No primeiro texto o autor fala que durante a sociedade brasileira colonial, a principal forma de economia era a monocultura da cana-de-açúcar e os latifúndios. A mão-de-obra utilizada era feita pelos indígenas e alguns tempos depois pelos escravos africanos. Embora desde o inicio existissem outras atividades econômicas no Brasil Português, o açúcar, o engenho e a escravidão desempenharam papeis cruciais na formação da sociedade brasileira. Stuart fala também que o modelo de formação social implantado aqui, foi semelhante à hierarquia que existia na Europa medieval, ou seja, o trabalho dos menos favorecidos para sustento dos nobres. O Brasil colonial foi uma sociedade escravista, onde a figura do senhor de engenho se sobrepunha sobre todo o resto. Apesar de ter em seu esqueleto a formação europeia medieval, a hierarquização da colônia possuía suas distinções. Dentro desta, havia subcategorias principalmente entre os nobres e o clero. A presença dos profissionais liberais, mercadores e artesãos entre o povo era comum.

            A nobreza estabelecida aqui dominava a sociedade, ditava padrões de desempenho e comportamento. Os nobres também eram responsáveis pela defesa militar, o que facilitava a proteção de sua linhagem. Tinham direito a isenção fiscal, ao favorecimento legal, a cargos governamentais importantes e a deferência da sociedade. Em certo modo a nobreza era definida pelas ações praticadas, o trabalho braçal, o artesanato e outras atividades inferiores não lhes cabiam. Mas isso não foi sempre assim, antes do século XVII, os primeiros colonos que aqui aportaram tinham um único objetivo, crescer financeiramente e voltar o mais rápido possível a Portugal para ter uma vida mais favorável. Como a coroa não os ajudava com as despesas ele tinham que trabalhar duro para poder ter o seu sustento. Os que se estabeleciam e criavam apego por suas terras futuramente tornar-se-iam senhores de engenho. Mas voltando aos nobres, eles deviam viver sem se preocupar com os trabalhos inferiores, deviam dedicar sua atenção aos rendimentos dos seus alugueis, com seus cargos públicos e manter o padrão de vida aristocrático. Fortuna, domínio senhorial, autoridade, manutenção e proteção da linhagem, dedicação às armas e a politica, generosidade, bravura e dedicação religiosa eram os elementos do ideal de nobreza que impregnava a sociedade colonial.

            O patriarca exercia um poder paternalista sobre sua linhagem e sua família, e estes deviam-lhe respeito, obediência e lealdade. A família colonial também possuía uma hierarquização, onde o pai estava no topo e abaixo a mulher os filhos e os agregados. Ter uma grande família era sinal de status e poder, pois era comum naquela época os senhores de engenho agregar a sua família, primos, afilhados e outros dependentes.

            Basicamente a estruturação da sociedade, como já foi exposto, possuía costumes medievais, porém o “a sociedade feudal” aqui foi extremamente diferente a da Europa.

            No segundo texto o autor fala como se deu a formação da classe dos senhores de engenho que ocorreu com o decorre da história, ou seja, se formaram aos poucos. Stuart que a formação se deu em dois momentos distintos, a primeira quando os colonos vinham para o Brasil Português para conseguir status e riquezas e voltar o mais rápido possível para a Europa. Aquele que se afixava e que no futuro seriam senhores de engenho trabalharam duro para construir sua propriedade e desenvolver o plantio da cana-de-açúcar.  A cora apenas doava as terras e não os ajudava financeiramente e essa necessidade do trabalho ajudou para construir a força dos futuros senhores. O segundo momento começa a partir do século XVII, nesse período o numero de colonos nascidos aqui aumenta e com isso o apego as suas terras e o desejo de voltar para Europa começa a diminuir. Os colonos que tinham se estabilizado estavam com uma condição financeira estável e o senso de nobreza passa a crescer. O nome de família que passa a ser criado para destacar as famílias uma das outras ajudava nesse senso de status e poder. Era comum nesse período o senhor de engenho possuir vários filhos fora do casamento, a promiscuidade sexual e avareza eram típicos deles.

            Mas os mesmos viviam preocupados em descobrir se possuía em seu passado alguém de linhagem nobre, por isso estavam sempre enviando genealogistas para Portugal a fim de descobri informações sobre o seu passado e para mascarar a promiscuidade, pois suas ações aqui não eram nem um pouco nobre.

            Ele também se preocupa com o acumulo de propriedades, os casamentos arranjados visavam uma futura união de terras e fortunas. Como foi dito, o senhor de engenho que tem muitos agregados e dependentes demonstra que ele tem poder e poder manter uma quantidade enorme de pessoas. Outra característica senhorial era a condição cavalheiresca, como não havia um exercito implantado, a Coroa Portuguesa concedia a alguns senhores títulos militares. Uma outra era generosidade, ser generoso era algo que acreditavam ser de extrema nobreza, mas tinham que ser generosos sabendo os limites. A hospitalidade causava boa impressão e dava status, receber convidados com um banquete farto era comum.

            Esses homens lutaram muito para conseguir que a Coroa lhes dessem o titulo de nobre, mas na falta destes, eles se auto intitularam SENHORES DE ENGENHO. E a partir desse ideal, onde todos estavam visando o mesmo bem, uniram-se para defender seus interesses. Embora com o “titulo” de Senhor, ele não quiseram deixar de lado o comando militar e politico, pois com esses poderes unidos eles podiam defender sua linhagem e defender seus interesses perante a sociedade. O Senhor de engenho era a primeira e a última palavra em seus domínios, ele que ditava todas as regras e o Estado português não interferiam dentro dos limites deles, com exceção quando havia rixas entre senhores.

            Durante muito tempo o uso da ameaça e da autoridade sobre seus subordinados, foi usado pelos senhores, essa forma de controle só começa a acalmar quando a Coroa portuguesa se estabelece aqui no século XVII, mas antes disso, eles eram os donos dos homens e das canas.

            A residência em suas terras destaca os senhores do nordeste, dos do sul que viviam em Portugal. O catolicismo, a fé contribuiu para a formação do modelo de vida destes senhores, eles eram católicos fervorosos, ajudavam os padres e a Igreja financeiramente, por isso que às vezes os padres não podiam contrariar as ordens dos deles. As atividades intelectuais também era uma característica, pois o saber contribuía para o status. Muitos senhores mandavam seus filhos para estudar fora do país a fim de se desenvolverem e alcançar bons empregos e influencia.

            A família neste tempo é a pedra angular para a formação deles, possuíam o maior zelo e apresso por ela. A família se definia basicamente na casa, na linhagem e nos agregados, quanto maior a família maior o poder econômico do senhor. O pai era quem dominava, assegurava a segurança e que todos seguissem o catolicismo, enquanto os outros tinham que obedecer e respeitar suas ordens. As mulheres tinham um papel fundamental na formação da família, pois ela era responsável por gerar a vida e organizar a casa. Também era responsável pela honra e por manter e acompanhar a virgindade das filhas. A fidelidade da mulher era algo muito prezado naquela época, caso ela viesse a trair seu marido, ele podia mata-la ou envia-la para um convento.

            Schwartz fala que a propriedade contribuiu para a formação dos senhores, elas eram a fonte de renda e sustento da família. Para manter suas terras após sua morte, deixava o filho mais velho no comando, e se houvesse algum desentendimento na família eles também criavam morgados ou doavam as terras para a igreja.