No Artigo QUALIDADE E PESQUISA NA UNIVERSIDADE de autoria de Pedro Demo, publicada na Revista Brasileira de Docência, Ensino e Pesquisa em Administração em Maio/2009, o autor apresenta uma crítica à atuação da Universidade contemporânea, revelando sua insatisfação com o que ele chama de “subalternidade do conhecimento meramente copiado”. No texto o autor utilizou pesquisa bibliográfica predominantemente analítica, onde pautou sua crítica e fortaleceu seu argumento de que deveria ser a universidade, com suas palavras, “o lugar privilegiado da construção do conhecimento e referência inequívoca da aprendizagem reconstrutiva política, o fator decisivo da oportunidade de desenvolvimento”, complementando que isso a tornaria insubstituível.

O artigo foi dividido em cinco capítulos. No primeiro capítulo faz uma introdução com um breve argumento filosófico sobre o papel da universidade e como tem sido afetada por transformar-se em “centro de treinamento de recursos humanos destinado a satisfazer o ego da classe média e alta em termos de acesso a um diploma”. Nesse parágrafo o autor explora a argumentação panorâmica do papel social da universidade como construtora de cidadania, afirmando, ser este o seu primordial papel e fito de sua existência.

No segundo capitulo o autor aborda a relevância da construção do conhecimento, trazendo à lume a necessidade do desenvolvimento humano sustentado, o que passa pelo manejo e construção do conhecimento, rejeitando o atual modelo de reprodução de copias do conhecimento alheio, afirmando que o conhecimento “carece deter qualidade formal e política, para que sua competência científica sirva a sociedade”. No mesmo paragrafo Demo defende por qualidade formal a metodologia construtiva e por qualidade política a adequação ética entre meios e fins. No terceiro capítulo o autor trata do papel da pesquisa onde instiga a universidade a “fazer o futuro com competência inovadora” deverá se tornar o lugar privilegiado para construir o conhecimento. No mesmo capitulo o autor também discorre sobre habilidades construtivas, considerando, capacidade de pesquisa, elaboração própria e coletiva, teorização das práticas, atualização permanente, produção e uso de instrumentos eletrônicos para facilitar a transmissão socializada de conhecimento e ganhar tempo para construir, defendendo a pesquisa, como um princípio educativo. Demo ainda discorre sobre o afrouxamento das exigências para obtenção de títulos, como teses mais modestas, encurtamento de tempo de estudo, dentre outros artifícios, alertando a construção de professores “instrucionistas” que serão apenas “manejadores” do conhecimento mas não lhe imprime sentido aliado ao bem comum.

No quarto capítulo Pedro Demo trata a qualidade na universidade e inicia o capitulo com a seguinte assertiva: “Qualidade é a competência de fazer história humana e de humanizar a realidade”, mas foca, primordialmente nas qualidades formal e política e seus desafios substanciais, sendo incisivo na necessidade de constante reconstrução e apresenta crítica ao desempenho tanto do professor quanto do aluno, utilizando a expressão “coisa pobre para o pobre” alegando que não podemos seguir o modelo americano, sob pena de apresentarmos as mesmas falhas daquele modelo (rebaixar o aluno a objeto de ensino e  aprendizagem,  enquanto  educação  forma  sujeitos  competentes  críticos  e criativos), dizendo que os componentes essenciais da universidade devem a conduzir a qualidade das prerrogativas humanizantes.

O autor conclui o artigo discorrendo sobre os desafios da pós graduação em educação onde ataca que os referidos cursos, à revelia de serem exemplares ou até modelares, são, ao seu ver, “pouco educativos” e faz duras críticas onde os nivela por baixo, não obstante recomenda que os professores procurem cursos de educação para neles exercitarem a oportunidade de galgar ao nível de educador, para além de manejar conhecimento.

Em que pese a pertinente discussão da necessidade da atuação da universidade na pesquisa, há que se admitir que o autor ignora aspectos históricos do ensino superior no Brasil e, embora fazendo referências às dificuldades que grassam a população de alunos que não dispõem de tempo e recursos para cursarem adequadamente a universidade, podendo dedicar-se integralmente a pesquisa. O texto parece querer transferir ao ensino superior caráter elitista e inacessível a quem dele necessita para a transformação profissional do indivíduo que não goza de privilégios financeiros e que não dispõe de tempo para dedicação exclusiva à academia.

Levi Lima de Oliveira

Economista (CORECON/PA 3552)

Aluno do Curso de Pós Graduação e Docência do Ensino Superior – ITPAC/FAHESA – Faculdade de Ciências Humanas, Econômicas e da Saúde de Araguaína.