O presente artigo tem por objetivo descrever como o bilinguismo é aplicado a educação dos surdos, sendo ele a melhor metodologia para o ensino do aluno surdo.

A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica fundamentada nos estudos de pesquisadores da área, bem como em artigos científicos.

No decorrer da história dos surdos, é possível perceber que eles sofreram muito para que hoje pudessem ser livres para utilizar a língua de sinais. Dentre tantas lutas da comunidade surda, temos como exemplo de conquista, o reconhecimento da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), que foi regulamentada pela Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002.

A língua portuguesa e a Libras (Língua Brasileira de Sinais) são duas línguas distintas e têm importância fundamental na educação dos surdos. Enquanto a língua portuguesa é a língua oficial do país e é usada na comunicação escrita e oral da maioria da população, a Libras é a língua natural dos surdos, uma língua visual-gestual que tem sua própria gramática e estrutura.

Para os surdos, a Libras é essencial para a comunicação e a expressão de ideias e sentimentos, além de ser um importante meio para o desenvolvimento cognitivo e social. É por meio da Libras que os surdos podem se comunicar efetivamente uns com os outros e com as pessoas ouvintes que conhecem a língua.

Na educação dos surdos, é fundamental que tanto a Língua Portuguesa quanto a Libras, sejam utilizadas e valorizadas. É importante que os professores sejam capazes de se comunicar em Libras e em português para garantir uma educação inclusiva e de qualidade.

 O uso da Libras na educação dos surdos ajuda a desenvolver o pensamento crítico e a criatividade, além de garantir que a aprendizagem seja significativa e adaptada às necessidades dos alunos.

O bilinguismo começou a ganhar força no mundo a partir da década de 1980, e somente na década de 1990 no Brasil. No entanto, a adoção do mesmo nas escolas públicas ainda é fraca, apesar dos esforços governamentais. Segundo Santana (p.168,2007), a luta pelo bilinguismo, em alguns momentos, parece ser menos uma questão linguística e mais uma questão político-social, já que subjaz a ela, a possibilidade de inserção dos surdos em uma sociedade ouvinte.

É importante salientar que no decorrer da história do surdo tivemos três filosofias educacionais adotadas para o ensino do aluno surdo, porém, as duas primeiras que são a comunicação total e o oralismo não obtiveram êxito e somente na terceira filosofia educacional que é o bilinguismo foi possível ter a consolidação de uma filosofia adequada para o ensino do aluno surdo. Nesta filosofia, o aluno aprenderá primeiro a língua de sinais, que é a língua materna e, posteriormente, a de seu país, como por exemplo, a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), que é a língua utilizada pela comunidade surda do Brasil.

A proposta bilíngue também vai permitir ao aluno surdo, recorrer à língua portuguesa para integrar-se na cultura ouvinte. O bilinguismo chama a atenção para o aspecto da identificação da criança surda com seus pares.

Considerando que a educação bilíngue tem contribuído cada vez mais para que isso aconteça, sugerindo um novo olhar sobre a surdez, que se afasta de uma visão clínica e reabilitadora. É necessário compreender que a língua de sinais apresenta uma modalidade diferente da língua oral e torna-se uma mediadora para o aprendizado da língua portuguesa.

Vale ressaltar, que os meios favoráveis para a educação da língua portuguesa devem ser visuais, pois facilitarão a compreensão deste aluno, sendo de fundamental importância a mudança da metodologia em sala de aula para que a surdez não seja usada como impedimento na aprendizagem.

Desse modo, é importante que seja oferecida uma educação que permita o desenvolvimento integral do indivíduo surdo, de forma que ele desenvolva toda a sua potencialidade.

O bilinguismo refere-se a toda luta que os Surdos tiveram para reconhecimento de sua identidade, sua cultura e língua própria. Nesta concepção a criança Surda aprende primeiramente a Língua de sinais e posteriormente a Língua Portuguesa na modalidade escrita. Moura destaca:

Verifica-se aqui que não foi um mero reconhecimento de uma entidade abstrata como uma língua, mas o reconhecimento desta língua como pertencente a uma comunidade que deveria ter direito de ter acesso a mesma.  Não foi, portanto, somente o reconhecimento da Língua de Sinais, mas dos Surdos como representantes de um grupo minoritário com direitos educativos na sua própria língua. (MOURA, 2000, pág.73).

 

Como pontua o autor, não houve apenas o reconhecimento de uma língua, como também, de uma comunidade que lutou bravamente para ter seus direitos, sua cultura e identidade reconhecidos.

Desta forma, os estudos recentes destacam que o Bilinguismo é a prática que melhor contempla o ensino do aluno surdo, contribuindo para o seu processo de ensino e aprendizagem.

Sabemos que a construção de um modelo bilíngue é um trabalho árduo e paciencioso, entretanto se não trabalharmos em conjunto, continuará sendo um processo dificultoso tanto para os professores quanto para os alunos e somente por meio da educação teremos uma escola inclusiva, humana, compromissada com as minorias que são constantemente excluídas pela sociedade.

 

REFERÊNCIAS BOBLIOGRÁFICAS

 

BRASIL. Lei. Nº. 10.436, de 24 de abril de 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso em: 30 de julho de 2022.

BRITO, L.F. Integração social e educação de surdos. Rio de Janeiro : BABEL Editora, 1993

GOLDFELD, Márcia. A criança surda. Linguagem e Cognição Numa Perspectiva Sócio – Interacionista. São Paulo: Plexus Editora, 2001.

QUADROS, R.M. A educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

SKLIAR , C. (org) Atualidade da educação bilíngue para surdos. Porto Alegre: Mediação, 1999. 2.v.

STUMPF, M. “A educação bilíngue para surdos: relatos de experiência e realidade brasileira”. In:__ QUADROS, R. M. de. (Org.). Estudos Surdos IV. Petrópolis: Arara Azul, 2009

LIDIANE DA SILVA XAVIER - Graduada em Pedagogia; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis. 

NOEMI BRAGA DE REZENDE- Graduada em Pedagogia e História (FALBE e UFMT); Especialista em Psicopedagogia (UNIGRAN) e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

RAQUEL SANTOS SILVA - Graduada em Letras; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

ROSANGELA ALVES DA SILVA ARAÚJO- Graduada em Pedagogia (UFMT); Especialista em Psicopedagógico Afirmativo e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

VALQUÍRIA MENDES MARQUES- Graduada em Pedagogia (UENP); Especialista em Psicopedagogia (FIC) e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

VALQUIRIA RODRIGUES DIAS- Graduada em Pedagogia (UFMT); Especialista em Psicopedagogia (UNISERRA) e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.