A prática pedagógica, articulada na construção do conhecimento da criança 

Esse texto tem como objetivo mostrar a importância do professor como agente de transformação, pois, sabemos que a pratica pedagógica é uma pratica social. De acordo com Aranha (1996), a educação não pode ser compreendida fora de um contexto histórico-social concreto, sendo a pratica social o ponto de partida e o ponto de chegada da ação pedagógica.

A educação é uma pratica humana direcionada por uma determinada concepção teórica. “A pratica pedagógica esta articulada com uma pedagogia, que nada mais é que uma concepção filosófica da educação. Tal concepção ordena os elementos que direcionam a pratica educacional” (LUCKESI, 1994, P.21).

Vale lembrar a aprendizagem é um dos principais objetivos da prática pedagógica, é a compreensão ampla na construção de uma proposta de educação. Essa construção torna o aluno mais autônomo, principalmente, no processo de aprender; é importante tornar a pratica pedagógica em uma pratica ética, comprometida, coerente, ao mesmo consciente e competente.

Nesse aspecto, compreende o ato de educar como social, ou seja, a escola não é o único meio educativo, pois, precisa levar em consideração as famílias, as comunidades e outros meios. Além disso, as situações de ensino/aprendizagem são completas, sendo muitas variáveis que podem fluir de maneiras positivas como negativa. Para Libânio (1994), o processo ensino-aprendizagem foi tratado, em tempos passados, prioritariamente, como um processo individual.

Na opinião de Mantovani (2001), nos métodos de alfabetização tradicionalmente utilizados, ora se relega ao aprendiz uma franca passividade, absolutizado o papel do professor; ora se atribui ao mesmo a direção do processo, reduzindo o professor a condição de mero estimulador. O autor parte do principio de que para superar os limites de tais enfoques é necessário ter compreensão mais clara sobre os aspectos psicológicos envolvidos nesse processo, ou seja, é necessário compreender como se dá a aquisição do conhecimento pelo individuo e qual a interferência possível e necessária do professor nesse processo.

Para Vygotsky (1987), para uma reflexão quanto à natureza do conhecimento. Para esse pesquisador, a aprendizagem pressupõe uma natureza social especifica e um processo através do qual o aprendiz penetra na vida intelectual dos que o cercam, isto é, formação e o desenvolvimento das funções e faculdades psíquicas superiores ocorrem sob a forma de apropriação do conteúdo da experiencia dos indivíduos, generalizado e fixado nos produtos materiais das atividades humanas ou em categorias conceituais, sob a forma verbal.

Baseado nas teses e do materialismo histórico, Vygotsky destacou que:

 

 As origens das formas superiores de comportamento consciente deveriam ser buscadas nas relações sociais que o sujeito mante com o mundo exterior, na atividade pratica. Para descobrir as fontes dos comportamentos especificamente humanos, era preciso liberta-se dos limites do organismo e empreender estudos que pudessem explicar como os processos maturacionais entrela-se aos processos culturalmente determinados para produzir as funções psicológicas superiores típicas do homem. (MEIER; GARCIA,2007, p.53).

 

De acordo com o autor, a convivência social ajuda a construir os conhecimentos, ou seja, a criança aprende interagindo com outras crianças, transforma através dessa mediação com crianças mais experientes.

Conforme Aranha (1996, p.216), a pedagogia critico-social dos conteúdos, ou como também é conhecida, a pedagogia histórica-critica busca:

[...]construir uma teoria pedagógica a partir da compreensão de nossa realidade histórica e social, a fim de tornar possível o papel mediador da educação no processo de transformação social. Não que a educação possa por si só produzir a democratização da sociedade, mas a mudança se faz de forma mediatizada, ou seja, por meio da transformação das consciências.

A concepção da mediação, como possibilitadora da construção pessoal do conhecimento, deve trazer consigo algumas mudanças na ação do professor. Posturas não mediadoras precisam ser revistas, integradas e contextualizadas. Há que se promover Transformações no trabalho docente que garantam a mediação da aprendizagem como opção consciente de ação pedagógica ou, por que não dizer, andrológica. O fator de construção como parte integrante e integradora do conceito de mediação da aprendizagem é um passo necessário nesses caminhos (MEIER; GARCIA,2007, p.72)

 

 o autor afirma, que os professores acompanhem o desenvolvimento da criança, mostrando as possibilidades lógicas., ou seja, crie situações que possibilitem aos mesmos, atuar diretamente sobre os objetos de conhecimento, através de sua própria ação cognitiva, estabelecendo as relações de análise.

O autor acrescenta Faria (2009), percebe que na fundamentação dessa tendencia, mostra uma preocupação com a transformação social, ou seja, a compreensão da realidade, a partir da análise do mundo do trabalho, das vivencias sociais, entendendo-as não como algo natural, mas sim, construindo naturalmente.

É importante que a escola trabalhe com conteúdo significativo para a criança. Neste caso, a respeito do papel da escola, Libânio (1994, p.69): 

A difusão de conteúdos é a tarefa primordial. Não conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e, portanto, indissociáveis das realidades sociais. A valorização da escola como instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir para eliminar a seletividade social e torna-la democrática. Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que define uma pedagogia critica é a consciência de seus condicionantes histórico-sociais, a função da pedagogia “dos conteúdos” é dar um passo á frente no papel transformador da escola. 

Vale ressaltar, que nos últimos anos, muitos pesquisadores, estudam a questão da aprendizagem, não existe uma uma resposta única, capaz de incluir todas os elementos fundamentais, mas, devemos levar em conta a abordagem pedagógica, os conhecimentos e valores, utilizando o meio em que as crianças vivem, para assim compreender as suas reais necessidade. Artigo baseado no livro Educação de Jovens e Adultos- Wendell Fiori de Faria.(p.65-71) 


REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

 

ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Filosofia da educação.2. ed. São Paulo: Moderna,1996.

FARIA, Wendell Fiori de. Educação de jovens e adultos: pedagogia/Wendell Fiori de Faria. São Paulo: Pearson Education do Brasil,2009.

LIBÂNEO, José Carlos. Tendencias pedagógicas na prática escolar. In:LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo:Cortez,1994. p.53-75

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo: Cortez,1994

MACEDO. Carmen Cinira. A reprodução da desigualdade. São Paulo:Vértice,1996.

MANTOVANI, Maria Cristina. Professores e alunos problema: um circulo vicioso. São Paulo: Casa dos Psicologos,2001.

VYGOSTSKY, Lev Semenovitch. Pensamentos e linguagem. São Paulo: Martins Fontes,1987.

Gean Karla Dias Pimentel, Graciele Castro Silva, Renata Rodrigues de Arruda