Você já parou para pensar na hipótese de receber um jogo de video-game da equipe de treinamento da sua empresa para aprimorar suas habilidades? No mundo corporativo isso pode parecer utópico, ou até mesmo soar como um certo "anti-profissionalismo". Se formos encarar o jogo de video-game como algo estritamente lúdico, apenas como forma de entretenimento, talvez essa percepção esteja correta, agora pergunto a você: E se a cada fase de um game você fosse desafiado a utilizar um conhecimento fundamental do seu dia-a-dia de trabalho? Será que os desafios propostos pelo jogo não podem ajudar você a exercitar ainda mais conceitos importantes relacionados a sua profissão?


Para a chamada "Geração Y", tão presente nas empresas hoje em dia, o video-game é algo muito presente desde a época de infância. Pesquisas apontam, inclusive, que a média de idade dos indivíduos que jogam video-game vem subindo, o que significa dizer que este "brinquedo", vem deixando de ser apenas um divertimento para a criançada. A mudança de conceito trazida pelo Nintendo Wii - que exige movimento do jogador para interagir com o jogo - também ajudou para aumentar ainda mais o interesse de um público, que achava que o video-game era só mais uma forma de incentivar o sedentarismo. Atualmente, até mesmo um programa de exercícios físicos já é possível fazer com a ajuda de um console!


Por outro lado, a inserção do "mundo dos games" no contexto das organizações provoca uma quebra de paradigma muito forte. Empresas com culturas mais fechadas e antigas, dificilmente aceitariam ver seus colaboradores sendo capacitados por meio de um jogo de video-game. Imagine você, se o chefe de uma dessas empresas se deparar com um de seus colaboradores concluindo a fase dois do game: "Mario Bros no Mundo das Vendas"? Não seria uma situação muito razoável. Não é mesmo? Pois bem, muitas empresas com culturas organizacionais um pouco mais flexíveis e abertas, utilizam o video-game como forma de entretenimento, o disponibilizando para seus colaboradores relaxarem da tensão e pressão das atividades do dia-a-dia de trabalho. Esse tipo de prática me despertou a possibilidade de aproveitarmos o nível de interatividade e desafio proporcionado por um jogo de video-game para alavancarmos o conhecimento dos profissionais. Estudos comprovam que, na perspectiva andragógica, o nível de retenção de conhecimento das pessoas é maior quando elas são desafiadas a fazer algo, ter um problema ou uma missão para executar, ingredientes que os jogos de video-game oferecem e muito!


Hoje em dia, o mercado dos games não investe muito na produção de jogos voltados para o mundo corporativo, talvez por que as empresas, tanto culturalmente, como na parte de infra-estrutura, ainda não estejam preparadas para consumir esse tipo de solução. Isso é até compreensível, uma vez que não seria uma tarefa fácil justificar para a chefia da empresa, a utilização de parte da verba destinada a treinamento para a compra de alguns consoles para montar uma sala de video-game para os colaboradores, porém, tecnologicamente, existem outras formas de oferecer este tipo de solução. Iniciativas como "Game e-learning" e Business Games presentes em muitas organizações, podem comprovar isso.


Esta é uma questão bastante complexa, para não dizer polêmica, pois existem e sempre existirão organizações totalmente contra este tipo de inovação, e tambem teremos aquelas que avaliarão a possibilidade de implementar uma prática neste sentido. Em um mundo em que todos buscam qualidade de vida no trabalho e clima organizacional satisfatório, fazer com que uma ferramenta de entretenimento, se torne uma fonte transmissora de conhecimento, talvez não seja má ideia. Enfim, é algo a se pensar!