RESENHA

Resenhado por: Maria de Fátima Barboza, graduada em Fisioterapia / UNINCOR / 2002 - 2005. Pós-graduada em Fisioterapia Hospitalar / UNIPAC/ 2005- 2006. Aprimoramento em Fisioterapia Respiratória com Enfase em Oncologia / Hospital Luxemburgo - 2007. Graduada em Serviço Social / NEWTON PAIVA/ 2011.Especialista em Saúde Pública e Educação / UNIFENAS/  - 2011. Funcionária Pública / Prefeitura Municipal de Betim/ 1993 em ativa.

PIMENTA, S.G.; LIMA, M.S.L. 2004. Estágio e docência. São Paulo, Cortez Editora, 296 p.

Selma Garrido Pimenta:

Possui graduação em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1965), mestrado em Educação: Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1979) e doutorado em Educação: Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1985). Atualmente é Professor Titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - FE - USP. Coordena (em parceria) o GEPEFE - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação do Educador desde 1989, junto ao programa de Pós Graduação em Educação - FEUSP. Foi coordenadora do Programa de Pós Graduação em Educação na FE-USP (1997/99) e Diretora da FE-USP (2002 - 2005). Foi Pró Reitora de Graduação da USP (2006 - 2009). Atuou como Membro do Comitê de Avaliação da área de Educação junto à CAPES (2001-2003). É Membro do GT Didática da ANPEd - Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Educação, do qual foi coordenadora (1996 - 1999) e representou-o como Membro do Comitê Científico da ANPEd (por quatro anos). Tem experiência na área de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: formação de professores, didática, pedagogia e pesquisa educacional. As pesquisas mais recentes são no campo da Pedagogia Universitária e Docência no Ensino Superior. É Pesquisador 1 A CNPq. (Texto informado pelo autor)

 

