A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS INFANTAIS NA EDUCAÇÃO E NO COMBATE À VIOLÊNCIA

INTRODUÇÃO: TEMA

O desajuste social e comportamental pode ser considerado como um fator que gera a violência nas escolas?  A falta de limites e de valores morais pode justificar a agressividade entre os alunos e contra os professores? A desagregação da família leva a criança à violência?

Atualmente a violência tem ocupa um lugar de destaque em todos os noticiários, e nos chama muito a atenção à violência que tomou conta das escolas, as agressões e mortes que temos observado. Isso tudo tem deixado as pessoas preocupadas com o futuro dos nossos jovens e o futuro da nossa sociedade.

Nas escolas a falta de respeito e de limites, a ousadia dos alunos infratores, tem deixado os    educadores perplexos e desnorteados em relação às medidas sócio-educativas que devem ser tomadas e implantadas para combater e controlar essa violência.

A degradação dos valores morais, éticos e religiosos, tão importantes para a formação e integração social, pode ser uma das causas desencadeadoras da grande violência que toma conta de nossas crianças e de nossos jovens.

Parece-nos que as pessoas estão emocionalmente perturbadas e inabilitadas em seu movimento social, em sua forma de estabelecer metas e em seu modo de integração social.

A distância que se estabeleceu entre a inteligência e as emoções dificultam a compreensão do Ser como um todo, e impossibilita a criança na capacidade de captação, de avaliação e de emissão de respostas consideradas apropriadas e assertivas.

De acordo com alguns pesquisadores, os Contos de Fadas tem grande influência na saúde mental e emocional sendo um agente facilitador no processo da elaboração de conflitos e colabora também para a adaptação social e no comportamento da aprendizagem.

A falta de objetivos e de referências faz com que o jovem sinta-se “solto no ar”, sem nenhum compromisso com a vida, consigo mesmo, com a família e nem com a sociedade. 

Vivem num mundo sem ética e sem valores, onde não existem regras nem leis que regem o comportamento e o relacionamento humano, e este pode ser um dos fatores que caracteriza leva ao comportamento desajustado.

Essa atmosfera indicadora do mal estar social, pode ser o inicio, a sinalização de um crescente “desconforto emocional”, onde o problema existencial pode estar contido numa simples perguntas: O desajuste social e comportamental é um fator que gera a violência nas escolas?  A falta de limites e de valores morais pode justificar a agressividade entre alunos e contra os professores?  Os conflitos emocionais podem gerar a violência? A perda dos valores morais, éticos está relacionada à falta de limites? 

A sabedoria dessas respostas provavelmente pode estar na Unicidade com o outro, onde a transformação interior de cada pessoa tem dois caminhos a serem escolhidos; ou o indivíduo cai num CIRCULO VICIOSO onde só consegue ver os defeitos que tem, e não consegue melhorar a percepção de si, ou então escolhe o caminho do CIRCULO VIRTUOSO onde se aceita como é e percebe o aspecto bom de seu caráter. Ninguém pode roubar a riqueza interior, a auto-estima e a capacidade de alguém.

Quando desajustada a criança torna-se cada vez mais agressiva e violenta em seu comportamento e relacionamento social de um modo geral, trazendo consigo a transmutação das relações humanas.

Neste trabalho estaremos analisando a importância dos contos infantis e seu significado oculto na resolução de conflitos e na formação da personalidade da criança. Desde os mais remotos tempos os contos de fadas tem sido objeto de interesse e de estudo da psicologia.

Aparentemente os contos têm como atrativo inicial o encantamento e o divertimento. Porém seu maior valor esta no poder de ajudar as crianças a lidar com seus conflitos internos durante seu processo de crescimento.

Cada um dos contos de fadas tem um sentido único e significativo para criança. Funciona como um psicodrama permitindo à criança lidar com seus aspectos negativos e suas incertezas sem grandes perturbações. Logo depois do “Era Uma Vez...” entram em cena os sete pecados capitais: a vaidade, a gula, a  inveja, a luxúria, a hipocrisia, a avareza ou a preguiça. Sentimentos e conflitos que todos os seres humanos tem, inclusive as crianças.

Embora os contos possam tratar de mais de um desses pecado, geralmente um deles ocupa o plano central da trama, e é justamente isso que atrai a criança naquele momento de sua vida. Os contos não têm o mesmo significado para todas as crianças. O interesse vai depender do tipo de conflito que ela vive.

A maneira como os contos de fadas podem ajudar a resolver suas dificuldades, é oferecendo um cenário onde elas possam representar os seus conflitos, suas dificuldades e suas necessidades.

Quando estão ouvindo os contos, sem perceber, através do processo de identificação, projetam inconscientemente parte delas mesmas nos personagens usando-os como fiéis depositários dos seus aspectos psicológicos contraditórios e negativos que afetam o seu “eu”. Passam a “viver” a história que estão ouvindo como sendo real, e sofrem junto com o personagem.

