A influência da mídia na educação: "De um programa de humor passamos a um acontecimento trágico" Maria Elaine Senti Corrêa Ferri¹ Resumo: Este texto apresenta a influência da mídia na vida das pessoas, destacando aspectos positivos e negativos. Até que ponto a escola está sendo substituída pela mídia? As escolas utilizam da mídia educativa no processo de ensino aprendizagem? Neste texto, a mídia é destacada por rótulos, marcas de roupas, programas de televisão, rádio, vídeo games, etc. Até que ponto ela influência na vida e na educação das crianças? Sabe-se que a mídia com o seu poder dominador consegue influenciar em todos os aspectos da vida das pessoas, estas que espelham-se em estereótipos assistidos através dos meios de comunicação. Palavras-Chave: Mídia, educação, responsabilidade, consumo, consciência, qualidade no ensino; Vivemos numa era globalizada, onde a mídia se faz presente em boa parte dos lares, escolas, ruas, supermercados, seja através de panfletos, anúncios no rádio, televisão, etc. Ao nascer a criança já está mantendo um contato digamos que indireto, com a mídia, um exemplo disso são as marcas mais famosas escolhidas pelas mamães no chá de fraldas, antes mesmo das crianças nascerem, como o talco johsons'johnsons, a fralda da Turma da Mônica, tip top do Poof, da Barbie, sapatinho da Pampili, enfim, há uma série de objetos relacionados à mídia que se tornam presentes desde o nascimento das crianças ou até mesmo antes. Moreira diz que: [...]antes de serem alfabetizadas pela escola, as crianças, sobretudo nos grandes centros já foram alfabetizadas pelas marcas e pelos logos. Antes de aprenderem direito a falar, elas começam a ler o mundo por meio dos ícones do consumo.(2003, p.1220) Devido ao corre-corre diário, os pais, muitas vezes acabam deixando seus filhos em casa sozinhos e como alternativa de distração, eles optam pela televisão, rádio, computador, vídeo game, etc. Através destas alternativas, encontram em meio a tantos vídeos educativos e sites recomendados para crianças, um mundo totalmente fora do normal, com objetos flutuantes, animais que falam, super-heróis, princesas, fadas, jogos violentos, sites inseguros e não recomendado para menores, etc. ¹ Acadêmica do Curso de Pedagogia ? Licenciatura (FURG), conclusão do curso em agosto/2011; As crianças crescem pensando que a vida é igual a da Cinderela, ou da Pequena Sereia, pensam em ser um super-herói quando crescerem, ou qualquer outro desenho animado, assim que algum filme é lançado nos cinemas, as livrarias já possuem toda a coleção nos materiais escolares. É incrível o poder da mídia. Recordo que em meu tempo de escola, alguns colegas levavam biscoito recheado da marca Trakinas, eu nunca levava porque não tinha condições de comprar, hoje em dia, se eu for no supermercado comprar bolacha eu opto por Trakinas, por que acho melhor, na verdade a marca do biscoito não faz diferença, acontece que na infância a mídia teve uma influência tão forte que até hoje lembro desse acontecimento e penso que essa marca seja a melhor. Pesquisando sobre a influência da mídia na vida das crianças, deparei-me com um trecho que fala sobre estudos feitos pela Unesco: [...]o tempo que as crianças gastam assistindo a televisão é, pelo menos, 50% maior que o tempo dedicado a qualquer outra atividade do cotidiano, como fazer a lição de casa, ajudar à família, brincar, ficar com os amigos e ler. A programação transmitida pela TV acaba tornando-se um ponto de referência na organização da família, está sempre à disposição, sem exigir nada em troca, alimentando o imaginário infantil com todo tipo de fantasia. Não vejo apenas pontos negativos com relação a mídia, ela deve ser trabalhada junto às escolas e lares, mas de forma educativa, assim como existem milhares de vídeos não apropriados para crianças, existem milhares apropriados para elas, tanto professor, quanto família devem impor limites e proibir jogos e mídias violentas, seja através da TV ou da internet, é preciso que haja mudanças para essa cultura midiática, onde as crianças por vezes preferem ficar em casa jogando vídeo-game do que assistirem a uma aula de matemática ou até mesmo de educação física. De