Com objetivo de compreender o conceito de Estágio e Docência, envolvendo um olhar  mais abrangente, as autoras projetaram e construíram  este conteúdo, com auxilio de vários   escritores  bem conceituados, textos onde discutem e revelam inúmeros  caminhos para as questões de estágio ao se tratar da problemática relacionada  a teoria e a prática, que pode ser questionada na proposta de um estágio  que venha colaborar na formação qualificada  de docentes.  Pimenta inicia a discutir sobre a prática tentando mostrar que o período do estágio não pode ser definido como período em que se trabalha  a prática separado da  parte teórica. De modo que o estágio curricular é uma  atividade teórica de conhecimento, fundamentada no diálogo e de intervenção na realidade, visto que a prática está contextualizada nas aulas, através  do sistema de ensino. Inicialmente a autora cita diferentes concepções, faz a analise de que a teoria e a prática estão intrinsecamente interligadas e que não pode haver “um aglomerado de disciplinas isoladas entre si”, o que reduz ao que ela denomina de saberes disciplinares sem associação da atuação dos profissionais estão em fase de formação. Estágio e docência são compostos por três partes. A primeira apresenta o estágio como campo de conhecimento, visão recente para a pesquisa sobre formação docente no Brasil. A segunda parte da obra analisa o estágio, a formação inicial e a formação continuada dos professores. E, finalmente, a terceira parte apresenta os planos e projetos de estágios em forma de sugestões para os interessados. O livro pretende ser uma colaboração para introduzir de forma definitiva o estágio como um dos complexos componentes que envolvem a formação docente e que deve ser estudado. O livro discute e aponta caminhos – não como uma prescrição – para as questões que norteiam a problemática relação teoria e prática na formação docente. Na primeira parte, é elaborada a trajetória histórica de como o estágio sempre foi identificada nos cursos de formação, como a parte prática apenas, reforçando, deste modo, a visão dicotômica na formação docente entre teoria e prática. As autoras apontam uma alternativa para este enfoque tradicional, sugerindo que a prática de ensino/estágio supervisionado seja vista como uma atividade que possa ser reflexiva e não deva ser separada da teoria e da prática e vice-versa. O livro insere uma novidade no campo de pesquisa sobre formação docente quando coloca o estágio como pesquisa e pesquisa no estágio como novas possibilidades de se ampliar os conhecimentos sobre a formação inicial/acadêmica dos professores no Brasil. Esta abordagem, ou nova abordagem, centra-se na concepção de professor crítico-reflexivo. Desta forma, o estágio não é analisado apenas como um mero componente curricular dos cursos de formação docente. Ainda na primeira parte, no capítulo dois, é dada ênfase ao estágio como componente de grande importância para a construção da identidade profissional do futuro docente. Mais uma vez as autoras ampliam as possibilidades de se “enxergar” o estágio nos cursos de formação docente. No capítulo três da primeira parte, as autoras fazem algumas considerações importantes acerca da legislação de estágio no Brasil. O ponto de partida é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. As autoras, como já citado, vão também enfocar seus esforços nas resoluções CNE/CP no 1/2002 e CNE no 2/2002 sobre a formação de professores da educação básica, em nível superior, do curso de licenciaturas de graduação plena, de formação de professores da educação básica em nível superior. A questão da carga horária dos cursos de formação conforme o artigo 1o da Resolução no 2/2002 do CNE é analisado e atualmente faz parte das discussões dos cursos com aumento das horas destinadas ao estágio supervisionado. O ponto central nesta parte do livro paira sobre o uso da apreciação de confiabilidade adotado pelos instrumentos oficiais em suas resoluções. Isso leva as autoras a acreditar na diminuição do trabalho/atividade docente a um mero desempenho técnico. Sobre o estágio – tema central da obra – as autoras consideram a distribuição das horas dos cursos de formação determinando a quantidade para o estágio, para “horas práticas”, horas de aula e outras atividades acadêmicas. Segundo as mesmas, é uma proposta fragmentária e contribuirá para eternizar a clássica dicotomia entre teoria e prática nos cursos de formação docente. A segunda parte da obra evidencia ao estágio, à gênese inicial e contínua do professor. É realizada uma discussão, nesta parte, de duas possíveis dimensões sobre o estágio: uma para aqueles que ainda não exercem o magistério e outra para aqueles que já são professores. Portanto, uma para percepção inicial e outra para continuada. Esta é outra inovação para as pesquisas sobre o estágio e a formação docente. Em dois capítulos, cada um com um tema: formação inicial e continuada, as autoras assinalam as probabilidades e debatem boas questões que podem permear os estágios para diversos sujeitos. O estágio em ambos os aspectos – inicial e continuado – tem em seu centro de discurso a tese da reflexão da práxis. Trata-se de um ponto complacente na obra e que, segundo as autoras, vai permitir um estágio analítico, avaliativo e crítico que teria desta forma, uma composição acentuada para a formação docente. O estágio é visto pelas autoras como um espaço de convergência de experiências pedagógicas vivenciadas pelos sujeitos ao longo do curso. Como o estágio também é uma atividade complexa, as autoras analisam também a universidade, o estágio e a escola, demonstrando as várias implicações deste processo. A preparação, a interação, o entendimento do interior da escola são temas abordados nesta parte do livro. No final da segunda parte da obra, as autoras trabalham o “estágio nas disciplinas específicas” e contribuições da didática. A chance de se vivenciar a experimento do estágio permite às diferentes áreas de licenciatura compreender como as teorias se encontra realmente na prática, o que poderá acarretar um retorno precioso para se refletir os cursos de formação. As autoras trabalham a Didática na concepção de docente de disciplinas específicas buscando dar enfoque à necessidade de uma postura metodológica reflexiva e investigante desde os formadores e seus educando nas atividades.  Para concluir a segunda parte, não poderia permanecer de fora a sala de aula vista como ambiente de informação e de reflexões pelas autoras. O desígnio desta inserção é refletir ou elevar meditações sobre a sala de aula e suas inúmeras facetas, tais como: “cultura individual”, “cultura coletiva”, a afinidade aluno-professor e professor-aluno, “avaliação” e “experiências vivenciadas”. De tal  forma, seguindo as tendências contemporâneos dos estudos  sobre a formação docente e/ou saberes docentes, as autoras apresentam espaço para o conhecimento do dia-a-dia da sala de aula e do professor. Daí a seriedade do estágio, pois a sala de aula pode se tornar um local produtivo de apreciações intercâmbio de conhecimentos, técnicas inovadoras ou conservadoras, mas, acima de tudo, vai adequar aos estagiários períodos de crítica da teoria e da prática.