Os contos falam ao ego encorajando-o, e aliviando as tensões e pressões do mundo real, sendo um instrumento importante tanto para criança como jovens e adultos no alívio de tensões e desordem afetiva.

Os contos de fadas na maioria das vezes apresentam um dilema, isto é, problemas existenciais comuns que podem acontecer na vida real de qualquer pessoa. Por exemplo, problemas de relacionamento com os pais ou entre os irmãos; perda de um ente querido, frustrações, etc.

A dualidade do bem e do mal coloca o problema moral e requisita luta para resolvê-lo.

Nos contos de fadas o repúdio e a punição ao mal, representado pelas figuras das bruxas, dos dragões e dos gigantes, é interpretada e sentida como uma intimidação à violência e ao crime.

Normalmente as pessoas identificam-se com o herói da historia e sofrem junto com ele suas intimidações e suas provações. Segundo os pesquisadores essas lutas internas e externas do herói acabam imprimindo o sentimento de moralidade sobre os leitores os ouvintes.

Observamos atualmente um aumento significativo do comportamento violento de grupos de alunos dentro das escolas contra os professores e mesmo contra alunos que não compartilham das mesmas idéias dos agressores.

Normalmente as gangs formadas dentro das escolas, são de crianças desajustadas e com problemas de relacionamentos. Características que estão diretamente vinculadas à falta de limites e de respeito, de formação e valor moral.

Possivelmente são crianças com problemas emocionais e familiares que geram os sentimentos negativos e o desajuste social.

É por meio das soluções dos problemas e dos conflitos internos que se apresentam no dia-a-dia que o indivíduo se adapta e se ajusta ao seu meio ambiente.   

A adaptação refere-se à capacidade do organismo responder a situações que se modificam, sendo capaz de manter o nível de organização; portanto trata-se de um processo de desenvolvimento onde o organismo ajusta-se rapidamente aos efeitos provocados pelas condições externas ou internas, mantendo sua homeostase.

Tratando-se de pessoas gravemente perturbadas e com distúrbios de comportamento o foco fundamental é restabelecer um sentido para a vida, e a literatura, é um dos meios mais indicados e adequado para transmitir esse tipo de informação.

Nos contos de fada a criança encontra tudo o que ela necessita: Idéias e educação moral para que possa viver dentro da sociedade.

Isoladamente o potencial para ler e escrever não acrescenta nada de importante na vida dessas pessoas se o conteúdo for destituído de valor, ou seja, de um significado.

Para que uma leitura ou uma narração seja realmente proveitosa para a criança deve relacionar-se com os aspectos de sua personalidade e suas necessidades emocionais para poder promover a confiança em si mesmo e no futuro.

Os contos de fadas são interessantes pelo fato de não solicitar o leitor. Ele permite um trânsito livre da fantasia e re-assegura, dá esperanças para o futuro oferecendo a promessa de um final feliz, por isso é muitas vezes chamado de “presente de amor”.

 

3.OBJETIVO

3.1 Geral

Um dos objetivos da introdução dos contos de fadas nas escolas é abrir novos caminhos para a percepção da realidade sob a ótica da criança, permitindo uma integração equilibrada entre a fantasia e a realidade.

Através dos contos de fadas ajudar a criança a solucionar seus conflitos internos permitindo um controle sobre o comportamento violento.

O que percebemos é que com a desagregação da família, dos valores morais, éticos, religiosos e sociais, surgiu uma gama de motivos que acabou levando a criança a  inadequação pessoal e social.

Existem histórias que são muito adequadas a determinadas passagens da infância e que, através do fascínio, do imaginário, ajudam a criança a processar seus medos e suas fantasias de destruição.

3.2 Objetivo Específico 

No conto de fadas os processos e conflitos internos têm espaço para serem externalizados e tornam-se compreensíveis através das figuras da história e de seus imprevisto.

Os contos têm a capacidade de direcionar a criança para a descoberta de sua identidade e melhorar a sua comunicação, além de recomendar experiências indispensáveis para o desenvolvimento do caráter. Por todas essas características os contos se tornaram um agente importante de socialização e de equilíbrio emocional.

O interesse pelos contos além de colaborar no processamento da adequação em todos os âmbitos da vida é também um meio de incentivar o hábito da leitura.

4. O QUE JÀ SE ESCREVEU SOBRE O TEMA

Vários autores e pesquisadores de várias áreas como Psicologia, Psicopedagogia, Filosofia, etc. realizaram estudos e desenvolveram teorias sobre a importância dos contos de fadas na educação de crianças.

Muitas das pesquisas que foram realizadas tiveram seus resultados publicados em revistas especializadas comprovando a eficácia e importância dos contos de fadas durante o desenvolvimento infantil.

Dando continuidade a este trabalho citaremos, separadamente, alguns trabalhos e seus autores que ajudaram a dar sustentação a esse tema.

