (1998); o professor possui papel mediador no processo de aprendizagem e apropriação dos resultados da prática social. Segundo o autor, 

 

[...] o indivíduo forma-se, apropriando-se dos resultados da história social e objetivando-se no interior dessa história, ou seja, sua formação realiza-se através da relação entre objetivação e apropriação. Essa relação efetiva-se sempre no interior de relações concretas com outros indivíduos, que atuam como mediadores entre ele e o mundo humano, o mundo da atividade humana objetivada. A formação do indivíduo é, portanto, sempre um processo educativo, mesmo quando não há uma relação consciente (tanto de parte de quem se educa, quanto de parte de quem age como mediador) com o processo educativo que está se efetivando no interior de uma determinada prática social (DUARTE apud BASSO, 1998, p. 8). 

 

Considerações finais

 

Independente da idade do aluno e de seu nível de escolaridade, as relações interpessoais entre docente e discente são construídas durante a troca de significados, onde o professor apresenta-se como referência a ser seguido. Assim como os pais são para as crianças modelos a serem seguidos (ou não), o professor, mesmo diante dos alunos adultos, também ocupa essa posição de referência.

 

Referências:

 

BASSO, I.S. Significado e sentido do trabalho docente. Cad. CEDES, Campinas, v.19, n.44, abr. 1998. 

MOURA, T. B.; TORRECILAS, F. V.; LOYOLA; V. D. Uma Análise de Concepções Sobre a Criança e a Inserção da Infância no Consumismo. Disponível em: . Acesso em: 13 jul. 2020. Páginas 476 – 488. 

SILVA, A. A.; SADOYAMA, A. S. P.; LOPES, E. V.; MELO NETO, G.; SADOYAMA, G.; PAULA, H. V. C.; PAULA, M. V.; MENDES, N. M.; BORGES, N. S. O.; PACHECO, M. P. Direitos Humanos e Infância: Debatendo a cidadania da criança e do adolescente. Disponível em: http://gajop.org.br/justicacidada/wp- content/uploads/educacao-DDHH-crianca-adolescente-CIDADANIA.pdf Acesso em: 10 jul. 2020. Páginas 1 a 10.

TASSINARI, A. M.; PUPIM, M.C.N.G. Educação de Jovens e Adultos. Batatais: Unidade 2, Claretiano, 2015.