 A terceira e última parte do livro trabalha com “planos e projetos de estágios”. Essa parte mais uma vez proporciona um alerta e considerações sobre o valor do estágio no método de formação do docente. Não se versa de uma imposição de planos mais perfeito e projetos aprimores a serem adotados, mas de trocas de conhecimentos que foram e estão sendo desempenhadas. O planejamento é aceito pelas autoras – o que é partilhado por outros pensadores da educação – como um direito que tem o professor, como autor, sujeito do método de ensino-aprendizagem, de desempenhar sua autonomia ao atingir a idealização de trabalho. Esta análise que vai de encontro às diferentes políticas públicas praticadas nos derradeiros anos que buscam esvaziar o professor de seus direitos e lhe estabelecem compromisso burocráticos, projetos importados/financiados pelas agências internacionais que dizem financiar projetos “educacionais” para avanço da educação. É nesta parte da obra ao mesmo tempo em que se proporcionam distintas possibilidades de realizar, projetar, pensar sobre os planos e projetos de estágio. Mais uma vez, sustentando a coerência com a visão reflexiva da ação-na-ação e do professor reflexivo, as autoras se recomendam uma obra igualmente que proporcione reflexões. Esta parte do livro está baseada em textos e testemunhos de professores orientadores e alunos que fizeram o estágio e apresenta alguns frutos das aprendizagens ocorridas. Uma parte importante, e que é pouco procurada na tradição acadêmica no Brasil, é a de ouvir os alunos. Dar voz ao aluno. Esta troca riquíssima de experiência pode vir a nortear os próximos projetos, a organização da própria disciplina Prática de Ensino e Estágio Supervisionado e proporcionar idéias para as aulas na universidade/faculdade. Nesta seção, são assinaladas determinadas das observações dos alunos para futuras reflexões. As autoras ainda discorrem com os professores nas universidades e lhes recomendam diferentes assuntos sobre seu trabalho. Determinados testemunhos são apresentados e refletidos e nos permitem trocas de experiências. São também temas de reflexão, nesta parte, os lugares para a concretização do estágio, a inquietação com o estágio em si e com os estagiários, com o tempo e o espaço, com as aprendizagens e com a viabilidade do que foi planejado. Isso é sucessivamente transcorrido pela ansiedade de se ter um momento/processo formativo dos alunos que possa revelar a obrigação com a formação de um professor “crítico-reflexivo”. Nessa seção, há um item importante que contribui, além disso, mais com formação reflexiva destacada no livro, uma parte que trata das “experiências, sabedoria de professores de estágio”, o que enriquece o trabalho e nos revela a ensejo de saber o que refletem o que sabem o que debate o professor de estágio de outras paragens. Outro ponto de evidência é a avaliação do estágio, que corrobora a experiência de múltiplos “modelos” /formas de avaliar o estágio em voga. O método mais visível foi o da inquietação com os processos, metodologias sucessivos, relatórios parciais e finais. Os professores tutores atestam que o estágio é uma chance de formação tanto para o orientador como para o orientando. São também apontados alguns resultados conseguidos pelos formandos e que, segundo as autoras, decorrem pelo “desenvolvimento das habilidades de reflexão e de leitura crítica, aprendizagem da prática pedagógica no cotidiano e mobilização e integração de estagiários”. A última parte da obra vem permitir aos acadêmicos, professores, orientadores de estágio e preocupados em analisar os alvos do próprio estágio. Segundo as autoras, esta possibilidade nova – o projeto – poderá tranqüilamente ampliar modos e capacidades nos estagiários com vistas a uma melhor gênese. Segundo as autoras, a idéia do projeto para e no estágio está vinculada a dois pontos fundamentais: “a questão educativa” e o “trabalho conjunto”, pois, segundo as mesmas, alcançar os estágios na perspectiva de projetos supõe pacto de conseguir agilidades que sejam para os alunos/estagiários e também para a/as escola/as que os abrigam, expressivas, e no grau em que o projeto submerge os estagiários, o trabalho contíguo se oferecerá como oportunidade de crescimento, formação e troca de experiências. O estágio curricular supervisionado, para grande maioria, é visto como bom emprego das teorias estudadas no proceder da graduação. Mas se ponderarmos que a intenção do estágio é permitir ao aluno uma justaposição com a realidade escolar que ele irá atuar, este ”se afasta da concepção até então corrente, de que seria a parte prática do curso”.  As autoras citam que  “a prática não fala por si mesma”. Estabelece uma afinidade teórica com ela. A prática não existe sem o menor de elemento teórico. Ou “seja, teoria e prática são indissociáveis como práxis”. “Referem que o estágio carece ser um período de fusão dos conteúdos, das disciplinas de ensino, das doutrinas de aprendizagem e das experiências individuais, bem como deve constituir-se em uma técnica de reflexão-ação-reflexão. Assim sendo, no tempo do estágio curricular supervisionado o estagiário deve abrir mão de todo o seu conhecimento, associando sucessivamente a teoria com a prática, fazendo como diz a autora um artifício de reflexão-ação-reflexão.  Enfim, o Estágio e docência é um ótimo livro para todos os que se ingressam nos estágios como metodologia formadora de docente e também para aqueles que são interessados pela temática. Em presença da pequena bibliografia a este respeito, torna-se a leitura imprescindível para dar espaço a esta nova visão que procura ir além de a habitual dicotomia em meio à teoria e prática na formação professor. O estágio curricular supervisionado pode ser visto como um extraordinário componente na formação do professor, este nos ocasiona subsídios admiráveis para a prática do futuro profissional. É no período do estágio supervisionado que vai se tornar aceitável, para o estagiário, empregar os conhecimentos teóricos na prática, sucessivamente buscando fazer uma reflexão posteriormente cada aula, em busca de melhoramentos e transformações ao longo desta temporada. O estágio não é o “lócus” da formação professor, mas é um tempo especial em que os estagiários se observam os professores, aonde principiam a compor seus ideários e conceitos a respeito da ocupação, ou seja, do início a formação de sua identidade profissional. Conseqüentemente, de acordo com os faculta ponderar que o estágio supervisionado ajusta a uma experiência singular e igualmente proporciona ampla importância e significado na constituição docente.