A teoria de Piaget sobre o construtivismo e sobre a inteligência é conhecida de todos que se interessam pela educação e pelo desenvolvimento infantil.

Porém poucos conhecem seu ponto de vista sobre o papel da afetividade no desenvolvimento da criança.

A maneira de se relacionar com a realidade vai depender diretamente do julgamento moral que a criança faz, que tem sua base em seus aspectos afetivos.  

A psicologia sempre teve grande interesse em entender a influencia dos contos de fadas na vida de seus leitores. Alguns autores como, Marie-Louise Von-Franz, Bruno Bettelheim e René Diatkine, procuraram compreender o significado dos contos de fadas no desenvolvimento intelectual e afetivo das crianças.

Bettelheim (1978/1980) procurou analisar e compreender os contos de fadas e sua importância no desenvolvimento psicológico das crianças, sob a ótica da teoria psicanalítica freudiana.

Para o autor, todas as pessoas necessitam do reconforto que a fantasia e a imaginação proporciona para podermos enfrentar as diversidades da vida no mundo das realidades diárias. Sem a contribuição dos sonhos noturnos e diurnos essas realidades se tornariam talvez muito árduas para poderem ser suportadas. Com a ajuda dos sonhos nós as toleramos porque temos esperanças da chegada de dias mais favoráveis.

São essas esperanças que os contos de fadas inculcam na criança, que lhes darão forças num período de sua vida onde ainda não conseguem enxergar a confiança de que seus esforços poderão valer a pena para a realização de suas pretensões mais importantes e de seus desejos mais ardentes. Para o autor, as histórias ou o que guardamos delas, nos ajudam a viver intensamente não somente as alegrias, mas também os medos de nossa infância.

Os contos têm um papel muito importante na vida da criança, no sentido de fornecer condições para a concretização de suas angústias e oferecer a possibilidade de dominá-las. Além disso, asseguraram para a criança que cada um dos aspectos maus tem o seu inverso, e que o segundo que é o aspecto bom é mais poderoso para fazer o bem do que o primeiro para fazer o mal.

Em todas as publicações constata-se unanimidade entre os autores sobre a eficácia dos contos de fadas para um desenvolvimento sadio e equilibrado.

O maior expoente nessa área foi Bruno Bettelheim psicólogo infantil, reconhecido mundialmente pelo seu trabalho com crianças autistas.  Todos os trabalhos realizados tomaram como base os trabalhos e pesquisas realizadas por Bettlheim.

Os trabalhos de Bettelheim sobre os contos de fadas foram utilizados como referência em varias teses de mestrado e doutorado e teses de conclusão de curso.

 

5. METODOLOGIA

 

A pesquisa será do tipo qualitativa, uma vez que busca a  mudança de  comportamento  da

população a ser observada. A população escolhida será composta por um grupo de alunos com idade entre sete e nove anos, considerados pelos professores como sendo “problema”. O grupo poderá ter até 20 alunos.  Esse grupo será divido em dois subgrupos de 10 alunos cada, onde um dos grupos terá semanalmente, com a supervisão de uma coordenadora, sessões de leituras e narrações de contos de fadas. Após o termino de cada historia permitir que as crianças verbalizem suas impressões sobre a historia. Em determinadas situações é necessário repetir a mesma história mais de uma vez até que a criança sinta-se aliviada de sua angustia. Durante seis meses passarão por este procedimento.

Concluído o tempo estabelecido, a análise dos resultados será feita verificando-se junto ao professor se houve ou não mudanças no comportamento e no relacionamento interpessoal, e melhora ou não no aproveitamento escolar. Caso o resultado seja positivo, pontuar as diferenças entre os dois grupos.

Quando se tratar de crianças muito pequenas é interessante que um adulto conte a história dando a interpretação e imprimindo o suspense que ajudará a criança a liberar suas fantasias.

Já os adolescentes poderão ler os contos e depois formar um grupo de debate para discutir a moral da história. Observar o comportamento antes e depois dessas sessões de leitura.

Comprovadas as hipóteses levantadas sugerimos aos professores a implantação da volta dos contos de fadas através das escolas, ajudando a mudar o convívio social.

 

6. Cronograma

Seis meses

7. Bibliografia

Souza, de Maria Thereza Costa Coelho, Valorizações Afetivas nas representações de contos de fadas: um olhar piagetiano. São Paulo: Bol.psicol V.55 n.123, dic. 2005.

 

Bettelheim, Bruno A psicanálise dos contos de fadas Trad: Arlene Caetano. São Paulo, Paz e Terra: 22º ed. 2008.

Kupfer, Maria Cristina, Educação para o futuro. Psicanálise e educação, São Paulo, Escuta, 2ºed. 2001.

Parrat, Silvia e Tryphon, Anastásia, Trad. Berliner, Claudia, Jean Piaget Sobre a Pedagogia, São Paulo, Casa do Psicólogo, 1998.