curriculo

Arlindo Nascimento Rocha
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“Quando questões fundamentais de currículo não são dirigidas por educadores, os caprichos econômicos ou políticos formam o caminho e as práticas educacionais são governadas à revelia.” (Schubert, 1986, p.1)

Resumo

O currículo escolar é a base para o planejamento da prática pedagógica, dos professores, como também o compromisso para com os alunos, por isso, torna-se necessário investigar e refletir sobre questões de natureza teórica que norteiam a construção de um determinado currículo escolar.

Meu objetivo com esse trabalho é fazer uma investigação sobre o Currículo Escolar e suas principais perspectivas traçando um panorama histórico, e as várias facetas que se manifestaram na escola e no processo de ensino-aprendizagem ao longo dos anos, bem como o reflexo na construção da cidadania.

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Conceito de currículo

Objetivando uma possível definição do conceito “Currículo”, constata-se que não existe unanimidade no que tange a uma definição objetiva de termo. Vários estudiosos, como Silva (2000, 2001, 2007), Moreira (2001), Kelly (1981) Goodlad (1979), Yamamoto e Romeu (1983), Gimênio Sacristán (2000) entre outros, já identificaram cerca de trinta definições diferentes, cada uma, comprometida ou não com sua época, corrente pedagógica ou teoria de aprendizagem.

Normalmente, a expressão Currículo é usada para designar o programa de uma disciplina, conjunto de atividades educativas, as metodologias e os materiais usados no processo ensino-aprendizagem.No entanto, a reflexão para melhor entender objetivamente o que venha a ser currículo, implica investigar suas diferentes dimensões: social, política, econômica e cultural para melhor entender as forças diversas oriundas de cada contexto histórico, que influenciaram o processo de desenvolvimento curricular como um território amplamente contestado.

Historicamente, o termo currículo foi encontrado em registros do século XVII, sempre relacionado a um projeto de controle do ensino e da aprendizagem, ou seja, da atividade prática da escola. Desde os seus primórdios, currículo envolvia uma associação entre o conceito de ordem e método, caracterizando-se como um instrumento facilitador da administração escolar.

Atualmente, currículo é considerado como um conjunto de experiências, vivências e atividades na escola convergentes para objetivos educacionais, e, por isso, estas devem ser trabalhadas de forma inter-e-transdisciplinar por forma a facilitar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos, uma vez que, segundo BORSA, 2007 p. 02, “é na Escola que se constrói parte da identidade de ser e pertencer ao mundo; nela adquirem-se os modelos de aprendizagem, a aquisição de princípios éticos e morais que permeiam a sociedade; na Escola depositam-se expectativas, bem como as dúvidas, inseguranças e perspectivas em relação ao futuro e às suas próprias potencialidades”.

O currículo pode ser interpretado sob duas perspectivas complementares, não excludentes, em que cada um está de acordo com o nível de abrangência. Sendo assim, o currículo pode ser vista em seu sentido amplo e restrito. Segundo Samuel Rocha Barros (op. cit., p. 170-1), em sentido amplo o “currículo escolar abrange todas as experiências escolares.” Na obra aparecem várias definições, tais como: “é a totalidade das experiências de aprendizagem planejadas e patrocinadas pela escola” (Jameson-Hicks), “são todas as experiências dos alunos, que são aceitas pela escola como responsabilidade própria” (Ragan), “são todas as atividades através das quais o aluno aprende” (Hounston), e, em sentido restrito “o currículo escolar é o conjunto de matérias a serem ministradas em determinado curso ou grau de ensino.” Neste sentido, o currículo abrange dois outros conceitos importantes: o de plano de estudos “lista de matérias que devem ser ensinada em cada grau ou ano escolar” e o de programa de ensino "relação dos conteúdos correspondentes a cada matéria”.

Geralmente, o currículo tem como finalidade a construção da identidade dos alunos na medida em que ressalta a individualidade e o contexto social que estão inseridos. Além de ensinar ou transmitir de forma passiva um determinado conteúdo, deve aguçar a capacidade reflexiva, a criticidade e as potencialidades, dos alunos em face de uma realidade passível de ser transformada mediante a intervenção dos mesmos. Por isso torna-se necessário entender as teorias que sempre nortearam a definição de um determinado currículo, em função dos objetivos a serem atingidos.

Inicialmente, as teorias do currículo visavam responder as seguintes questões: qual o conhecimento que deve ser ensinado? O que os alunos devem saber? Qual conhecimento é importante para ser considerado parte do currículo? Por isso, ao longo da história as teorias do currículo foram vistas sob diferentes perspectivas: teorias tradicionais, teorias críticas e pós-críticas, diferenciando-se pela ênfase que dão à natureza da aprendizagem, do conhecimento, da cultura, da política, ou seja, da sociedade como um todo.  

Surgimento e evolução da teoria curricular

A teoria tradicional surgiu nos Estados Unidos com o objetivo de preparar o aluno para aquisição de habilidades intelectuais através de práticas de memorização e tem como base a tendência conservadora, baseada nos princípios de Taylor, que igualava o sistema educacional ao modelo organizacional e administrativo das empresas. O conhecimento é concebido como algo estático e objetivo, e o professor cumpre o papel de transmiti-lo. O aluno, por sua vez, é visto como um receptor passivo desse conteúdo transformado em objetos de ensino que são os saberes privilegiados pelo contexto sociocultural da classe dominante, ignorando-se a cultura dos grupos minoritários. Resumindo, o currículo aparece como um conjunto de objetivos específicos, procedimentos e métodos para a obtenção de resultados que deverão poder ser medidos.

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