Um olhar para o presente

 

Andréia Sandri Machado

Carolina Girardello Ballardin

Cristiane Rizzon

Suzete Soldatelli

Valéria Martinighi

 

 

Com a chegada da democracia uma nova visão de sociedade foi construída, mudando a vida das pessoas, alterando o modo de pensar e educar.

As famílias tradicionais tinham a ideia de que a criança nascia incapaz e só lá pela adolescência era capaz de tomar decisões. Hoje essa ideia foi substituída pela crença de que a criança é capaz, com idade muito precoce, de tomar decisões como o adulto.

O relacionamento entre pais e filhos sofreu uma mudança radical de alguns anos para cá. Se antes o pai era aquela figura de muito respeito, aquém competia dar a palavra final e decidir sobre todo problema familiar, hoje sua atuação modificou-se. Amigo, companheiro, confidente, o pai hoje é uma pessoa bem mais acessível e aberta ao diálogo do que anos atrás. Dessa maneira, os filhos passaram a ter um acesso muito maior as decisões relativas à sua educação. (Pais e filhos, 1978, p.40).

No tempo de nossos avós uma criança jamais era consultada sobre qualquer assunto, “criança não tem querer”, era a frase mais escutada, hoje as crianças fazem suas próprias escolhas. (Pais e filhos, 1978, p.40).

Naturalmente, a democracia das relações familiares foi positiva em diversos aspectos. Atualmente não é preciso temer o pai, nem calar-se em sua presença, como já foi     frequente. Existe uma aproximação muito maior entre pais e filhos, ou pelo menos uma tentativa de compreensão. Por outro lado, a criança que desde muito cedo é levada a tomar as decisões próprias, a escolher aquilo que lhe parece melhor, pode sentir-se solta demais, sem saber para onde ir, porque os pais não souberam estabelecer os limites necessários. (Pais e filhos, 1978, p.40).

É através dos limites fornecidos pelos pais, do que é permitido ou não fazer, que a criança vai se tornando um ser social. A grande diferença é que agora, já não é mais tão fácil para os pais discernir o que realmente seja bom ou não para a criança.

As modificações por que passou a família nas últimas décadas são muitas, neste momento, o mais acertado ainda é, como em tudo na vida, buscar um meio termo. (Pais e filhos, 1978, p.41).

Ao pai de hoje talvez caiba uma tarefa mais difícil: encontrar um equilíbrio entre a educação autoritária, que não admitia contestações e a liberdade prematura, igualmente perigosa. Amigo, confidente, companheiro, mas também principalmente educador, tão seguro de si, mesmo quanto possível consciente do que faz e quer (Pais e filhos, 1978, p.41).

Tudo isso conduz ao argumento de que a família vem sofrendo pressões que modificam sua forma e dificultam a execução de suas funções. Coloca-se, então, a necessidade de revisão de fatos para que se possa caminhar de novo para a forma original, capaz de garantir o exercício adequado às funções da família.

Sobre isso Içami Tiba (2002, p.127), afirma: “é fundamental que os pais estabeleçam as bases sobre as quais apoiaram a educação dos filhos...”.

Nos últimos anos muitas pressões incidiram sobre a família, fazendo até que ela alterasse sua foram original. De uma parte a “vontade de ser”, que faz com que gerações mais jovens mergulhem na descoberta de si mesmas, esquecendo-se de que elas fazem parte de um processo de continuidade histórica garantindo a continuidade da família, quem que pese à limitação de sobrevivência de cada um de seus membros. A valorização exagerada que cada nova geração atribui a si mesma introduz uma descontinuidade no processo, alterando o formato da família e dificultando o exercício pleno de suas funções. (Escola de Pais do Brasil, edição 21, p.40).

Para definir os rumos de sua própria vida, os pais precisam naturalmente trabalhar permanentemente na construção de sistema de valor, capaz de identificar-lhes o norte nos rumos a assumir. É de se ressaltar aqui a importância de que se reveste esta tarefa, uma vez que os pais estarão sempre desafiados a colaborar na construção dos sistemas de valor de seus filhos, desde a infância, mas principalmente em outros momentos críticos. (Escola de Pais do Brasil, edição 21, p.42).

Os pais devem buscar o seu permanente desenvolvimento intelectual e cognitivo, complemento essencial de sua personalidade, adquirindo assim, maior conhecimento, atuando juntos na educação da criança.

Segundo Zagury, Tânia (2004, p.13):

 

“com as mudanças ocorridas nos últimos anos, tanto no campo das relações humanas como na educação, as pessoas foram aprendendo a respeitar as crianças entendendo que elas têm, sim, querer, gosto, aptidões e até indisposições passageiras – exatamente como nós, adultos”.

 

Com isso, sem dúvida, muita coisa melhorou para as crianças – e,  claro, para nós adultos também. O relacionamento entre pais e filhos ganhou mais autenticidade, menos autoritarismo.  O “poder absoluto dos pais sobre os filhos foi substituído por uma relação mais democrática.” (Zagury, 2004, p.14).

 

BIIBLIOGRAFIA:

 

TIBA, Içami. Quem Ama, Educa!, Editora Gente, 160ª- ed., 2002.

ZAGURY, Tania. Limites sem trauma. Editora Record, Rio de Janeiro,RJ, 90º edição 2004.

REVISTA PAIS E FILHOS, edição Junho, 1978, p.40.

Escola de Pais do Brasil, edição 21, p.40. Caxias do Sul, RS.