acordo com Fischer(1998), a criança gosta da TV porque ela fala a sua linguagem, uma comunicação entrecortada, dinâmica, não linear, em mosaico. A criança é capaz de pular rapidamente de um assunto para outro, do mesmo modo que a TV. Passamos de um acontecimento trágico para um programa de humor, de um comercial de brinquedos para uma mensagem de um partido político. Por outro lado, é importante destacar que em muitos casos esse gostar da telinha também é fruto da falta de opção de muitas crianças que, sendo obrigadas a permanecer enclausuradas no espaço de suas casas, muitas vezes mínimos e sem muitas opções de lazer e interação, acabam se limitando ao consumo da programação da TV. A televisão(TV) permite à criança que ela faça o que quiser dela, no rádio pode ouvir o que quiser, pois quem comanda é quem está na frente dela. Na escola não existe isso, a criança tem que obedecer, ouvir explicações de matemática, mesmo quando está a fim de ouvir música, tem que cumprir horários, deve realizar os trabalhos de acordo com o proposto, ser atenta, manter contato com os colegas, etc. Na frente da TV o mundo pára e a criança fica muda, apenas assiste e se não quiser escutar e/ou assistir clica no modo "mudo" e tudo se silencia ou troca de canal, pois tem várias alternativas. É como se o mundo girasse em torno de um controle remoto, mas não podemos esquecer que por muitas vezes as pilhas ficam fracas e a energia falta, e quando falta luz, o que resta a criança que não gosta de ler, não gosta de fazer os temas, não ajuda em casa, não arruma o quarto, não brinca com os amigos?! De acordo com Fischer, 1988: [...]é visível que também o professor precisa aprender a ver televisão, a analisar a TV a partir daquilo que ele gosta de ver, por que gosta, o que mais o prende na TV, o que a TV ensina, o que ele aprende com a TV[...]não existe alguém que é crítico diante daquilo que não conhece[...](p.61) O professor deve proporcionar ao aluno a mesma tranquilidade ou emoção que a TV transmite, ele deve transformar a sala de aula num ambiente moderno, onde os alunos passem a se sentir em "casa", mas para isso ele deve observar o lado positivo e o lado negativo da mídia. Trabalhando os dois lados da mídia, ele mostrará às crianças que eles existem, e que as mídias são apenas opções de diversão, mas não as únicas. De acordo com Soares, 1999 (...) é por meio da Educação para a Mídia que se pode estabelecer políticas educativas que visam minimizar os efeitos da mídia sobre as crianças e adolescentes.(p.267). A conversa com um amigo é bem mais produtiva do que ficar escutando programa de fofocas, além do mais, o professor deve explorar a linguagem e a leitura em sala de aula, realizar atividades dinâmicas, que estejam relacionadas a filmes, novelas, desenhos, que desafiem os alunos e que os ajudem a pensar, pois daqui uns anos, a mídia começará a pensar pelas crianças. Além de um aluno televisivo, o professor deve formar um leitor. Análise Reflexiva Sabemos que hoje em dia, as pessoas seguem o que está "em alta", na moda, nas capas de revista, um corpo bonito, um rosto perfeito, relações com pessoas famosas, seja pessoalmente ou através de autógrafos, enfim, sonham conquistar um mundo totalmente desigual, não reconhecendo as milhares de pessoas que passam necessidades e/ou morrem por não terem o que comer. A mídia influencia um consumo exagerado, se a mídia televisiva implantasse programas e/ou ações de valorização da educação, programas educativos, cursos, palestras, com certeza a realidade educacional seria outra. Bibliografia MOREIRA, Alberto da Silva. CULTURA MIDIÁTICA E EDUCAÇÃO INFANTIL. Educ. Soc. Campinas, vol 24, nº 85, dezembro de 2003. Disponível em PONTES, Aldo. A educação das crianças na sociedade midiática: desafios para formação e prática docente. Disponível em www.uab.furg.br (PONTES, Aldo N. (Org.). Infância, cultura e mídia. São Paulo: Zouk). FISCHER, Rosa Maria Bueno. A construção de um discurso sobre a infância na televisão brasileira. In: PACHECO, Elza Dias (Org.) Televisão, criança, imaginário e educação. Campinas: Papirus, 1998. SOARES, Ismar de Oliveira. Comunicação e criatividade na escola. São Paulo: Paulinas, 1999.