Uma breve discussão sobre EQUILÍBRIO ENTRE TEORIA E PRÁTICA na sala do educador

Alessandra Dobelin da Silva

A falta de professores com formação didático-pedagógica e de experiência na área lecionada é um dos problemas enfrentados pelas instituições. Mas até onde a escolaridade dos docentes contribui para o aprendizado do educando?

 Com a política de ampliação do número de vagas e cursos, a contratação de novos docentes tornou-se necessária e trouxe com sigo uma leva de novos professores carentes de experiência na aplicação dos conteúdos.

Mesmo com ingresso de professores com maior formação tenha contribuído para melhorar a qualidade dos cursos, o resultado é uma grande disparidade no nível dos educadores que atuam nesse segmento.

 “Não basta ter didática e metodologia adequada ao campo de conhecimento. É preciso saber planejar as atividades para o perfil etário, psicológico e cultural dos estudantes”, salienta Kronbauer ( Coordenador do Programa Especial de Graduação de Professores para Educação Profissional da UFSM).

A falta de profissionais com formação didático-pedagógico e experiência prática impede que a preparação do aluno ocorra de maneira integral, provoca o desinteresse, e o mais grave, impede o rápido ingresso do jovem no mercado de trabalho.

“O desafio consiste precisamente em aliar conhecimento prático e teórico em prol da elevação da qualidade do ensino técnico, e que, em certa medida, depende da experiência que se adquire nas salas de aula, nas bancadas e nos laboratórios”, concorda o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação Marco Antonio de Oliveira.

Boa parte da geração de professores em atividade no país não teve uma formação que o preparasse para isso”, garante Goodwin Júnior ( diretor  de Educação Profissional e Tecnológica de Minas Gerais)

Os grandes desafios relacionados a mudança no mundo do trabalho, principalmente no que se refere aos efeitos da inovações tecnológicas no aumento das exigências de qualidade na produção e nos serviços também influenciaram essa realidade, afirma a coordenadora pedagógica do TECPUC ( Instituição de Ensino Técnico e Médio Integrado do Grupo Marista, Ana Carolina Furis), pois se faz necessário ter maior atenção às questões relacionadas a ética, a justiça social, ao trabalho em grupo e ao conhecimento científico, afirma ela.

O fato de ser mestre ou doutor em determinada área de conhecimento e aplicação não significa que se esteja preparado para atuar na educação básica, seja ela profissional ou não, a experiência em sala de aula, os acontecimento já vividos muitas vezes mostra a melhor atitude diante de um problema, principalmente os relacionados a aprendizagem.

Implantar cursos de formação pedagógica específicos para a modalidade, estimular os professores para que se submetam a um processo contínuo de qualificação e requalificação e ampliar a oferta de treinamento presenciais e a distância (MEC).

A mudança da legislação que regula a contratação de educadores nas instituições públicas federais, ampliando a possibilidade de ingresso àqueles que têm experiência profissional e não apenas os que têm instrução acadêmica.

A criação de institutos de ensino superior que construiram currículos e ofereceram programas para a formação de professores de todos os eixos tecnológicos, em parceria com os estados, fez com que muitos educadores experientes concluíssem o nível superior.

As mudanças na educação profissional ainda não são acompanhadas por um programa de formação que defina as competências do professor.

“Embora os cursos de licenciatura já previlegiem em seus currículos uma preparação com base na pesquisa –reflexão-ação, precisariam abordar com maior especificidade a relação com o mundo do trabalho, relata Nascimento (Tecpuc).

Hoje se exigem educadores com qualificação científica e que ainda consigam preparar os estudantes para um mercado em constante ampliação e mudança. “Um aspecto que precisa ser mais bem definido é o tipo de educação que se quer”. “As aptidões necessárias para atuar como professor são diferentes em ambos os caso, e não se podem misturar as coisas, sob pena  de não se fazer nenhuma das duas bem-feitas”, alerta Eilliam Goodwin Júnior, do CEFET - MG

O PRONATEC – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, destinará verbas para a formação docente por meio de subprogramas como o Brasil Profissionalizado, que envolve reformas de escolas técnicas estaduais, laboratórios, capacitação e apoio pedagógico, e a rede E-TEC, voltada para a promoção de treinamentos a distância.

Sem esperar pelo Estado, algumas instituições já promovem a capacitação de seus professores nas próprias instituições de ensino, com preparação técnica e pedagógica de seus docentes, na forma de projetos especiais de formação de professores em conjunto com seus educandos.

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - existe o Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação Profissional (PEC), que forma docentes para que atuem em diversas modalidades tecnológicas.

O SENAI – capacita os seus profissionais por meio do Programa Nacional de Capacitação de Docentes (PNCD) – tem como apoiar e melhorar a qualidade dos educadores e dos processos educacionais, mediante a consolidação da metodologia de formação por competências.

O CEFET-MG, aposta no Mestrado em Educação Tecnológica e no Curso de Formação de Professores e oferece incentivo a qualificação acadênica dos docentes com bolsas e licenças para mestrado e doutorado e participação em eventos científicos.

“ A idéia é qualificar os professores para criar um ambiente que valorize o saber-fazer, em que se saiba a melhor maneira de ensinar e aprender, em que se reflita sobre o que se sabe e o que se faz, como isso ocorre ou qual seu lugar e seu impacto na sociedade”, explica James William Goodwin Júnior.

A experiência em sala de aula é muito importante para um bom andamento no que diz respeito a educar, mas a formação acadêmica contribui ainda mais, pois assim o professor tem a oportunidade de conhecer e fundamentar-se em teorias que o mesmo muitas vezes já pratica e talvez não a valorizasse muito.